Cris Páz provoca plateia do Summit Empreender 40+ com reflexões sobre envelhecimento
Publicitária e escritora defende que a maturidade é uma segunda vida adulta, e que envelhecer é continuar se descobrindo

A publicitária, escritora e comunicadora Cris Páz subiu ao palco do Summit Empreender 40+, nesta quarta-feira, 29, no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre, para falar sobre comportamento, longevidade e propósito. Durante sua fala, ela convidou o público a repensar as narrativas que cercam o envelhecimento.
Cris ficou nacionalmente conhecida após gravar um vídeo-resposta a Fábio Porchat, depois que o programa dê YouTube 'Porta dos Fundos' publicou um conteúdo considerado etarista. Seu vídeo viralizou, reunindo dados e questionamentos sobre a forma como o Brasil encara a idade. "O mundo está envelhecendo. Em 2050, teremos 21% da população com mais de 60 anos. No Brasil, a cada 21 segundos uma pessoa faz 50 anos", exemplificou.
Envelhecer é uma construção
Com 55 anos, Cris Páz falou abertamente sobre seu processo pessoal de amadurecimento, sobre o luto e sobre recomeçar. Viúva há 18 anos, ela contou que hoje vive um novo relacionamento e encara o envelhecer como uma construção. "Eu estou muito bem, na pós-menopausa. Descobri a empreendedora que existe em mim só depois dos 50. A longevidade mudou, mas nós ainda não mudamos nossa visão sobre ela", refletiu.
A palestrante lembrou que o conceito de aposentadoria foi criado na Alemanha, quando a expectativa de vida era de apenas 46 anos. "Naquela época, fazia sentido parar. Hoje, não. Ainda temos energia, experiência e vontade. Há um manancial dentro da gente que não existia aos 40."
Etarismo: o preconceito contra o próprio futuro
Ao abordar o etarismo, Cris foi categórica: "É o preconceito contra você mesmo no futuro. É a forma como a gente olha para o envelhecimento." Mas fez questão de salientar que o envelhecer não é igual para todos: "Sou uma mulher branca, com privilégios, e tenho perda auditiva. No Brasil, envelhecer depende de gênero, classe social e condições de saúde. O idoso pobre, negro ou com deficiência enfrenta desafios diferentes."
Para a palestrante, a sociedade ainda fala do envelhecimento como uma criança que acredita que há um monstro embaixo da cama. Para ela, as pessoas têm mais medo da ideia de envelhecer do que do envelhecimento em si.
Cris também criticou a forma como a publicidade retrata a maturidade feminina. Ela observou que o machismo não desaparece com o tempo, ele amadurece junto com a sociedade e continua impactando as mulheres, que enfrentam cobranças e invisibilidade à medida que envelhecem. A palestrante elogiou marcas que vêm substituindo o termo 'anti-idade' por 'pró-idade': "Eu não quero um creme que lute contra a minha idade. Quero um produto que celebre a vida que eu tenho."
A maturidade como potência
De forma bem-humorada, Cris disse que envelhecer não muda quem somos, apenas intensifica: "Os velhos são chatos? Talvez, mas só se a gente já era chato antes. A idade não muda o temperamento, só o revela. A criatividade não é privilégio de quem é jovem; é fruto de repertório." A mensagem, segundo ela, é simples: a curiosidade é o antídoto contra o envelhecimento.
Autora de livros e colunista, Cris revelou por que mudou o nome de batismo de Cris Guerra para Cris Páz: "Guerra é uma palavra pesada. Eu precisava de leveza. A paz é o que eu quero viver e transmitir. Essa mudança incomodou muita gente, talvez porque desperte nelas a vontade de mudar também."
Cris encerrou a palestra com um convite à reflexão: "Cada um precisa olhar para o próprio repertório. Tudo o que aprendemos, e até o que esquecemos, é matéria-prima para criar coisas novas aos 40, 50, 60 ou 70 anos."
A equipe de Coletiva.net está presente no no Summit Empreender 40+, realizado em 29 de outubro, no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. e Comunicação, realizado em Canela, na Serra Gaúcha. Durante a cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e a assistente de Redação Ronise Garcia, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais - incluindo Facebook e Threads - e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva.rádio.
Coletiva