O Pêndulo e o Tempo
Por José Antônio Moraes de Oliveira
"É perigoso viajar ao passado."
Umberto Eco.
O físico e astrônomo francês Léon Foucault se tornou famoso por ter comprovado o movimento de rotação da Terra. Em 1851, ele suspendeu um longo e pesado pêndulo no Panthéon de Paris e atropelou o pensamento científico da época. Seu experimento, conhecido como o Pêndulo de Foucault, mudou conceitos e foi tema de um dos livros mais complexos e intrigantes de Umberto Eco.
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Em O Pêndulo de Foucault, o escritor e semiólogo italiano diz que não devemos questionar o que um livro diz, mas sim o que ele significa. E invoca o Eclesiastes, para afirmar o equilíbrio entre o passado e o presente:
"Deus fez tanto um quanto o outro para
evitar que o homem descubra seu futuro."
Não é livro de leitura fácil ou superficial. Com Umberto Eco, é sempre preciso paciência e atenção a personagens e diálogos, que quase sempre não são o que parecem ser ou dizer. Ele tem por hábito retornar a ambientes atemporais. O Nome da Rosa acontece em um mosteiro nos Alpes italianos, onde uma biblioteca enclausurada guarda manuscritos medievais proibidos pela Igreja. Enquanto os personagens se debatem entre conflitos de fé e doutrina, somos entretidos por um trama sherloquiano de quem-matou-quem?
Em O Pêndulo? as questões são o avanço da High-Tech, as angústias do fim do milênio e uma investigação de obscuros enigmas passados. Acompanhamos os pesquisadores Belbo, Diotallevi e Casaubon chegando ao Convento dos Cavaleiros de Cristo, no interior de Portugal. Tomar é um imenso castelo-fortaleza, fundado pelos templários e que replica o Templo de Salomão em Jerusalém. Segundo lendas ancestrais, ali estão enterrados tesouros e segredos com poderes capazes de mudar o mundo.
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A edição original de 1988 de O Pêndulo? era dividida em dez capítulos, no formato dos manuscritos judaicos, com citações a alquimia, cabala e esoterismo. Ao final, Umberto Eco nos agracia com uma profecia, próprio de um devotado amante de livros e bibliotecas:
"Quem não lê livros, ao chegar aos 70 anos
terá vivido apenas uma vida.
Quem lê livros terá vivido 5 mil anos."
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