Cinco perguntas para Paula Porcello

Filha de Flávio Porcello assumiu a coordenação do Departamento Universitário da ARI no início do mês

Paula Porcello é a coordenadora do Departamento Universitário da ARI - Divulgação/Paula Porcello

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz? 

Meu nome é Paula Escobar Porcello, tenho 35 anos e sou de Porto Alegre. Formei-me em Jornalismo pela Famecos, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 2009. Como estagiária, passei por veículos de comunicação como a TVE e pelas assessorias de imprensa do Palácio Piratini e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Como profissional, atuei por quase 10 anos na assessoria de  Comunicação do Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF4), onde produzi o programa 'Via Legal', da TV Justiça.

Hoje em dia, sou microempreendedora individual, gerencio as redes sociais de uma clínica de Psicologia, de um promotor do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que é também professor da Universidade Federal do RS (UFRGS), e escrevo a biografia de uma senhora que contribuiu ativamente para a educação da nossa cidade. 

2 - A experiência do teu pai, Flávio Porcello, contribuiu para a escolha do Jornalismo? O que mais pesou na decisão da profissão? 

Com certeza. Eu e meu pai sempre fomos muito ligados e ele é minha referência de vida. Quando pequena, ele me levava para as redações, para os estúdios dos telejornais e, nestes momentos, já tive certeza de que gostaria de seguir os mesmos passos. O Jornalismo veio como um presente pra mim. Sempre fui tímida, um pouco mais fechada, e o ingresso na faculdade de Comunicação Social me possibilitou um maior contato com as pessoas. Fiquei mais extrovertida e, hoje, pouco lembro a guriazinha tímida da minha infância.

Além disso, aprendi que, apesar do Jornalismo ser, na maioria das vezes, imparcial, as opiniões devem ser respeitadas e o nosso papel é ouvir todos os lados, sem julgamentos. Em um mundo tão cheio de meias-verdades, acredito que o acesso à escuta e à informação pode fazer a diferença na vida de alguém. Digo, sem sombra de dúvidas, que, se tivesse a chance, escolheria o Jornalismo mais mil vezes.

3 - Recentemente assumiste a coordenação do Departamento Universitário da ARI e falaste em aproximar a Associação das instituições de ensino e dos alunos. Como pretendes desenvolver este trabalho? 

Este trabalho já era um sonho antigo do pai e conversávamos muito sobre isso. Sinto que, hoje em dia, falta aos jovens que estão ingressando na universidade a oportunidade de conhecerem de perto a realidade do Jornalismo. Em um mundo tão virtual (infelizmente, necessário neste momento) vejo que os estudantes têm curiosidade em se aproximar do dia a dia da profissão. Eu, felizmente, tive a chance de estar presente desde pequena na rotina do Jornalismo, mas muitos jovens nunca entraram em uma redação ou nunca conversaram com um profissional "da antiga", que tem tanta bagagem para ensinar.

A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) tem esta mesma impressão e, mais uma vez, se dispõe a acolher estes universitários através de cursos, programas e oficinas que proporcionem a integração. A ARI atua fortemente pela nossa categoria desde 1935 e, durante todos estes anos, se mostrou atual e interessada em se colocar ao lado de quem está chegando. 

Para mim é uma honra fazer parte da Diretoria da Associação e, junto ao professor Leandro Olegário e os demais colegas, pretendo colocar em prática projetos super bacanas em 2022.

4 - Como jornalista, quais são os principais desafios enfrentados pela profissão atualmente? 

Para mim, com certeza, o maior desafio do Jornalismo hoje é lidar com a "era da desinformação". As fake news estão aí para causar pânico, principalmente em quem trabalha com o acesso à verdade dos fatos. A proporção que notícias falsas têm neste mundo da internet é tamanha que já vimos desde casos de linchamentos (virtuais e reais), até a eleição de um presidente da República. 

Acredito que a checagem da informação deve ser um dos grandes pilares de quem faz um jornalismo sério e comprometido. Sei que atualmente tudo é muito rápido, qualquer pessoa com um celular na mão pode informar o que bem entende. Mas o nosso papel está em ouvir, entender, apurar a informação, checar de novo e, só a partir daí, entregar este conteúdo para o cidadão. 

O Jornalismo e o Direito sempre caminharam juntos na minha história e na do pai, que era bacharel nas duas áreas. Ele tinha uma frase que acho que explica muito bem essa união de cursos: "No Jornalismo a justiça é sempre mais rápida. Uma denúncia feita na imprensa tem resultados muito mais imediatos do que as sentenças judiciais." Por isso é tão importante a responsabilidade do profissional. Uma notícia errada pode ser uma sentença de morte, seja literalmente falando ou no sentido figurado, como estamos acompanhando na política do País. 

5- Quais são os seus planos para daqui a cinco anos? 

Eu sou uma sagitariana convicta, então nunca faço planos muito longos, mas com certeza o Jornalismo está nos meus propósitos eternamente. Adoro o que faço e, apesar de ser uma carreira trabalhosa, às vezes não tão valorizada no quesito de remuneração, sinto que trabalho com amor. Além disso, fiz grandes amigos na minha jornada profissional, pessoas que estarão para sempre na minha vida. 

Acho que o meu sonho, como o de qualquer jornalista, é daqui a cinco anos estar dando boas notícias: que a pandemia não existe mais, que estamos todos vacinados e que ninguém mais está vivendo a dor de enterrar os seus. Desejo um ano de 2022 de saúde e de um jornalismo sério, responsável e comprometido com a verdade.

Comentários