Quem quer ganhar o Gre-Nal?

Por Rafael Cechin

O primeiro clássico de 2025 está, como sempre, cheio de expectativas. Nos dois lados há dúvidas que apareceram nos primeiros desafios da temporada e que podem ser respondidas, ou não, quando a bola rolar. No sábado (8) a Arena vai ser pequena para tamanha apreensão.

A discussão foi iniciada pelo talentoso CCD, o César Cidade Dias, na Gaúcha, em GZH e em seus canais próprios. Diz o comentarista identificado com o tricolor que o "Grêmio não pode ganhar o Gre-Nal". O argumento usado é de que o técnico Gustavo Quinteros ficaria muito visado por clubes do país que estão sem treinador. 

Até concordo com ele, mas acho que a questão é outra, que vale também para o Inter: até que ponto uma vitória diante do maior adversário nesta fase da temporada pode mascarar problemas que não apareceram contra times mais fracos? Já vimos em outros anos que a nossa, por vezes insana, rivalidade vira uma espécie de campeonato à parte. E não tem feito bem para ninguém.

Por incrível que pareça, pois faz poucas semanas não tinha sequer treinador, o Grêmio é o mais confiável no momento. Com Quinteros reencontrou o bom futebol. Dinâmico, com triangulações, movimentação, pressão sobre o adversário, tudo o que a modernidade sugere como o melhor para alcançar as conquistas no esporte.

Num esquema que dá certo, os jogadores passam a se destacar. Monsalve puxou a fila e se tornou o queridinho da imprensa e da torcida nas últimas semanas. Na partida contra o São Luiz, exatamente uma semana antes do clássico, Cristaldo deu as caras. Brilhou, confirmou sua titularidade e o melhor: sem tirar o brilho de Monsalve, que também foi bem. Edenilson melhorou, Braithwaite está embalando junto com a equipe, Cuellar é diferenciado, a defesa não é vazada ou toma sustos.

O Inter virou uma incógnita. Não falta potencial para os jogadores darem certo, sobra qualidade e a base que encerrou 2024 em alta foi mantida. O problema é que o ritmo parece ter diminuído, a intensidade não é a mesma e há uma imensa dificuldade para furar retrancas. A falta de efetividade na frente causa desconfiança nos torcedores que são desconfiados pelas frustrações recentes. A pressão só aumenta.

Roger até conseguiu estancar as falhas na defesa. Os desfalques na zaga e na lateral ainda pesam obviamente. O que não pode é Alan Patrick, Borré, Wesley e Valencia darem um resultado tão inconsistente como nas primeiras partidas da atual temporada. O recém chegado Carbonero não pode, ainda ser a salvação. No Gre-Nal todos eles terão chance de mostrar que podem mais, pela primeira vez no ano. Sem esquecer que a vitória não pode criar a impressão de que está tudo certo nos lados do Beira-Rio. Tem muito a ajustar, especialmente pensando em Brasileirão e Libertadores.

Que o clássico seja bem disputado, leal e sem confusões e que não seja uma forma de criar falsas ilusões em quem ganhar. Os 90 minutos do jogaço na Arena serão mais um capítulo de uma baita história. Mas, por outro lado, não passa de um jogo de início de Gauchão. Vale bem menos do que os desafios que virão pela frente até dezembro. Tenha sempre isso em mente.

Autor
Jornalista graduado e pós-graduado em gestão estratégica de negócios. Atua há mais de 25 anos no mercado de comunicação, com passagem por duas décadas pelo Grupo RBS, onde ocupou diversas funções na reportagem, produção e apresentação, se tornando gestor de processos e pessoas. Comandou o esporte de GZH, Rádio Gaúcha, ZH e Diário Gaúcho até 2020, quando passou a se dedicar à própria empresa de consultoria. Ocupou também, do início de 2022 ao final de 2023, o cargo de Diretor Executivo de Comunicação no Sport Club Internacional. Atualmente mantém a própria empresa, na qual desde 2021 é sócio da Coletiva,rádio, e é Gerente de jornalismo e esporte da Rádio Guaíba.

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