Google testa IA generativa que pode ajudar jornalistas a escreverem notícias

'Genesis' conseguiria absorver conteúdos sobre fatos recentes detalhadamente e elaborar matérias jornalísticas

Buscador é líder do mercado de distribuição de informações on-line - Créditos: Reprodução/Wikipedia

O Google está conduzindo testes em uma ferramenta de Inteligência Artificial Generativa (GenAI, na sigla em inglês) que tem como objetivo auxiliar o trabalho de jornalistas. De acordo com relatos, 'Genesis' seria capaz de consumir dados sobre acontecimentos recentes e compactá-los na forma de notícia. A informação foi publicada em reportagem do The New York Times, que mostra uma apresentação da big tech sobre a tecnologia a executivos de grandes jornais americanos, como o próprio NYT, The Washington Post e News Corp, dona do The Wall Street Journal.

Tecnologia não substitui jornalistas

Segundo pessoas que acompanharam a apresentação, o Google acredita que o 'Genesis' poderá ser usado como uma ferramenta para o trabalho jornalístico, com a automação de alguns processos e a sugestão de títulos ou estilos de escrita. Contudo, nem todos se convenceram com o discurso. Alguns executivos, que preferiram não serem identificados, disseram ao The New York Times que a proposta desmerece esforços de profissionais da área na apuração e na produção de notícias.

A representante do Google Jean Crider declarou que, junto a editores de notícias, a empresa está nos "estágios iniciais de ideias" para prover tecnologias de IA que ajudem os profissionais de imprensa em suas atribuições. Segundo ela, "essas ferramentas não pretendem e não podem substituir o papel essencial que os jornalistas têm em reportar, criar e verificar os fatos de seus artigos."

Apreensão no setor

Apesar da declaração da big tech, há certo receio na área. Veículos de Comunicação anunciam cada vez mais a substituição de mão-de-obra especializada por ferramentas de GenAI - ainda que apresentem falhas e cometam erros significativos. Simultaneamente, há uma crescente discussão acerca da base de dados usada no treinamento dessas tecnologias. Se o Google sugere que o 'Genesis' pode elaborar um estilo de escrita seguindo o padrão de determinado jornal, prova-se que a IA se apropriou do histórico de conteúdo de vários jornalistas que têm material publicado na internet.

O debate segue a mesma linha do papel central que o Google tem na distribuição de informações e conteúdos pela internet. O buscador mais usado no mundo não produz notícias, mas os canais dependem dos algoritmos da empresa para conseguirem boa visibilidade e posicionamento no mecanismo de busca.

Além disso, a plataforma pode apresentar resumos na forma de snippets com o conteúdo dos sites na própria SERP (página de resultados de uma pesquisa). Assim, o internauta não precisa entrar no endereço da fonte para conseguir as informações que procurava. A prática será potencializada com a integração de IA no novo buscador da companhia. O chatbot de GenAI do Google também entra na discussão. Os dados que o 'Bard' fornece a usuários carecem, com frequência, de fontes e links de direcionamento. Isso resulta na queda do rendimento de quem de fato produz os conteúdos.

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