Uma luz bem lá no final do túnel
Por Márcia Martins
É inegável que muito já avançamos, no contexto mundial, para a participação efetiva, justa e digna das mulheres em todas as áreas da sociedade. Mas, apesar destes progressos, ainda que em estágios inferiores aos defendidos pelos movimentos feministas, o ritmo é lento. No caso da política, por exemplo, existe uma luz bem lá no final do túnel, quase um medicamento em gotas para que não se perca a esperança definitivamente. Atualmente, as mulheres ocupam um em cada quatro assentos parlamentares no mundo. Assim, as projeções, mais otimistas, indicam que a paridade de gênero na política só chegará em 2063.
Os dados são do levantamento da ONU Mulheres e do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Ecosoc), divulgados no dia 16 deste mês. E revela, entre tantas outras informações, que entre 2019 e 2023 foram promulgadas 56 reformas legais em todo o mundo com o objetivo de combater a desigualdade de gênero e redução de mulheres na pobreza. Ao analisar o relatório, a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, disse que "o progresso é alcançável, mas não é suficientemente rápido".
Sima reforçou que é preciso união para "continuar a desmantelar as barreiras que as mulheres e meninas enfrentam e construir um futuro onde a igualdade de gênero não seja apenas uma aspiração, mas uma realidade". Aliás, o desejo da diretora da ONU, tem sido a tônica dos movimentos feministas em todos os cantos do planeta. Que as mulheres não sejam discriminadas, que ganhem salários iguais aos homens ao exercerem as mesmas funções, que tenham poder decisório sobre seus corpos, que suas vozes sejam ouvidas e que não seja preciso elevar o tom para serem respeitadas.
Quando se retoma o tema da igualdade de gênero, invariavelmente alguém - na maioria dos casos um macho alfa respaldado pelas sociedades patriarcais - vem com aquele papo de que é mais um "mimimi" de mulher recalcada, papo chato de feminista radical e outros chavões bem machistas. Mas, pelas informações da ONU, cada vez mais é urgente a luta pela igualdade de gênero. Para que a luz, em intensidade fraca e bem lá no fim, mas bem no fim do túnel mesmo, um dia possa ser finalmente vista. E que a igualdade de gênero seja, enfim, uma realidade.