Diversidade e Comunicação: Renata Schenkel e a permanente (re)construção
Em especial do Dia Internacional da Mulher, Luan Pires empresta o espaço para Karen Garcia de Farias
Para encerrar a semana de celebração da mulher feita pelo Coletiva.net, o Luan Pires, responsável pelo espaço, convidou-me para conduzir um papo com uma mulher que admiro desde que a conheci: Renata Schenkel, CEO e sócia da Escala. Isso é simbólico, já que, de acordo com a 18ª edição da pesquisa da Grant Thornton, no Brasil, apenas 35% dos postos de presidente-executivo (CEO) foram ocupados por mulheres em 2022.
Começamos do começo: imagine uma menina virginiana que, a cada vez que entregava ao pai uma prova na qual havia tirado nota nove ou nove e meio, ele respondia que aquela "não era uma nota 10". Qual seria sua régua para a vida? Ao escutar a Renata Schenkel contar sua trajetória, iniciada em 2004 como estagiária na agência Escala, entende-se que para tudo na vida ela se dedicava para "ganhar nota 10". Hoje, ela entende que essa exigência não faz mais sentido. Para essa compreensão, a chegada do filho Matheus e o consequente exercício da maternidade foi um dos melhores remédios.
Renata comentou que durante toda a vida precisou lidar com a pressão de não ter o corpo-padrão. Com o tempo, acabou por se dar conta que seguir o padrão imposto não iria lhe fazer mais feliz, ao contrário. Com o amadurecimento, percebeu que - ainda que continuasse a querer mudar algumas coisas em si mesma - o melhor seria aprender a se sentir bonita e entender melhor o seu corpo.
Outro aprendizado que Renata compartilhou foi sobre as dificuldades que sentiu quando precisou demonstrar posturas ditas "masculinas". Ela explicou que os homens, por exemplo, ao levantarem a voz e baterem na mesa, no geral são percebidos como possuidores de poder e firmeza. Se é uma mulher, ela será percebida como mandona e histérica. Então, como defender suas posições sem ser taxada como "a descontrolada"? É preciso calibrar essa força. A Renata conta que já está no nível avançado desta lição!.
Com relação aos clientes, especialmente no Rio Grande do Sul, Renata percebe que "vivemos num ambiente comandado por empresas familiares no qual os homens estão no comando, já que a nossa cultura é patriarcal e machista". E aqui no Sul, conforme pesquisa feita pelo Juan Pablo Boeira, citada pela Renata, "a maioria das empresas não possui a estrutura de diretoria de Marketing. Então, no geral, essa área (onde há uma predominância de mulheres) fica subordinada à diretoria Comercial, que por causa da construção social se delega aos homens".
Renata lembra de "um estudo do Linkedin que concluiu que mulheres tendem a se candidatar a vagas para as quais preenchem 100% dos requisitos, enquanto que homens se candidatam com apenas 60%". No mercado da Publicidade, ela observa que "sempre houve espaço para as mulheres, porém restritas aos papéis de gênero". Então, mulheres nas áreas de mídia e atendimento, majoritariamente, e homens, na criação e na gestão, por exemplo. O que ainda é uma realidade, mas que "o mercado vem mudando lentamente, até por uma exigência da pauta de diversidade". Na Escala, esse é um esforço cada vez mais discutido e ampliado".
Sua própria posição na empresa, como CEO e sócia, inclui esse processo. Nesse papel exercido desde 2022, ela declara que "sente o peso da responsabilidade", pois não quer "melhorar apenas a minha vida ou a do negócio, mas de toda a equipe". "Não acredito em resultado a qualquer custo. Acredito em uma visão de cuidado, sistêmica", pontuou. Ao ser perguntada o que é diversidade e inclusão, Renata declara: "é um olhar dedicado para sermos simplesmente justos".
Justo, né?
Por Karen Garcia de Farias, consultora na Longevida, convidada especial de Luan Pires
Esta matéria faz parte de um conteúdo especial sobre diversidade e Comunicação, produzido por Luan Pires para Coletiva.net. Em caráter especial, por conta do Dia Internacional das Mulheres, nesta semana, o jornalista emprestou o espaço para duas profissionais da Comunicação.