Sejamos radicais

Por Marino Boeira

Precisamos ser radicais.

Radicais em tudo que seja importante para nós.

Radicais na política, radicais no futebol, radicais do amor.

Jamais fazer concessões em nome de alguma coisa, por mais importante que ela seja.

Defender até o fim aquilo em acreditamos, ou até o momento, em que alguém, usando argumentos racionais, nos convença de que estamos errados.

Ser radical não é o mesmo de ser intolerante.

As pessoas têm todo o direito de pensar diferente e podemos conviver com elas tranquilamente, desde que aquilo em que elas acreditam não signifique a nossa morte ou a destruição de uma ideia que nos é muito cara.

Um exemplo: é impossível conviver com fascistas.

Outro exemplo: conviver com pessoas que usem a violência para se impor.

Mais um: conviver com pessoas ignorantes que se orgulham de ser ignorantes.

Mas, por que ser radical? 

Vamos pensar, na política, onde alguns veem no radicalismo um comportamento inadequado. Começamos fazendo uma comparação com uma lei da ciência, a lei universal da gravitação de Newton que diz: "Matéria atrai matéria, na razão direta do produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas".

Essa definição é profundamente radical, o que não impediria que outro cientista formulasse uma definição (o que nos parece hoje impossível) em sentido contrário.

Eu digo que o socialismo (e mais adiante o comunismo) é a forma mais humana e justa da organização de uma sociedade.

Logicamente, eu não posso ter nessa área de conhecimento as mesmas provas das ciências exatas, mas se eu acredito na minha tese, devo defendê-la sem concessões.

Historiadores, sociólogos, e devem ser a maioria, podem pensar de forma diferente. O nipo-americano Francis Fukuyama, por exemplo, diz que a História terminou com o modelo capitalista parlamentarista ocidental.

Eu, modestamente, e outros muito mais sábios e menos modestos, como Istvan Meszaros, Alain Badiou e Slavoj Zizek, dizemos que não, que a História continua e que o futuro é o socialismo ou a barbárie.

Mas, por que não misturar Fukuyama com Meszaros?

Porque um anula ao outro.

Prosaicamente, comparando com o futebol: posso ser torcedor do Internacional e do Grêmio ao mesmo tempo?

Todos que tenham alguma ideia da rivalidade entre os dois clubes sabem que isso é impossível.

Então, já que o assunto que nos diz mais respeito é política, sejamos radicalmente socialistas, sonhando que um dia possamos todos ser comunistas.

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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