Tempo de educação midiática

Por Flávio Dutra

Neste tempo de Inteligência Artificial/IA, que pode manipular imagem e voz de qualquer pessoa, é tempo também de educação midiática. Em ano eleitoral esse processo se faz mais necessário diante das desinformações que ameaçam os eleitores. O TSE já regulamentou o uso da IA para o processo municipal deste ano, incluindo alguns dispositivos controversos, como o que prevê a responsabilização das plataformas digitais e provedores de internet no caso de conteúdos que contenham discursos de ódio ou teor antidemocrático, entre outros.

O objetivo é combater a disseminação de fake news e até um organismo, com o pomposo nome de Centro Integrado de Enfrentamento e Defesa da Democracia (Ciedde), foi criado no âmbito do TSE para fiscalizar e coibir a desinformação no período eleitoral. A iniciativa é prenhe de boas intenções, mas restam sérias dúvidas se será eficaz na sua operação. Diante dos múltiplos agentes atuando nas sombras do mundo digital e mais a evolução permanente das soluções disponíveis para o bem e para o mal, conseguirá o TSE rastrear todos os malfeitos e identificar as fontes dos mesmos?

É hora dos cidadãos se mobilizarem para fazer frente à enxurrada de fake news que o processo eleitoral potencialmente pode produzir. As organizações da sociedade civil devem deixar de ser uma abstração e participarem dos sistemas de alerta, não apenas como denunciantes, mas com ações preventivas e efetivas.

A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) vai fazer sua parte. Lançará no dia 16 uma campanha educativa para se somar às iniciativas dos órgãos públicos. A entidade acolheu, de imediato e sem restrições uma proposta do seu conselheiro, o experiente jornalista Armando Burd, para que interviesse no processo contra as informações manipuladas, cumprindo sua missão de promover os valores da boa prática jornalística.

A campanha se presta também para incentivar a educação midiática, que tem como objetivo desenvolver a capacidade das pessoas de identificar diferentes mídias, garantindo que saibam diferenciar quando as informações são confiáveis ou não. Importante acrescentar que a educação midiática não se limita apenas às postagens na internet, mas a todos os veículos de comunicação. Nesse sentido, o chamamento da ARI é para que o cidadão exerça seu direito e seu dever de duvidar do que vê, ouve e lê, e dê preferência e confiabilidade à imprensa desempenhada por profissionais. Deixo mais detalhes para o lançamento do dia 16, ainda dentro do mês em que se celebra o Dia do Profissional Jornalista, ocorrido na data de ontem.

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

Comentários