Um doador, sete vidas salvas

Por Elis Radmann

Estou sempre por aqui descrevendo ou analisando o comportamento da sociedade, a partir de pesquisas de opinião.

Como nunca sabemos o dia de amanhã, hoje espero que você acompanhe meu raciocínio em um tema que poderá salvar a sua vida ou a de um de seus familiares. Estou falando da doação de órgãos.

É um tema que não é muito atraente para um bate papo de família ou para uma conversa entre amigos. Mas é um assunto muito importante e que salva vidas, salva muitas vidas. Um doador pode salvar a vida de 7 a 8 pessoas.

Não é possível termos tanto conhecimento, tanta ciência, tanta tecnologia e as pessoas estarem morrendo por falta de doação de órgãos. Claro que fico me perguntado: o que falta? Onde está a dificuldade?

Como pesquisadora sei que a empatia não é o forte da sociedade, não costumamos nos colocar no lugar do outro. Não é à toa que o dito popular diz que a dor ensina a gemer. Precisamos nos deparar com o problema para prestar atenção em sua importância, para saber o seu valor. E é aí que reside o problema, não damos atenção aos verdadeiros grandes temas que fazem toda a diferença para a humanidade.

A última pesquisa nacional realizada pelo Data Folha em agosto de 2021 indica que sete em cada dez brasileiros gostariam de ser doadores de órgãos ao morrer. Mas, quase metade desses possíveis doadores nunca informaram a família sobre essa vontade. E é esse o principal dilema que tem impedido que mais da metade das vítimas de mortes encefálicas não consigam salvar outras tantas vidas. 

A pesquisa indica que quando somos jovens, nos preocupamos mais com o tema. Conforme vamos envelhecendo, diminui a nossa intenção em doar. A escolaridade também faz diferença, quanto maior o nível de informação, maior a tendência de ser um doador.

Se você se encaixa entre os sete de cada dez que têm intenção de doar, pode ser que o destino te faça salvar sete outras vidas. Preste atenção nos sinais de nossa existência, que é tão curta nesse mundo. Pare e olhe as principais campanhas de doação de órgãos e trate do assunto com a sua família. 

Fiz isso nesse último final de semana e, caso eu fique em algumas das curvas das estradas por onde ando, desejo que meus órgãos sejam doados, caso isso seja possível.

Entre no site da campanha "Doar é Legal" (doarelegal.tjrs.jus.br/) e registre a sua vontade de ser um doador. Esse projeto destina-se a conscientizar a sociedade sobre a importância de doar órgãos. Consiste na emissão de uma certidão de intenção (sem valor jurídico) que atesta a vontade em se tornar um doador de órgãos, servindo sobretudo para que familiares fiquem cientes da intenção de ser doador. Você pode gerar a certidão e enviar por e-mail para as pessoas que ama.

A adesão à campanha pode ser feita pelo site do TJRS. Basta preencher um formulário virtual e, após a confirmação, a certidão será gerada. Esse projeto é coordenado nacionalmente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), executado pelo TJRS e conta com o apoio da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), do Hemocentro da Secretaria da Saúde do Estado do RS.

Ser um doador é pensar no outro e saber que parte de você ajudou outro ser humano a seguir a sua jornada. Pense nisso!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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