Cinco perguntas para Rodrigo Cogo

Relações-públicas é o criador do 'Sinapse', serviço de curadoria e distribuição digital de conteúdos

12/07/2022 11:00
Cinco perguntas para Rodrigo Cogo /Divulgação

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou Rodrigo Cogo, filho dos bancários Ceví e Vera, irmão do designer gráfico Giuliano e da psicóloga Adriana, além de pai dos gatos Joaquim, Catarina e Cecília. Em 1994, formei-me em Relações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ainda sou especialista em Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestre em Ciências da Comunicação pela mesma instituição. Nessas duas últimas formações, foquei meus estudos no storytelling, o que derivou o livro 'Storytelling: as narrativas da memória na estratégia da comunicação', lançado em 2016.

Por 11 anos, tive experiência nas áreas de Planejamento de Comunicação e Assessoria de Divulgação pela Cida Cultural, uma produtora gaúcha. Na época, atendi clientes como Telefonica, Brasil Telecom, Bradesco, AES e Petrobras. Em São Paulo, para onde me mudei em 2008, atuei por quatro anos como consultor de Diagnósticos de Comunicação na Ideafix Pesquisas Corporativas. Nessa oportunidade, trabalhei para empresas como Goodyear, Embraer, HP, Telefonica, Mapfre, Caixa e Schincariol.

Entre 2008 e 2022, ainda atuei na gestão das áreas de Conteúdo, Marketing e Desenvolvimento Associativo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). Na entidade ainda fui professor de cursos livres e do MBA em Gestão da Comunicação Empresarial, entre 2009 e 2018.

2 - Por que escolheu a área de Relações Públicas?

É uma missão complicada fazer a escolha profissional com 17 anos. Ainda mais em uma estrutura de ensino que não está direcionada ao desenvolvimento de aptidões de trabalho, mas em apenas dar uma panorâmica das disciplinas possíveis de estudo e aprendizagem, para uma futura e eventual carreira a ser definida.

Nesse sentido, já quero dizer que sou fã das ofertas de ensino técnico e profissionalizante. Mas como não foi esse o meu caso, um teste vocacional me levou para a área de Ciências Humanas, algo que, de fato, eu já comprovava conter as minhas melhores habilidades na época. O resultado recaiu sobre a Psicologia, que não estava disponível nas instituições de Santa Maria, onde eu morava sozinho desde os 14 anos, já deslocado de Santiago, minha cidade natal.

Analisando conteúdos das disciplinas, percebi e arrisquei que Relações Públicas era uma atividade de entendimento humano a partir da Comunicação, que fala, mas que também escuta e articula. Nesse período, ainda entendi que precisava me desafiar, e já percebia que a excessiva timidez viria a ser um limitador para a minha vida pessoal e profissional. Relações Públicas foi o encaixe mais exato para estas inquietações e apontamentos de futuro, e só tenho satisfações e confirmações com a opção feita, que é abrangente, contextual, baseada na inteligência e no relacionamento democrático, intensivo e inclusivo.

3 - Há cerca de um mês, você lançou o serviço de curadoria e distribuição digital 'Sinapse'. Como está sendo o retorno entre os assinantes?

Parece estar fazendo sentido, pois em dois meses de operações tenho 235 assinantes em seis países (Brasil, Bélgica, Canadá, França, Portugal e República Tcheca). Vários deles já fizeram manifestações públicas ou privadas com elogios e até influenciaram a adesão de novos colegas. Embora se trate de uma seleção e entrega de conteúdo multiplataforma, e que possa vir a interessar mais quem está em cargos de gestão (o que hoje representa 70% do quadro de adesões), o 'Sinapse' foi feito para todos os interessados. Já tenho nesse grupo estudantes, professores, profissionais de empresas privadas e colegas que trabalham em governos e organizações da sociedade civil.

Tenho tido dois desafios nesta captação de assinantes: 1) há abundância de canais e conteúdos disponíveis gratuitamente na internet, e a despeito de sua efetiva qualidade ou pertinência, já tomam o escasso tempo das pessoas, então é preciso argumentar e conscientizar que haveria espaço para um outro tipo de proposta; e 2) os profissionais infelizmente deixam suas escolhas de desenvolvimento e treinamento serem realizadas por suas empresas. Eles não tomam as rédeas do que acreditam ser necessário se aperfeiçoar, então relegam a decisão para seus empregadores. O 'Sinapse' foi modelado para pessoas físicas, com assinaturas individuais.

