Previsões sobre a Meta para 2023

Por Paula Beckenkamp

A Meta, de Mark Zuckerberg, está sempre nas notícias e análises de mercado de diversos segmentos de produtos e serviços - seja pelo lado bom, seja pelo lado ruim.

Essa semana, anunciou o lançamento de um concorrente de peso para o ChatGPT, o LLaMA. Segundo o CEO, a inteligência artificial (IA) utilizada no LLaMA "se mostrou muito promissora na geração de textos, conversas, resumos de materiais e tarefas mais complicadas, como a solução de teoremas matemáticos ou a previsão de estruturar de proteínas". 

Seu uso está direcionado ao apoio a pesquisadores de IA. Por enquanto, a Meta não está utilizando o LLaMA em suas empresas, o que, certamente, não deve durar muito. Afinal, essa bigtech é totalmente dependente da inteligência artificial, podendo ser citados, como exemplo, a moderação de conteúdo e o ranqueamento do que aparece no feed dos usuários das suas redes sociais.

Mas quais seriam as previsões para a Meta, em 2023?

Segundo Scott Galloway, um dos gurus do Vale do Silício, que costuma fazer um famoso balanço a respeito das principais empresas mundiais, aos finais de ano, a Meta foi "o grande fracasso tecnológico de 2022". Tanto que suas ações recuaram 75% no ano passado.

A partir dessa conclusão, a previsão para esse ano é de que a Meta demitirá cerca de 25 mil funcionários, como já vem fazendo, para que consiga recuperar seu crescimento ou, em um cenário mais realista, apenas para que seja capaz de manter sua margem operacional.

E quais seriam os motivos que levaram a esse fracasso, em 2022, capazes de impactar os negócios da bigtech em 2023?

Basicamente, são dois:

1) O primeiro deles foi apontado pelo próprio Galloway: o fracasso no lançamento do caríssimo Metaverso. E o lançamento do LLaMA, logo no início de 2023, dá claros indícios de que a companhia precisa desviar o foco desse desastre e focar no assunto que está movimentando o mundo atualmente: o ChatGPT.

2) O segundo, sem sombra de dúvidas, relaciona-se diretamente às inúmeras penalidades sofridas pela Meta nos últimos anos por violar as leis de privacidade e proteção de dados mundiais. Ela esteve envolvida nos maiores escândalos e vazamentos já ocorridos.

Vou me estender na análise desse segundo motivo.

A Meta vem acumulando condenações pesadas por desrespeitar as legislações mundiais de privacidade e proteção de dados pessoais, em todos os países em que atua. 

E, verdade seja dita: tão destruidoras quanto as multas que pesam no bolso de Zuckerberg, são as condutas que a levaram aos julgamentos e condenações: a exposição de dados de menores, vazamento e venda dos dados pessoais de seus usuários, invasão de privacidade e manipulação/direcionamento para o consumo de produtos e serviços. Aliás, é importante ressaltar que somos um dos países que mais utiliza os aplicativos da Meta e, por consequência, o povo que está mais exposto aos vazamentos e manipulações comuns nas redes sociais.

Com esse comportamento reiterado, a postura da Meta repercute muito mal no mercado mundial, o que leva a um outro grande problema enfrentado há anos pela companhia: a perda de credibilidade e de reputação, o que faz despencar o valor das suas ações na bolsa de valores.

O que podemos, então, aprender com as condutas mercadológicas e estratégicas utilizadas pela Meta, quando o assunto é proteção de dados pessoais?

Primeiro, devemos ter, como premissa básica, o respeito às leis mundiais de privacidade e proteção de dados: implemente, no mínimo, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em sua empresa.

Segundo, recomenda-se a contratação de um excelente DPO (Data Protection Officer), preferencialmente terceirizado, para que sua empresa permaneça adequada às leis e minimize os diversos danos decorrentes do cumprimento nem sempre adequado dessas normas. Já que se trata de uma função obrigatória, prevista na LGPD, faça da melhor maneira.

Por fim: não siga o "estilo Meta" ao aplicar as políticas de proteção de dados em sua empresa.

Ajudem a formatar essa coluna semanal, enviem suas perguntas, dúvidas e sugestões de tema. Assim, poderemos oferecer o melhor e mais adequado conteúdo para vocês!

Até semana que vem.

Autor
Advogada, sócia do escritório Beckenkamp Soluções Jurídicas, tem mais de 22 anos de experiência profissional e passagem pelo Poder Judiciário e Ministério Público Estaduais. É Data Protection Officer - DPO, especialista em Direito Digital e Proteção de Dados (GDPR LGPD), com certificação internacional pela EXIN. É professora e palestrante. Membro da Comissão Especial de Proteção de Dados e Privacidade da OAB/RS, do Comitê Jurídico da ANPPD, do Núcleo de Privacidade e Proteção de Dados da Associação Comercial de Porto Alegre e do INPPD. É uma das Speakers do seleto grupo de profissionais da AAA Inovação. Cofundadora da empresa DPO4business, também é especialista em Contratos e Registro de Marcas, atuando no ramo empresarial com consultoria e assessoria. É especialista em Holding Familiar e Rural, atuando na inteligência tributária e proteção patrimonial. E-mail para contato: [email protected]

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