"Eu era órfão de uma revista como essa", diz fundador da Piauí

João Moreira Salles falou sobre Jornalismo e Cinema na primeira edição do Em Pauta ZH de 2017

Claudia Laitano e João Moreira Salles| Divulgação/Coletiva
Cinema e Jornalismo foram os temas abordados na noite desta terça-feira, 17, no primeiro Em Pauta ZH do ano. Para estrear o ciclo de debates, o convidado foi o documentarista e editor da Revista Piauí, João Moreira Salles, que, sob mediação da jornalista Cláudia Laitano, de Zero Hora, contou a história da publicação de circulação nacional que fundou em 2006, junto com os jornalistas Dorrit Harazim, Marcos Sá Corrêa e Mario Sergio Conti. "Eu era órfão de uma revista como essa", disse, ao mencionar que se espelhou em publicações como a antiga Veja, no Pasquim e na extinta Senhor.
Formado em Economia pela PUCRJ, João contou que o cinema foi acidental em sua vida e que sempre esteve mais próximo da palavra escrita do que da imagem. "Eu comecei a mexer com uma câmera a convite do meu irmão. E não larguei mais", recordou. No Jornalismo, sua contribuição se dá por meio da Piauí, por meio da qual busca explorar a apuração rigorosa da notícia e uma escrita elaborada. Ao criá-la, suas maiores dúvidas eram se haveria público para lê-la e se teria jornalista disposto a escrevê-la. "O formato é diferente, usamos ferramentas que não estão no Jornalismo tradicional", explicou, ao se referir à maneira que os textos são descritos e trazem muito da percepção do repórter.
Sobre o futuro do Jornalismo, João defendeu que o modelo de negócio atual já não é mais viável e que a solução é tornar o Jornalismo um bem público. "Acredito que a solução seja criar um fundo patrimonial que banque financeiramente revistas e jornais", falou para um público de, aproximadamente, 100 pessoas, entre elas Luis Fernando Verissimo e Eduardo Bueno, o Peninha. Como exemplo, citou a rede inglesa BBC. "Em 10 ou 15 anos, o Jornalismo não deve mais se manter com base na publicidade", projetou e informou que a Piauí, que tem cerca de 80 mil assinantes fiéis, deve passar para este novo modelo de negócio dentro de dois ou três anos.

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