Jornais mudam grafismo para registrar fatos da tragédia

Luto pelas vítimas do incêndio na boate Kiss refletiu no projeto gráfico e editorial dos veículos

Desde segunda-feira, 28, o luto pelas vítimas do incêndio na boate Kiss, que matou 235 pessoas, em Santa Maria, estampa os jornais do Estado e do País. O jornal Zero Hora adotou a postura mais radical ao dispensar todo o seu projeto gráfico e levar ao público uma edição especial na qual a cor preta predominava. Quase que integralmente dedicada à cobertura do caso - apenas o Segundo Caderno, a Agenda e o suplemento Meu Filho mantiveram seus temas -, ZH trouxe em 56 páginas os detalhes sobre a tragédia, com textos especiais relatados por colunistas e repórteres especiais, como David Coimbra, Moisés Mendes, Humberto Trezzi, Rosane de Oliveira e Tulio Milman, entre outros.
Identificado como o primeiro jornal de Porto Alegre a trazer cores em todas as páginas, na segunda-feira O Sul circulou em preto e branco pela primeira vez em sua história. O mesmo aconteceu com o Diário Catarinense e com o carioca O Dia, cujos logotipos e imagens perderam as cores. Apesar de voltado ao segmento econômico, o Jornal do Comércio não deixou de abordar o assunto, dando manchete de capa à tragédia. No Correio do Povo, as manchetes "Desespero" e "Dor" estamparam, respectivamente, capa e contracapa do jornal, acompanhadas de fotos do incêndio e do velório no ginásio, em fundo preto.  O acidente também foi retratado em 10 páginas de reportagens e por colunistas do jornal.
Tradicional jornal da cidade, o Diário de Santa Maria uniu capa e contracapa com uma única foto que estampava a tragédia. No cabeçalho, as cores vermelho e azul do logotipo foram trocadas pelo preto. Na manchete, a inscrição "Santa Maria, 27/01/2013". A publicação, que tem tiragem de cerca de 20 mil exemplares - conforme dados do IVC, em dezembro -, neste dia rodou oito mil exemplares a mais para a venda em bancas. Às 10h, a edição já estava esgotada e mais 2,5 mil cópias extras precisaram ser rodadas.
Ainda nesta quarta-feira, 30, muito do que se viu no dia após o incêndio permanece nos jornais, tanto em projeto gráfico, que continuam a circular com faixas pretas, como em conteúdo jornalístico, cuja cobertura intensa, mesmo que menor do que nos primeiros dias, parece estar longe de se esgotar.

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