Profano e sagrado

Não vou mentir. A idéia não foi minha, mas de Luciano Alabarse, diretor de teatro. Ele está fazendo uma montagem de Édipo, tragédia grega. …

Não vou mentir. A idéia não foi minha, mas de Luciano Alabarse, diretor de teatro. Ele está fazendo uma montagem de Édipo, tragédia grega. Nesta nova montagem de Édipo, a trilha sonora é toda dos Rolling Stones. Conforme ele mesmo relata, isto se deve ao fato de ele estar estudando os deuses gregos e (possivelmente pela complexidade do estudo, imagino eu) de repente os chamou de diabos. Neste momento, apareceu para ele a imagem de Mick Jagger. Ele resume: "Ele é como Édipo, ao mesmo tempo profano e sagrado".


O que é profano e sagrado nos nossos dias, hoje? Tudo que parecia sagrado hoje parece profano: escândalos nas relações humanas (pai austríaco que teve filhos da própria filha, menina jogada pela janela em SP pelo pai); escândalos nas instituições (peguemos o caso do Detran-RS, casos de pedofilia na Igreja Católica). Vice-versa: sucesso de rappers, bailes funk, etc. É o profano se tornando sagrado.


E nos negócios? Como é possível que nos movimentemos ainda hoje diante de novos e oscilantes paradigmas? Pois bem. Eu entendo que, apesar de inúmeros casos de corrupção, falcatruas, etc, a saída é manter-se sempre dentro da ética. E não é porque eu seja só uma pessoa correta. É porque vai ser o que vai dar mais certo.


Outro dia ainda ouvia uma especialista ambiental falando que os ecochatos já não são vistos como tão malucos assim. Talvez o "maluco"-mor dos Pampas, José Lutzenberger, esteja dando boas risadas lá do céu. Pois eu entendo que será através da questão ambiental, de degradação, poluição, aquecimento global, etc, que resgataremos a ética. Vejam a importância do recado: agindo com consciência ambiental (e possivelmente somente através dela) conseguiremos manter a Terra minimamente habitável, para nós e para as futuras gerações. Claro que não se pode ter uma visão romântica de que todos os cidadãos passarão a ser éticos e corretos. Mas aqueles que não o são encontram-se agora diante de um paradigma: terão que agir de forma mais correta, sob pena de sucumbirem juntos. Vamos ver de que forma a humanidade fará a leitura do recado.

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