Viva o 20 de Novembro, dia de reflexão

Por Renato Dornelles

Pela primeira vez, o Brasil celebra um feriado relativo a um herói negro. Apesar da resistência de alguns, como o prefeito do município gaúcho Dilermando Aguiar que, desprezando a importância da data e das reflexões sobre o que foi o processo de escravidão e o racismo no país, decidiu "empurrar" o feriado para 23 de dezembro.

O que algumas pessoas não reconhecem é que o Brasil, no pior período de sua história, passou pelo mais longo processo de escravidão das Américas, em que escravizados não eram tratados como seres humanos, sofrendo com cargas de trabalho que chegavam a 16 horas diárias e com castigos cruéis.

Deste período de quase 400 anos, decorrem muitos problemas que resultaram na desigualdade atual: os negros escravizados foram libertados sem receberem qualquer indenização ou auxílio para seguirem suas vidas. Com isso, foram empurrados para a miséria das favelas, algo que se reflete nas gerações seguintes.

Pois o 20 de Novembro - data da morte de Zumbi, maior líder da resistência contra a escravidão, em 1695 -, assim como o 8 de Março, Dia da Mulher, ou o 27 de Janeiro, Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, serve para reflexões da sociedade a respeito dos temas escravidão e racismo e para evitar que as injustiças já ocorridas ou as que ainda venham a ocorrer não se perpetuem.

E nunca é demais lembrar que o movimento pelo reconhecimento do 20 de Novembro começou em Porto Alegre, em 1971, com quatro jovens do Grupo Palmares: Oliveira Silveira, Antônio Carlos Cortes, Ilmo da Silva e Vilmar Nunes. 

De quebra, o 20 de Novembro acrescentou um feriado ao período da Feira do Livro de Porto Alegre. Por sinal, o derradeiro dia neste 2024 que foi tão complicado devido à enchente. Aproveite o feriado, reflita e visite a Feira. 

Autor
Jornalista, escritor, roteirista, produtor, sócio-diretor da editora/produtora Falange Produções, é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (1986), com especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá (2021). No Jornalismo, durante 33 anos atuou como repórter, editor e colunista, tendo recebido cerca de 40 prêmios. No Audiovisual, nos últimos 10 anos atuou em funções de codireção, roteiro e produção. Codirigiu e roteirizou os premiados documentários em longa-metragem 'Central - O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil' e 'Olha Pra Elas', e as séries de TV documentais 'Retratos do Cárcere' e 'Violadas e Segregadas'. Na Literatura, é autor dos livros 'Falange Gaúcha', 'A Cor da Esperança' e, em parceria com Tatiana Sager, 'Paz nas Prisões, Guerra nas Ruas'. E-mail para contato: [email protected]

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