Cinco perguntas para Rodrigo Pacheco

Profissional de Tecnologia assumiu a presidência da Associação Nacional do Mercado e Indústria Digital no Rio Grande do Sul

Rodrigo Pacheco é diretor-executivo da produtora digital Noûs - Crédito: Arquivo Pessoal

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?

Chamo-me Rodrigo Pacheco, tenho 42 anos, dois filhos de 8 e 10 anos. Posso dizer que minha trajetória começou na Faculdade de História, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o que me deu uma visão interdisciplinar. Mais tarde migrei para a área de Tecnologia, em Sistemas de Informação, e me aprofundei em Administração quando assumi cargos de gestão.

Trabalhei em empresas como o CPD da Ufrgs, Embratec Good Card (atual Ticket) e IBM. Depois iniciei minha jornada empreendedora, abrindo minha primeira produtora digital, a Encode Web. Foi nesse momento que conheci o associativismo e tive o privilégio de ter ao meu lado grandes empresas e grandes empresários, e por meio dele, passei a circular nacionalmente, ampliando conexões e conquistando visibilidade.

Essa experiência me levou a projetos relevantes em várias cidades, até que, em 2015, a Hogarth Worldwide adquiriu nossa operação para iniciar sua unidade digital no Brasil e mais especificamente em Porto Alegre. Fui uma das lideranças dessa filial, que chegou a reunir cerca de 100 profissionais e atender marcas globais como Apple, Pfizer, Meta, Bayer e Nestlé.

Então, em 2019, ao lado de Iuri Andreazza e Wagner Fraga, fundamos a Noûs, produtora digital em que hoje atuo como diretor-executivo, cuidando da estratégia, mercado e representatividade, enquanto meus sócios lideram Tecnologia, operação e produção.

2. Como avalia a importância do associativismo nos tempos atuais?

O associativismo foi um divisor de águas na minha vida. Em 2012, quando fundei a Encode Web, era inexperiente e ainda 'júnior'. Foi dentro da Associação que aprendi com empresários seniores a ter postura, governança e maturidade empresarial. Em apenas um ano e meio, minha visão mudou radicalmente. Para mim, vale mais do que um MBA, porque é prática pura, vivida no cotidiano.

Graças a essa experiência, consegui vender minha primeira empresa. A associação me deu maturidade, mas também visibilidade, tanto que a multinacional que nos comprou nos encontrou dentro do ecossistema associativo.

Penso que hoje, com a explosão do empreendedorismo, impulsionado principalmente pela geração Z e pela facilidade de abrir uma empresa em poucas horas, o papel do associativismo é organizar esse ecossistema. O mercado digital é povoado por profissionais autônomos e pequenas empresas, que entregam produtos excelentes, mas muitas vezes carecem de referências, então a AnaMid vem para educar, orientar e unificar a voz desses profissionais, sobretudo diante do debate público de temas cruciais ao nosso mercado, como a regulamentação da Inteligência Artificial (IA) e redes sociais, por exemplo.

3. Visto que recentemente assumiu a presidência da Associação Nacional do Mercado e Indústria Digital no Rio Grande do Sul (AnaMid-RS), quais têm sido os principais desafios? 

Um dos maiores desafios é dar continuidade ao legado dos fundadores, Sebastião Ribeiro e da Lívia Menna Barretoambos referências no mercado de Comunicação. Venho da Tecnologia, com uma visão mais orientada a processos e entregas, o que contrasta com o perfil criativo e flexível da comunicação. Meu papel é encontrar o equilíbrio, trazendo governança sem engessar a AnaMid.

A AnaMid tem apenas três anos e ainda está em construção e em pleno crescimento. Nosso foco é estruturar diretoria, cargos, ritos e materiais institucionais para dar clareza e profissionalismo à entidade. Isso é fundamental para engajar empresas a se associarem, pois a missão da entidade não é apenas oferecer benefícios, e sim representar democraticamente todo o setor, grande ou pequeno, como uma voz única.

4. Quais são os principais focos para a sua gestão? 

O eixo central é atrair mais associados, não por receita, mas para fortalecer o mercado. Queremos ampliar o debate, educar empresas e criar referências claras de práticas e valores, reduzindo a disparidade existente nos preços e posicionamentos do setor.

Vivemos em um ambiente extremamente dinâmico. A cada seis meses surgem novas ferramentas de Inteligência Artificial, por exemplo, que transformam completamente o mercado, algumas startups deixam de existir, enquanto novas oportunidades nascem. Nesse cenário, é vital que a AnaMid seja um espaço de convergência, onde pequenas e médias empresas possam se conectar e, ao mesmo tempo, inspirar os grandes players a olhar para o que está sendo feito na base.

5. Quais são os planos para os próximos cinco anos?

Meus planos combinam estratégia empresarial e contribuição ao ecossistema. Na Noûs, que vem crescendo muito nos últimos anos, pretendo assumir um papel cada vez mais estratégico e de comunicação com o mercado, menos operacional. Paralelamente, quero expandir minha atuação como mentor de startups e conselheiro de grandes corporações. Já sou mentor de duas startups e tenho convites para participar de boards, o que pretendo aprofundar.

Um sonho pessoal é lecionar. Gosto de ensinar e comunicar ideias. Meus filhos, inclusive, brincam que explico melhor do que os professores, e em casa temos até um quadro para as 'mini-aulas'. Quero levar essa vocação para MBAs e universidades, sempre no viés de empreendedorismo e tecnologia. Ensinar, inspirar e formar novas gerações de profissionais será uma forma de retribuir tudo o que recebi da minha própria jornada.

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