Sem anistia para o ódio
Por Renato Dornelles
Que o poder seduz, não é novidade para ninguém. Que muita gente se apega a ele, nas mais variadas instâncias da vida, e faz de tudo para mantê-lo, também é fato conhecido. Mas em se tratando de um país que se diz democrático e pacífico (embora boa parte da sua história mostre o contrário) são mais do que inadmissíveis os acontecimentos que nos últimos anos têm ameaçado a paz interna e o próprio Estado de Direito.
Quem, como eu, foi às ruas insistentemente pela volta da democracia durante o período da ditadura civil-militar (no meu caso, no final dos anos 70 e início dos 80) tem muito a lamentar ao tomar conhecimento de atitudes de afeitos a golpes que, não aceitando a derrota no mais recente pleito presidencial, levaram a violência às ruas.
Só para citarmos alguns exemplos, no dia da diplomação do presidente Lula houve atos violentos em Brasília. Dias depois, três homens foram presos com artefatos explosivos em um caminhão, nas proximidades do aeroporto da Capital federal.
Uma semana após a posse de Lula, houve a selvageria da invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, no episódio que ficou conhecido como 8 de janeiro.
Recentemente, um homem se explodiu na mesma praça e, agora, a Polícia Federal concluiu um inquérito sobre uma tentativa de golpe e, de acordo com a PF, veio à tona um plano para que fossem mortos o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes.
Diferentemente do que alguns pregam, não foram fatos isolados. Por trás, há pregação de ódio, muitas fakes News e acusações sem qualquer prova de fraudes eleitorais. Os responsáveis pela transformação do Brasil em um país terrorista e de parte da população em golpistas devem ser punidos, como forma de controle desta onda. Que não sejam caras de pau em falar em anistia.