Exclusiva: gerente do Google fala sobre mundo digital com mais privacidade e relacionamento das marcas com as pessoas

Profissional conversou com reportagem de Coletiva.net, após participar de live da Alright sobre estratégias para um cenário sem cookies de terceiros

Rodrigo Bravo fala de forma exclusiva para Alright e Coletiva.net - Crédito: Reprodução/Linkedin

Com o início da nova fase, em que se dedica a potencializar o Jornalismo Local e combater desertos de notícias e desinformação, a Alright lançou o guia 'Como transformar tendências em ações' e uma série de lives que destacam os conteúdos trazidos no documento. No final de março, a atração recebeu Rodrigo Bravo, gerente de Parceria Estratégica no Google. O gestor conversou com exclusividade com a equipe de Coletiva.net e Alright sobre o mundo digital com mais privacidade e o relacionamento das marcas com as pessoas. O estudo pode ser baixado aqui.

No início do ano, o Google colocou em prática o plano de desativação de cookies de terceiros - mecanismo que armazena informações dos usuários, como o padrão de uso da internet e as utiliza para personalizar anúncios. As estratégias para um mundo após o término da ferramenta foram o tema da live que Rodrigo participou. "Com o fim dos cookies de terceiros, a lógica básica do funcionamento da internet mudará", disse o profissional em entrevista.

Segundo Rodrigo, sem os cookies, serão encontradas mais dificuldades em mensurar resultados, fazer análises de conversão e estudar impactos de otimizações. "Já para o universo de publishers e anunciantes, o foco deve mudar completamente para tecnologias first party - que incluem dados sobre comportamento dos usuários, interesses e ações realizadas no website ou app de uma empresa ou em redes sociais - (ou proprietárias)", avaliou. Porém, o Google já trabalha em uma nova ferramenta que atenda às necessidades dessa nova realidade. É o caso do Privacy Sandbox: "Surge para garantir o desenvolvimento de APIs como o Attribution Reporting API ou o Protected Audience API, que, respeitando a privacidade, oferecem uma alternativa para que a boa experiência na web continue funcionando".

Adaptar-se às novas demandas do mundo digital, de acordo com Rodrigo, faz parte do DNA da companhia, que leva o mantra "foque no usuário e todo o resto vem depois". "No final do dia, se essa foi uma das qualidades que trouxe a empresa até aqui, e hoje existe uma exigência desses mesmos usuários por privacidade - sem falar das inúmeras regulamentações que estão surgindo - acredito que o melhor caminho é continuar seguindo esse ensinamento", pontuou.

Desafios e oportunidades

Para Rodrigo, a nova realidade sem cookies traz uma série de desafios ao mercado publicitário, "em diversas esferas", a começar pelo entendimento do cenário complexo de mudanças regulatórias e tecnológicas. "Ainda hoje, a maioria das organizações terceiriza a responsabilidade sobre a gestão dos dados - que envolve conhecimento técnico, análise e geração de insights e ativação/monetização", avaliou. Porém, com a aposta em dados first party, essa obrigação é transferida para o veículo que, por sua vez, terá que construir muitas vezes uma estrutura interna e uma estratégia de como tratar e trabalhar com esse dado, conforme ressaltou o gerente. "Tudo isso é complexo, mas também acredito que, no meio desses desafios, estão as grandes oportunidades para os publishers, que agora podem ter o controle da gestão de dados e entregar mais valor para os usuários e anunciantes", afirmou.

A utilização dos cookies de terceiros, quando bem feita, segundo Rodrigo, é benéfica ao usuário, que percebe a "personalização pela boa experiência na web e outras plataformas, quando sites, anunciantes e prestadores de serviços usam essas informações para facilitar a navegação". A alternativa, então, para um mundo sem a ferramenta continua a ser a entrega de "uma boa experiência", mas por meio de outros identificadores, os quais, agora, devem respeitar a privacidade.

Ecossistema de notícias

Outro assunto presente no dia a dia da companhia é o engajamento com o ecossistema de notícias, a partir de programas de fomento ao Jornalismo Local e profissional, como o Google News Initiative (GNI), criado em 2018 com o objetivo de aumentar, ainda mais, o comprometimento com a indústria jornalística. Com a iniciativa, a big tech oferece a jornalistas e editores, de todos os tamanhos, uma gama de recursos, produtos, conhecimento digital e soluções colaborativas que estimulam o progresso em toda a indústria de notícias.

"Nossas parcerias apoiam o avanço do Jornalismo de qualidade e ajudam os publishers a construir modelos de negócios mais fortes e sustentáveis. Para esse efeito, estamos trabalhando em conjunto com redações, startups de notícias, investigadores e produtores de conteúdos em todo o mundo para construir um ecossistema de notícias mais sustentável", pontuou o gerente. O objetivo é fazer com que todos os usuários, em qualquer lugar, tenham acesso a informações confiáveis "Existe uma relação intrínseca da busca com consumo de conteúdo e informação", finalizou. 

Confira a live da Alright com participação de Rodrigo Bravo:

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