Um Gauchão que vale mais
Por Rafael Cechin

Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil tornaram-se os principais alvos de títulos na cultura do futebol gaúcho. Renegado a prêmio de consolação, o Gauchão virou até motivo de piada nos últimos anos. Em 2025 a realidade será diferente. A busca do Grêmio por um recorde e a seca do Inter fazem com o que campeonato regional volte a valer bastante. Espere, portanto, uma disputa quente daqui até o fim de março.
É bom lembrar que desde 2018 a dupla Gre-Nal não ganha taças fora do Estado. A conquista tricolor na Recopa Sul-Americana foi a última antes do intervalo, que já havia sido grande entre 2011 e 2016, período em que também ficamos sem títulos nacionais ou continentais. O jejum de títulos só aumenta, não há muita perspectiva de terminar e as torcidas são castigadas.
O Gauchão é o alcançavel pelos nossos dois principais clubes. Os gremistas celebram há sete anos seguidos e querem atingir a sua maior sequência na história, empatando com o octa colorado nas décadas de 1960 e 1970. Um vai buscar o recorde, o outro quer evitar o feito do rival e ainda retomar o caminho das vitórias. É o que faz o Gauchão deste ano talvez ser o maior das últimas décadas.
A competição tem crescido de alguns anos para cá. Em função da profissionalização implantada pelo presidente Luciano Hocsman à frente da Federação Gaúcha, antecedido por um cuidado maior com o interior nos mandatos de Noveletto, faz com que tenhamos nove dos 12 participantes em alguma série do Brasileirão. São os três da A, Caxias e Ypiranga na C, Brasil de Pelotas, Guarany de Bagé, São Luiz e São José na Série D.
O campeonato também traz de volta o clássico Bra-Pel, apresenta o Monsoon como uma novidade, mantém forças distantes da capital como Ypiranga e São Luiz, tem a dupla Ca-Ju sempre forte. Uma nova fórmula, que deve ficar menos arrastada. Será um ano, sem dúvida, histórico. Como há tempos não se via. Todo mundo ganha.
O Grêmio vai se reinventar na luta pelo octa. Com Gustavo Quinteros as heranças de Renato podem começar a ser eliminadas. Depois de uma mudança de fotografia, vem aí tentativas de uma equipe mais dinâmica, intensa, pressionando os adversários no ataque, atuando muito pelas pontas, com movimentação de todos. Claro que existe o risco de os fracassos mudarem as convicções do momento. Uma eventual perda do regional, por exemplo, pode fazer com que o técnico não resista no cargo.
Se o lado azul a transformação foi necessária, no vermelho a manutenção é a palavra chave do começo da temporada. A base titular de Roger, que fez boa campanha ao final de 2024, por enquanto permanece no Beira-Rio. Notícias que dão esperança para uma torcida que está muito carente de alegrias, cheia de decepções e desconfianças nos últimos anos.
A bola vai voltar a rolar. E a pergunta que faremos em 2025 segue a mesma de sempre (e que inspirou essa coluna): quem vai terminar na parte de cima da gangorra? O Gauchão é o primeiro desafio para chegar à resposta.