"Realidade nua e crua": Flávio Fachel conta detalhes sobre cobertura em Petrópolis

Jornalista gaúcho chamou atenção da audiência ao não conter as lágrimas durante transmissão no 'Bom Dia RJ'

Gaúcho apresenta o 'Bom Dia RJ' - Divulgação/Globo

O gaúcho Flávio Fachel é um dos muitos jornalistas que estão acompanhando de perto as fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ontem, 17, o profissional acabou chamando atenção da audiência, ao não conseguir segurar as lágrimas durante sua fala sobre os desaparecidos no programa 'Bom Dia RJ'. Procurado pelo Coletiva.net, ele relatou detalhes sobre a cobertura e afirmou que o sentimento é "de estar de cara com a realidade nua e crua''. Porém, ressaltou que "o maior sofrimento não é meu, eu não imagino o que as famílias estão passando".

Flávio é apresentador e editor-executivo do noticiário matinal carioca, contudo, devido à gravidade da situação, deixou o estúdio para fazer a ancoragem direto do local. "Neste dia, todos os apresentadores foram para lá e a gente apresentou todos os jornais locais de lá", explicou. 

Segundo o jornalista, toda a cidade está com um clima pesado, que pode ser sentido normalmente ao circular pelas ruas, mas que ganha proporções maiores ao estar mais perto dos locais de trabalho dos bombeiros. "É algo que se sente normalmente, e piora quando a gente ouve as pessoas chorando porque encontraram mais um corpo", ponderou.

A situação que lhe causou maior comoção, contudo, foi se deparar com um pai que, desde as 5h da manhã, rondava a área em busca de informações sobre o filho desaparecido. "Eu sou pai e me identifiquei. Fica impossível de não se imaginar no lugar. Perguntaram como eu estava me sentindo e não consegui segurar, o choro veio", justificou. 

Cobertura compartilhada

Repórteres, produtores, apresentadores, equipe técnica e motoristas fazem parte do cenário descrito por Flávio, todos enfrentando o mesmo cansaço, dificuldades, sofrimento e risco de novos desabamentos. Entretando, o apresentador ressaltou o sentimento de camaradagem entre os colegas, que se ajudam como podem, "dando muito duro para que as pessoas tenham informação de qualidade em casa". E a população também faz questão de auxiliar: "Pessoas se aproximam querendo ajudar, trazem água, comida e perguntam se tá tudo bem".

Flávio acredita que são momentos como esse que o trabalho da imprensa formal ganha muito mais valor do que as "notinhas de WhatsApp". E destacou o trabalho dos profissionais em conviver com a dor sem perder o olhar crítico. "O governo do Rio não aceitou ajuda ainda e o jornalista precisa ver aquilo e raciocinar: estamos no ano eleitoral e o governador daqui está sendo posto à prova. Tudo tem conexão", pontuou.

Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, Flávio teve passagem pela RBS TV como editor e repórter. Para a Rede Globo, trabalhou como correspondente no Amazonas e em Nova Iorque e foi repórter especial no Rio de Janeiro antes de assumir a bancada e edição executiva do 'Bom Dia RJ'.

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