Regular em defesa da democracia

Por Renato Dornelles

Acirra-se cada vez mais no país o debate em torno da regulação das redes sociais. Ainda mais agora, com o embate entre o Supremo Tribunal Federal, representado pelo ministro Alexandre Moraes, e o bilionário Elon Musk, dono do X, ex-Twitter, além da tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei da regulação das redes.

Já ouvi de diversas pessoas que a regulação das redes seria uma espécie de censura e um ataque à democracia. É um discurso que vem sendo disseminado pelas redes. Vejo justamente o contrário: uma defesa da democracia e um combate à pregação do ódio e da violência.

As próprias ameaças do bilionário, que evidentemente é contrário à regulação, mostram o quanto a falta de regulamentação atenta contra a democracia. Musk diz que não cumprirá determinações judiciais e que pode reativar contas bloqueadas, desrespeitando ordens judiciais anteriores. Ou seja: o empresário estrangeiro ameaça passar  por cima da Justiça brasileira, aqui no Brasil.

O PL da Regulação das Redes Sociais, já aprovado no Senado e dependendo de aprovação na Câmara, entre outras coisas, prevê que as plataformas poderão ser responsabilizadas por conteúdos criminosos publicados por usuários, se comprovado que a empresa ignorou os riscos; que as empresas devem adotar um protocolo para analisar  riscos relacionados às plataformas e seus algoritmos, abordando, por exemplo, a disseminação de conteúdos contra o Estado Democrático de Direito e publicações de cunho preconceituoso.    

Entendo que ir contra a regulação significa apoiar os perfis que induzem suicídios, ataques a escolas e tantos outros atos criminosos que, infelizmente, têm sido recorrentes no país. Também apoiar discursos de ódio, com conteúdo racista, homofóbico, xenófobo, machista e outros tipos de preconceito. Além do uso político, como em convocações para os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

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