Cinco perguntas para Luciano Nagel

Jornalista fala das experiências como repórter e da certeza na escolha da profissão

1.    Quem é você, de onde veio e o que faz?
Sou natural de São Leopoldo, tenho 36 anos e me formei em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em 2006. Durante meus estudos, tranquei a faculdade por dois anos, pois fui morar na Europa - em Portugal e na Inglaterra -, onde tive a oportunidade de trabalhar em um laboratório de fotografia e estudar inglês. Retornei para o Brasil em 2003, para concluir minha faculdade de Jornalismo.
Após formado, fui contratado como produtor-executivo da Rádio Guaíba. Na emissora, tive a oportunidade de trabalhar com os jornalistas Flávio Alcaraz Gomes e Amir Domingues, produzindo os programas Guerrilheiros da Notícia e Agora. Em 2008, fui promovido a repórter, onde sigo meu trabalho até hoje. Um ano depois, fui selecionado como bolsista pela Fundação Heinz-Kühn, da Alemanha, onde tive a oportunidade de estudar alemão no Instituto Goethe, em Bonn, e depois fazer um estágio na emissora internacional de Jornalismo - Deutsche Welle, na Alemanha, por um período de quatro meses.
Atualmente, continuo na Rádio Guaíba, emissora a qual me tem permitido realizar algumas importantes coberturas internacionais, como o terremoto e tsunami ocorridos no Chile, em fevereiro de 2010. Em 2010, tive a oportunidade de participar de um curso de preparação para jornalistas em áreas de conflito, desenvolvido pelo Ministério da Defesa e Exército Brasileiro. Há pouco mais de dois meses, fui convidado pela Deutsche Welle para participar do Global Media Forum - Culture, Education and Media, que ocorreu em Bonn, na Alemanha. Também atuo como freelancer para a Deutsche Welle - DW Radio - Português para África.
Ainda participo de palestras em universidades, como Unisinos, com estudantes de Jornalismo para compartilhar minhas experiências e incentivar os futuros jornalistas sobre a bela profissão escolhida.
2. Como foi a experiência de acompanhar a epidemia de Chagas, na Bolívia?
Foi uma das melhores experiências da minha vida, tanto profissional quanto pessoal. O convite surgiu depois que conheci o trabalho dos Médicos sem Fronteiras, enquanto estava no Haiti, em 2010. Em julho deste ano, surgiu a oportunidade e fui acompanhar o trabalho dos MSF no combate à epidemia de Chagas.
O mal de Chagas é a principal doença parasitária da América Latina, afetando 10 milhões de pessoas a cada ano e provocando a morte de pelo menos 12 mil, segundo dados da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). Fiquei oito dias na Província de Narciso Campero e conheci muitos camponeses que nem sequer sabiam que tinham a doença. Profissionalmente foi muito importante ver de perto o trabalho realizado e a maneira como é realizada a ajuda às comunidades, às vítimas de doenças negligenciadas. Foi impressionante ver a influência desta organização, que chega aos locais mais difíceis, com objetivo de educar, informar, dar o diagnóstico e tratamento.
3. O que todo repórter precisa saber?
Antes de tudo, um bom repórter precisa saber ouvir. Escutar com atenção o que a sua fonte tem a dizer. Um bom repórter precisa saber que seu objetivo não pode ser maior do que sua humildade; que seu imediatismo não pode ser maior que sua paciência. Um bom repórter tem que dominar outros idiomas, senão, fica refém da própria língua. Um repórter precisa saber que um press-release não é a informação dada como toda. Tem que ir muito além daquele texto. Um repórter precisa ser investigativo, senão vira reprodutor de release.
4. O que mais lhe dá prazer na profissão?
É estar no local da notícia, vivendo o fato, sentir e transmitir os acontecimentos, as emoções que as pessoas sentem. Dar voz a quem não tem a oportunidade. Ser uma espécie de interlocutor entre a fonte e o fato. Acredito que o mais importante na vida de um jornalista é "viver a notícia", e esta experiência não adquirimos com a teoria, e sim prática.
5. Quais os planos para os próximos cinco anos?
Seguir trabalhando no radiojornalismo, que é uma das minhas paixões. Além disso, gostaria de continuar me qualificando para, em um futuro próximo, poder entregar meus conhecimentos e experiências aos estudantes de Jornalismo.
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