Cinco perguntas para Adriana Irion
Jornalista do grupo de investigação da RBS foi homenageada com a Comenda do Sol pela Câmara de Vereadores de POA

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?
Sou Adriana Abreu Irion, tenho 49 anos. Nasci em Brasília, mas fui criada em Porto Alegre, onde cheguei com dois anos. Formei-me em Jornalismo em 1994, pela Famecos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Fascinada por histórias policiais e perícia criminal, cogitei fazer uma segunda graduação que me permitisse, quem sabe, ser perita. Mas a paixão pelo Jornalismo foi mais forte. Em 2000, comecei a cursar Direito para aprimorar meu trabalho com assuntos jurídicos. Parei o curso por opção para ter filhos e retomei em 2019, também na PUCRS. Se tudo der certo, formo-me este ano.
2 - Por que escolheu ser jornalista?
Acho que nasci meio jornalista. Sempre gostei de histórias, de ler, de escrever, principalmente, de observar e questionar. Ainda pequena, ganhei um concurso de redação na escola. Sabia o que queria fazer desde então. Nunca mudei de ideia. E sempre adorei a área policial, tão recheada de histórias que desnudam a natureza humana. Para fazer o trabalho de conclusão de uma disciplina de Fotografia da Famecos, por exemplo, decidi abordar dois temas: vida e morte. A vida eu busquei retratando partos e cesarianas. Com a morte, em todas as suas formas - natural ou violenta - eu trabalhei ao acompanhar equipes do então Instituto de Criminalística (hoje, Departamento) em locais de crime, nos plantões de sábado. O trabalho rendeu um álbum que guardo até hoje com carinho, além de muito aprendizado sobre como lidar com as pessoas em um ambiente de tragédia pessoal. Em 30 anos de Zero Hora, trabalhei 12 diretamente na editoria de Polícia.
3 - No ano passado você recebeu a Comenda do Sol pela Câmara de Vereadores de POA. O que isso significa para a sua carreira?
Foi uma baita surpresa essa homenagem. Lindo mesmo. Costumo dizer que o maior prêmio por uma matéria é quando vemos que ela teve resultados práticos, que fez processos serem corrigidos e que pessoas envolvidas em crimes e irregularidades foram responsabilizadas. Isso aconteceu com a série 'Dinheiro pelo Bueiro', em que mostramos que empresas cobravam por limpeza de bueiros que não existiam. Uma coisa simples, banal, mas que interfere na vida das pessoas por ser decisivo em casos de alagamentos na cidade.
A comenda, proposta pelo vereador Ramiro Rosário, foi um plus nesse resultado, um reconhecimento significativo a todo Jornalismo empenhado em combater a corrupção. Foi uma grande honra receber a comenda.
4 - De que forma você avalia que o seu trabalho no Grupo de Investigação da RBS (GDI) está contribuindo para a sociedade?
Como falei, o que buscamos é sempre melhorar alguma coisa que esteja 'torta', com brechas para irregularidades e crimes. O dinheiro público é (deveria ser, ao menos) sagrado! Todos nós, como sociedade, temos o dever de monitorar e exigir boa aplicação. Não importa se o desvio é de R$10 ou R$1 milhão.
Volto ao exemplo dos bueiros. Eram contratos com valores relativamente baixos, que quase não chamam a atenção numa manchete. Mas e daí? É dinheiro de todos nós, que tem de ser usado para garantir serviços de boa qualidade. É isso que o GDI faz, recebendo denúncias diárias e procurando filtrar temas que ajudem as pessoas.
5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Nossa, é muito tempo. Mas meu plano hoje é um só: seguir fazendo jornalismo.