Cinco perguntas para Rodrigo Nascimento

Repórter do Informativo do Vale, ele acompanhou a Jornada Mundial da Juventude

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?
Bom, meu nome é Rodrigo Nascimento, tenho 34 anos, casado, sou natural de Santa Cruz do Sul. Me formei em Jornalismo pela Unisc, em 2008, e, recentemente, conclui uma pós-graduação em Jornalismo e Meios Digitais na Univates, em Lajeado. Já trabalhei como repórter e cinegrafista de TV, editor de fechamento de jornal impresso e, hoje, sou repórter especial do Jornal O Informativo do Vale de Lajeado. Trabalho com matérias especiais, reportagens e coberturas externas. Também atuo na plataforma online de O Informativo.
2. Como foi a experiência de cobrir a Jornada Mundial da Juventude?
Acredito que, até aqui, nos meus cinco anos de carreira profissional, foi um dos trabalhos mais desafiadores. Sob dois aspectos. O primeiro deles seria estar em locais com muita gente, focado em uma cobertura que realça o local (o grupo de pessoas que eu acompanhei). Tinha medo de não conseguir acompanhar os meus peregrinos. Também o contato com pessoas muito diferentes. Protocolos com a imprensa muito rígidos, afinal, estávamos recebendo um chefe de Estado. O segundo ponto creio ter sido o mais complicado. Narrar em primeira pessoa minha experiência religiosa na JMJ. Aprendemos durante a academia e exercitamos durante toda a vida profissional o distanciamento das fontes. Eu tinha que fazer justamente o contrário: viver a experiência religiosa daquele grupo para assim narrar para os leitores de O Informativo. Acho que consegui. Tive um pouco de medo, mas a resposta dos leitores foi positiva.
Outra experiência ímpar foi o fato de conviver, de passar por situações de risco, como os protestos que ocorreram durante a visita do Papa no Rio. A tensão em Aparecida, um dia antes da missa, logo depois que uma bomba foi encontrada no banheiro. Em alguns momentos, eu tinha a impressão que uma rebelião ia ocorrer. Andava sempre conectado, para tentar dar em primeira mão no Estado, caso o pior se confirmasse. 
3. O que todo repórter precisa saber?
Todo repórter precisa saber não ter preconceito. Não ter medo e muito menos aversão ao público. As regras da faculdade e dos manuais de Jornalismo se esvaziam no "coração" de quem não gosta de gente. De quem não suja os sapatos. Na faculdade, tinha um professor que repetia o "mantra" de que "é preciso sujar os sapatos". Sujar os sapatos vai além de pisar no barro. Sujar os sapatos é viver o universo em que se está inserido como repórter. O advento das tecnologias colocou os repórteres sentados. Hoje, escrevemos de nossas confortáveis redações, com uso de telefone e redes sociais. Mas o sentir, o escutar, experimentar da atmosfera da notícia são aspectos fundamentais para uma boa reportagem. E não só para ela, um texto comum, como a troca de um cano na rua "A", fica diferente quando se toma a água barrenta da família que clama por melhoria, por exemplo. Aquele gosto tempera a notícia.
4. O que mais lhe dá prazer na profissão?
O inusitado. Sair sem roteiro. Viver várias vidas em um único turno. Ter a capacidade de transmitir isso em 20 linhas, um minuto ou 15 segundos na TV, ou em várias páginas. Contar histórias e saber que se está contribuindo para a formação e, quiçá, da mudança de uma vida é gratificante. O Jornalismo tem disso o tempo todo.
5.  Quais são os planos para os próximos cinco anos?
Eu gostaria de retornar à televisão. Acho que o formato TV permite mais liberdade e criatividade. É óbvio que não dá para reinventar a roda, mas dá para fazê-la andar diferente. Penso que um retorno para a tevê seria um plano bom para os próximos cinco anos. Pretendo também investir na comunicação digital. Acredito que esse é o próprio caminho da tevê. Ele também possibilita o uso de diferentes ferramentas, o que me seduz.
No mais, aprender sempre, nunca deixar de ler, pois jornalista que não lê é medíocre. Estou concluindo uma Pós, quem sabe um mestrado, mas não para ir para sala de aula. Acho que tenho muito para fazer na sociedade ainda. A aula deixaria para quando as pernas estiverem mais cansadas e os sapatos impossíveis de serem limpos.
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