Os males das redes

Por Renato Dornelles

O tema desta coluna decorre de um fato ocorrido comigo há 10 dias, mas que já se tornou corriqueiro. A partir de uma brincadeira, nada ofensiva, em torno da rivalidade no futebol, postada em um dos meus perfis em redes sociais, recebi uma enxurrada de reações. Felizmente, a maioria delas foi positiva. Concordando ou discordando com argumentos e muito respeito. 

De outra parte, houve comentários agressivos, exagerados, enfim, radicais, como o muito do que se tem visto nestes tempos de polarização no país. A brincadeira, que não atacava ninguém, e além disso descrevia a pura realidade, foi levada à ponta de faca por pessoas que reagiram como se tivessem sido atacadas.  

Com cada vez com mais adeptos e com uma variedade maior, as redes sociais já há algum tempo tornaram-se fenômenos no mundo inteiro. Entre as grandes vantagens criadas a partir delas está a comunicação instantânea que oferecem. Por meio delas, é possível compartilhar informações e notícias muito rapidamente e acompanhar acontecimentos em tempo real.

Por outro lado, facilitam a divulgação e propagação de fake news. Individualmente, de acordo com especialistas, o uso de redes sociais, incluindo os aplicativos de mensagens instantâneas, pode chegar a criar sérias dependências e, como consequências, ansiedade, depressão, irritabilidade, isolamento, distanciamento da vida real e das relações familiares, perda de controle, entre outros fatores.

Essas consequências se agravam em situações polarizadas em que as pessoas tratam como inimigos todos os que pensam e se manifestam de forma contrária às suas convicções. Um dos maiores males das redes sociais é que, em vez de fortalecerem a democracia, muitas vezes são usadas contra ela. Afinal, muita gente as acessa com a expectativa de encontrar apenas o que quer ler, não admitindo qualquer contraditório ou visão diferente.     

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

Comentários