Coletiva em amarelo: profissional de saúde e jornalista conversam com o portal

Quarta edição do especial conversa com o psicólogo Augusto Yumi e a jornalista Mauren Xavier para falarem de saúde mental na Comunicação

Conteúdo encerra especial do Coletiva.net sobre o Setembro Amarelo - Arte Coletiva.net

Setembro foi o mês no qual levantou a bandeira de cor amarela em alusão à campanha de prevenção ao suicídio. Com isso, o Coletiva.net realiza, ao longo desta última semana, um especial a fim de levantar a discussão a respeito da saúde mental no setor da Comunicação gaúcha. A reportagem conversou com profissionais do meio que vivenciam essas problemáticas e empresas que estão atentas ao bem-estar de seus colaboradores. 

Nesta sexta-feira, 1º, a quarta edição do especial intitulado de 'Coletiva em amarelo', conversa com Augusto Schultz Yumi, especialista em Terapias Cognitivo Comportamentais, Terapia do Esquema e Terapias Comportamentais Contextuais, e a jornalista Mauren Xavier, chefe de Reportagem do Correio do Povo que, em 2018, realizou uma tese de Mestrado com o título 'Por quê?: uma análise dos discursos sobre suicídio no jornalismo diário'.   

O universo da Comunicação adota algumas práticas pelas quais podem afetar a saúde mental dos profissionais que atuam no meio. A rotina agitada e a pressão pela entrega de resultados, são alguns dos fatores que podem causar estresse, pânico, ansiedade e depressão. Nesse sentido, Augusto cita o filósofo Zygmunt Bauman: "sobre relações líquidas, onde a lógica de descarte do capitalismo acaba por permear também as relações", referiu o psicólogo. 

O profissional enxerga com preocupação esses ambientes de muita pressão no trabalho. Para ele, como um produto que tem prazo de validade as relações também acabam por ter a lógica de superficialidade e descarte ao mínimo desconforto. "Isso está relacionado a uma lógica de funcionar baseada em desempenho, onde o que não produz terá menos valor do que o que produz." 

Ele comentou ainda que nesse quesito, noticiar coisas ruins vende mais, gera mais repercussão e por isso são mais valorizadas em alguns meios. "As pesquisas em psicologia e as psicoterapias mais atuais corroboram uma mudança de paradigma, onde ao se pensar na natureza humana dar foco a outros quesitos como qualidade nas relações gera muito mais bem-estar subjetivo do que sucesso e riqueza material", exaltou.

O bem-estar de colaboradores

Sobre a relação das empresas com o bem-estar dos colaboradores, Augusto disse que é necessário ter um apoio financeiro em pesquisas na área da saúde mental, bem como espaços para profissionais da psicologia conversarem com os trabalhadores. "Os donos de empresas devem pensar corroborando o que algumas pesquisas dizem que funcionários mais felizes produzem mais", destacou. 

Ele observou ainda que é necessário pensar em uma maior saúde mental a partir de uma quebra de paradigmas. "A lógica que promove competição, busca por desempenho, riqueza e status gera psicopatologia", alertou o psicólogo. "Devemos ampliar nossa consciência para ver onde esse modo de viver está nos levando e começar a priorizar outros aspectos que nos fariam mais felizes como relacionamentos mais saudáveis", finalizou.

Contribuição academia 

Mauren Xavier analisou em sua dissertação um ano de reportagens no qual falassem a palavra suicídio e de que maneira eles abordavam o assunto. Em 2017, diversos episódios trouxeram o tema para a discussão, como seriados de TV e o caso da internet: 'Baleia Azul'. 

Algumas conclusões a que chegou foi que havia diversas formas de abordar o tema e percebeu que ainda tinham questões a serem evoluídas para noticiá-las de uma maneira melhor. Segundo a jornalista, o interesse pelo assunto se deu pela necessidade de produzir mais reportagens realizadas sobre este tema.  

Segundo Mauren, na cobertura jornalística o tema saúde mental ainda é um tabu a ser quebrado, pois ainda existem preconceitos para que se trate deles abertamente. "Há maneiras de encontrar ajuda e discutir esses assuntos são fundamentais para que mais pessoas sejam compreendidas."

Para a jornalista, a pressão, o não reconhecimento e a exposição são alguns dos fatores que podem sim levar um profissional de Comunicação a ter problemas. "Essas questões podem ser difíceis. No meu caso, trabalhei no caso da Boate Kiss, incêndio em Santa Maria, pelo qual passamos por uma cobertura extremamente pesada", revelou.  

"Quanto mais temos redes de proteção, melhor", acredita a jornalista. De acordo com ela, tornar questões de saúde mental como discussão em ambientes de trabalho, são fundamentais para que todos os ambientes profissionais possam rever as suas relações. "Os tempos mudaram e os desafios estão cada vez maiores, sobretudo nas apurações envolvendo as pandemias", ressaltou a importância de as empresas estarem presentes como suporte para um melhor desempenho no trabalho.

A dissertação de mestrado da jornalista Mauren Xavier, pode ser conferida por meio deste link.   

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