4 - O 'Sinapse' realiza a entrega em múltiplas plataformas de conteúdos sobre Gestão, Comunicação, Marketing, RH, Inovação e afins. O que lhe motivou a investir em uma produção especializada para essas áreas?

Penso que qualquer oferta de mercado que pretenda entregar material de qualidade, com fontes confiáveis e validadas e que economize tempo do profissional, tende a ser bem aceita. Então, tem este ponto da ?economia da atenção?, em um cotidiano com muitos apelos e distrações que nos tiram do foco.

Acredito muito na validade (e impulso criativo e inovador) de ser um ?flaneur?, na concepção de Charles Baudelaire, referindo-se a alguém que observa a cidade e experimenta um verdadeiro passeio, não só fisicamente, mas também como forma de ver e sentir as coisas. Mas essa posição de observador não pode ser permanente, temos que fincar os pés no chão e partir para a ação ? hoje em dia lidando com uma quantidade de dados que o cérebro não consegue atingir, e o que atinge nem consegue processar.

Minha função como curador no 'Sinapse' é analisar o que existe disponível (vindo de consultorias como Bain&Company, PwC, Deloitte, EY, McKinsey, Sparks&Honey; de universidades e laboratórios de pesquisa, de institutos como Ipsos e Kantar, de organismos como OMS e Fórum Econômico Mundial) e deixar à mão dos assinantes. A entrega é feita já com um contexto ou até um resumo dos principais insights, para que esse assinante depois decida quando e como quer ler o restante dos relatórios, ebooks, infográficos, artigos e estudos selecionados e indicados.

Outro ponto é que o 'Sinapse' busca demonstrar a transdisciplinaridade exigida para uma atuação produtiva e estratégica em qualquer campo do conhecimento, e mais ainda para Comunicação, Marketing e temas afins. Não dá mais para enclausurar os temas em caixas, e não conseguir fazer as pontes necessárias com outros olhares de conhecimento que só enriquecem nossas conclusões e decisões. Os silos podem existir na rigidez da estrutura curricular dos cursos de graduação, que precisam nomear seus egressos como ?formados em? uma única e supostamente bem delineada profissão. Contudo, isso não tem mais reflexo no fazer diário de tudo que envolve a reputação das pessoas, causas e organizações e de como se faz necessária esta provação e aprovação públicas para a continuidade de uma proposta de existência ou negócio.

Para isso, precisa muito mais que um diploma ou uma única área de base. Se envio um material típico de 'sustentabilidade', também preciso mostrar as incursões disso com 'Comunicação Interna', 'Assessoria de Imprensa', 'campanha de Marketing', 'ações de engajamento', 'relações governamentais', 'regras de compliance' ou 'laboratórios de inovação', porque tudo é muito orgânico e transversal. Vale ainda comentar que o modelo de 'assinatura' significa uma constância, que vai educar a pessoa a consumir o material enviado, a arrumar um tempo para ela o entender como importante para sua qualificação.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Sempre tive como essência trabalhar com antecipação, com análise de contexto, com oportunidades e implicações de todas as minhas propostas aos contratantes. Tenho um perfil bastante metódico, que confia na organização e nos processos, e nunca me arrependi disto. Mas ocorrências da vida acabam atravessando nossas convicções e nos fazendo flexibilizar alguns pontos ? na parte pessoal, questões de saúde e de morte na família; na parte profissional, desafios de um mundo totalmente caótico e imprevisível, em que as pessoas têm ações e reações inesperadas para problemas simples ou complexos e geram impactos diretos em nossos planejamentos. Então, vou responder com a realidade e o sonho.

Daqui a cinco anos quero estar com o 'Sinapse Conteúdos de Comunicação em Rede' bastante consolidado, com um número considerável de assinantes e com articulações com outros players do mercado de informação. Espero já ter inaugurado novos canais além dos cinco lançados (Sinapse Diário, Sinapse Alerta, Sinapse Resumo, Sinapse Ao Vivo e Sinapse Arena). E talvez, acreditando na noção de anywhere office, quem sabe fazendo isso tudo de terras francesas, uma cultura e um povo que me atraem enormemente há muitos anos e para onde já fiz várias viagens e tenho as melhores memórias ? e planos.