Cinco perguntas para Tércio Saccol

Professor da Famecos defende que todo jornalista saiba aprender

Tércio Saccol - Reprodução

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Que pergunta difícil. Sou Tércio Saccol, jornalista por formação, convicção e trajetória. Sou santamariense, vim para a Grande Porto Alegre ainda guri, com 14 anos. Sou formado em Jornalismo pela Famecos, da PUC, onde, muito orgulhosamente, trabalho hoje. Na minha trajetória, passei pelas rádios Gaúcha e Guaíba, revista Amanhã, Comunicação da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, Band RS, Portal R7, Portal Infomoney, BandNews FM SP e Canal Rural, além de trabalhos freelancers em diferentes frentes, como roteiro de vídeo, jornal e revista.

Na minha formação, além da Famecos, fiz especializações em Gestão de Marketing no Ibgen; Economia Brasileira e Globalização pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe); e Docência em Ensino Superior pela PUC. Ainda, tenho mestrado em Comunicação na universidade católica. Atualmente, curso outra especialização em Relações Internacionais na Ufrgs. Também sou aluno, mas, por ora, só de uma disciplina de graduação em Ciências Sociais na instituição de ensino federal. Já estou em preparo para a seleção ao doutorado.

Na Famecos, além de aulas na área de rádio e áudio, online, também trabalho como orientador no Editorial J, laboratório convergente da faculdade, e oriento monografias e estágios. Também sou colorado, entusiasta de debates econômicos e geopolíticos.

  1. Por que escolheu ser jornalista?

Inicialmente, e acho natural que seja dessa forma, escolhi o Jornalismo por um estereótipo profissional ou pelas convenções que tinha da profissão, ainda na primeira parte do ensino fundamental, por gostar de escrever e de me comunicar. Na medida em que tive um amadurecimento maior, reafirmei minha crença profissional a partir da função social da profissão, mesmo. Acho que me encontrei formalmente quando entendi o jornalista como protagonista social, agente de transformação e de enfrentamento. Foi na Famecos, também, que acabei respaldando minhas escolhas. Pelos colegas, pelos professores, pelo ambiente, por tudo que acabei construindo e vivendo lá dentro e a partir de lá.

Sou um jornalista convicto da relevância social que nós temos, trabalhando com hierarquização, produção, circulação, valorização ou estudos em informação e comunicação. Escolhi me manter jornalista, apostar na profissão e, claro, construí-la com os alunos diariamente por acreditar que é também por essa via que podemos ter uma sociedade mais justa, mais empática e menos desigual.

  1. Como se deu a trajetória no ambiente acadêmico?

É curioso porque eu estava trabalhando em São Paulo quando recebi a informação de que o professor Sérgio Stosch, um grande mestre da minha formação, estava se aposentando da docência, e abriria uma vaga na Famecos. Já tinha uma ideia de entrar na área acadêmica, mas tinha dificuldade de investir nisso com uma carga de trabalho que revezava três (às vezes quatro) turnos, limitando uma dedicação mais expressiva.

Recebi do professor Fábian Chelkanoff, o então novo coordenador, o aviso da seleção, já tinha sondado antes, caso tivesse. Em janeiro de 2013, vim para Porto Alegre e fiz o teste e a entrevista para a vaga na Famecos. Antes disso, já tinha ministrado um curso de extensão e dado treinamentos, mas nada tão amplo e complexo. Desde que comecei a dar aula, naquele mesmo ano, acabei gradualmente ampliando meu escopo de disciplinas ministradas, atividades em laboratório e, por fim, orientações de monografia.

Tenho aprendido muito. Não apenas em sala de aula, mas com os professores - muitos dos quais fizeram parte da minha formação -, alunos, funcionários, enfim. Me encontrei nessa ideia de construir a aula, de trocar experiências, pensar nossa atividade, não apenas técnica como socialmente.

  1. O que todo profissional de Jornalismo precisa saber?

Todo profissional de Jornalismo precisa saber aprender. É isso. Precisa estar constantemente aberto ao aprendizado, à transformação, à renovação e à reinvenção. Se despir das certezas e desconfiar, duvidar, pensar, entender que tudo é muito mais complexo do que uma resposta, um post, uma visão ou um recorte. O jornalista, me parece, é alguém ainda mais relevante em um contexto de profusão de informação, ausência de referências, dificuldades de organização, falta de conexões e de perspectivas históricas que vivemos. Ele precisa estar atento, ser empático, curioso, e, claro, ter sempre em mente sua função social. 

  1. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Não sei bem, embora tenha algumas intenções. A ideia é seguir trabalhando com Comunicação, Educação, investir no meu doutorado, ajudar a construir o Vós (portal de conteúdo jornalístico editado pela jornalista Geórgia Santos), seguir estudando, aprendendo, trocando experiências com alunos, colegas e outros profissionais. Se tiver a oportunidade, viajar e conhecer outras culturas, e ter tempo para valorizar as pessoas que fazem tudo valer a pena.

Comentários