No FIC19, coletivo O Esquema traz bate-papo sobre conteúdo pós-redes sociais

Alexandre Matias, Arnaldo Branco, Bruno Natal e Gustavo Mini debateram sobre o tema na 15ª edição do evento

Gustavo Mini, Alexandre Matias, Bruno Natal e Arnaldo Branco - Divulgação/Coletiva.net

Conteúdo pós-redes sociais foi um dos temas abordados nesta 15ª edição do Festival de Interatividade e Comunicação (FIC19). O bate-papo, que aconteceu em um dos auditórios da Unisinos Porto Alegre, nesta segunda-feira, 28, contou com a presença do coletivo de blogs O Esquema, por meio dos integrantes Alexandre Matias, do Trabalho Sujo; Arnaldo Branco, do Mau Humor; Bruno Natal, do URBe; e Gustavo Mini, do Conector. "O que começou como brincadeira tomou proporções bem maiores", disse Mini, ao dar início à conversa. Ele ainda salientou que o fim do projeto culminou justamente com a ascensão destas plataformas e mídias como primeira linha de contato com o conteúdo.

Matias disse ser bem contrário ao termo conteúdo, que qualquer pessoa produz. "Na hora que comparamos o que postam com um conteúdo publicitário ou um superfilme de Hollywood, acaba se colando na vala comum, ainda mais quando se joga nas redes sociais - que concorre com tudo", opinou. Por isso, é tão importante a curadoria: algo mais específico e nada robótico que o algoritmo oferece.

Natal, por sua vez, recordou que muitos jornais resistiram para colocar o conteúdo no Facebook. Porém, após eles cederem, a plataforma agora só dá visualização para quem paga para ser anunciado. "No fim, acabamos todos naquele cercadinho, com as pessoas achando que a rede de Mark Zuckerberg era a internet em si, conforme algumas pesquisas apontam", enfatizou.

Para Matias, talvez uma saída das redes sociais seja deixar a internet de fato, mas não necessariamente tudo - pois vamos chegar a um ponto em que precisaremos ter contas no Google e na Amazon, por exemplo, para acessar determinadas iniciativas. "É necessário entender, portanto, que as redes sociais não são o centro de tudo", defendeu.

Em relação a isso, Natal revelou que foi diminuindo a produção de conteúdo, como é o caso do podcast que produz para chegar ao público uma vez por semana. "Tenho tentado refletir mais sobre a presença do online nas nossas vidas, do que criar informação em si", comentou. Ainda para ele, o boom dos conteúdos em áudio talvez seja devido à não interferência dos algoritmos.

Branco recordou que era um viciado nas redes, mas depois das eleições e do que chamou de comportamentos de desintoxicação, passou a usá-las muito menos. "Comecei a usar os algoritmos ao nosso favor e a alimentar o Instagram com quadrinhos. Quando foi esse trabalho bem divulgado, resolvi criar um livro sobre isso. Ou seja, é só usar com parcimônia mesmo, apesar da saturação", ponderou.

Dando seguimento, Natal falou que é a conveniência de todo mundo estar no mesmo lugar o motivo de as fake news se propagarem. Em relação ao Facebook, Matias disse pensar que se trata de uma rede voltada para o atrito e não feita para tornar as pessoas mais felizes. Natal, porém, discordou. "Não sei se é a plataforma em si, mas a consequência de uma alta performance com grandes visualizações e comentários", comentou. Para finalizar, ressaltou: "Então, aí entra o papel do jornalista e curador, que atuam como a voz da sociedade".

A cobertura online está a cargo dos repórteres Bruno Dornelles, Ilana Xavier, Gabriela Boesel, Márcia Christofoli e Patrícia Lapuente. O portal é alimentado, bem como as redes sociais - Facebook, Twitter e Instagram, com fotos, reportagens e transmissões ao vivo. Esta cobertura conta com o apoio da BriviaDez e do Grupo RBS.

 

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