Você é cringe demais?

Por Anelise Zanoni

Aposto que, se você tem mais de 30 anos, tentou descobriu esta semana o que é cringe - a palavra mais comentada nos últimos dias. Além de já descobrirmos o que significa, algo como "vergonhoso" ou "vergonha alheia", surgiu uma listinha de coisas que adoramos fazer ou falar e nem sabíamos que estava fora de moda. 

É a nova geração dando voz aos seus julgamentos! Além de evidenciar um choque de gerações, o barulho todo em volta da palavra importada que vai fazer parte do nosso vocabulário causou estranhamento e questionamentos para muita gente.

Como gostar de café da manhã, ouvir rock n'roll, usar sapatilhas e pensar nos boletos pode ser coisa do passado? Foi a principal pergunta que apareceu na frente da tribo cringe, das gerações X e Y, a qual eu me incluo!

Certa vez guardei uma frase linda da cantora Elza Soares, que dizia "Eu não tenho idade, eu tenho tempo" e que levo sempre comigo. Significa que, neste mundo, pouco importa a idade que temos. O que interessa é o tempo que temos e o que fazemos com ele. 

O choque entre gerações é recorrente no mundo em que vivemos. É natural. O que não podemos é achar que os julgamentos são saudáveis. Pouca gente falou sobre, mas acho que julgar algo como cringe nem combina com a Geração Z, que é muito mais antenada com as questões sociais, que levanta a bandeira do amor livre, da aceitação do próprio corpo e dos próprios gostos. 

Talvez, com o tempo, vão perceber que você pode ser cringe e tá tudo bem. Você pode gostar de usar meias com chinelo e tá tudo certo também. E se quiser usar unhas postiças, calça skinny e sapatilhas para tomar seu café da manhã tá ok também. 

No meu ponto de vista, a nova gíria serve para termos mais uma palavra no nosso vocabulário já internacionalizado. Mas não para dizer o quanto você é velho (de idade) e se parece jovem (de aparência ou comportamento). Levanto a bandeira de que cada indivíduo deve ser feliz do jeito que deseja ser, independentemente de seus gostos e hábitos. 

E eu vou continuar sendo uma já quarentona que adora tendências e alguns comportamentos daqueles de 30 ou até de 20 anos. Afinal, igual à Elza Soares, eu não tenho idade, eu tenho tempo!

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

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