Empresários da Comunicação do sul do Brasil articulam a 'Rede Regional de Notícias', que pretende ser uma agência para produção e distribuição de conteúdo a partir de Brasília para emissoras regionais de rádio e TV de todo o País. O projeto foi apresentado em reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, no início do mês, mas ainda não foi lançado.

A Rede parte da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e TV (Acaert) com apoio do Sindicato das Empresas de Rádio e TV de Santa Catarina (Sert-SC). Os membros-fundadores são o Grupo ND e o Grupo RIC, que reúnem emissoras afiliadas da Record em Santa Catarina e no Paraná, a Rede Pampa, que possui 17 rádios e a TV afiliada da RedeTV no Rio Grande do Sul, e a Rede Massa, fundada pelo apresentador Ratinho, que possui 53 rádios e a TV afiliada do SBT no Paraná.

Entidades da Comunicação como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o coletivo Intervozes e o Observatório da Ética Jornalística (ObjETHOS) já se manifestaram contrários à iniciativa. De acordo com elas, o problema seria haver um "aparente alinhamento" com um governo que caracterizam como responsável por ataques à liberdade de imprensa e a profissionais do setor.

"O fato de essas empresas irem ao ministro das Comunicações, irem ao presidente da República, que abre sua agenda para esse tipo de compromisso, dá a entender que há intenção de fazer um alinhamento com o governo federal", afirma a presidente da Fenaj, Maria José Braga. Ela complementa: "Isso, do ponto de vista da democracia, é bastante grave. Porque o jornalismo tem a função de levar informação crítica à sociedade, e não aplaudir este ou aquele governo".

A diretora da Rede Pampa Christina Gadret informou ao portal Brasil de Fato que "o foco é disponibilizar conteúdos jornalísticos especialmente às emissoras de rádio e TV e portais de notícias regionais, facilitando o acesso destes veículos ao que acontece no dia a dia de Brasília". Conforme a profissional, a agência é uma "nova estrutura jornalística independente", que "deve ser valorizada pelo seu papel imparcial - sem ligação a governos ou partidos políticos".