Se

Por Flávio Dutra

Na última coluna do ano, permito-me falar do terceiro turno do Campeonato Brasileiro. É o Turno do Se, uma abstração, mas que serve de consolo para quem tinha grandes expectativas, frustradas pelos resultados de campo, que é o que fica no futebol. Não faltam exemplos.

Os gremistas, lamentando o título perdido para o Palmeiras no photochart, proclamam:

- Ah, se não fosse aquele Grenal. 

- E se não fosse aquele pênalti contra o Corinthians.

- E se não fosse a derrota em casa para o Corinthians.

- Se não tivesse perdido para aquelas nabas do Santos e do Vasco

- Se a gente tivesse só uma vitória mais.

- Se a gente não tomasse tantos gols.

- Se o Caíque tivesse sido escalado antes. 

- E se o Nathan Fernandes tivesse sido escalado antes.

No Inter, o lamento é por ter alcançado, no máximo, a classificação para a Série B da Conmebol

- Ah, se não fosse a derrota no Grenal do primeiro turno.

- Se o Coudet tivesse chegado antes

- Se o Rochet tivesse também chegado antes.

- Se também o Enner tivesse chegado antes.

- Se o Enner não perdesse tantos gols.

- Se não fossem as eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil

- Se não tivesse perdido para aquelas nabas do Cuiabá, Bahia e Coritiba

- Se a gente tivesse um lateral melhor do que aquele?

Agora imaginem quantos SEs os botafoguenses poderiam alegar, depois que o sonho de serem campeões brasileiros virou pesadelo.  

Se nada der certo, estarei de volta no ano que vem. Se tudo der certo, não volto mais: é porque ganhei na Mega-Sena da Virada. Aproveito para desejar a todos boas entradas e as melhores saídas em 2024.

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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