Semana do Repórter: Dalva Bavaresco
Jornalista conta ao Coletiva.net sobre a reportagem que marcou sua trajetória

A responsabilidade de checar os fatos e apresentar com êxito à população é um dos lemas que carrega a profissão de jornalismo. É por meio deste e outros motivos que o Coletiva.net decidiu homenagear os repórteres, que celebraram o seu dia ontem, 16. Em meio a diversas ações, a equipe conversou com jornalistas que atuam na reportagem no Rio Grande do Sul, para entender o significado dessa profissão para eles e descobrir o trabalho mais marcante.
Nesta edição do especial 'Semana do Repórter', Dalva Bavaresco, que atua como repórter na TVE, é quem conta detalhes sobre sua visão sobre o que a área exige. A profissional traz a história de um documentário feito para a rádio FM Cultura, no qual lhe rendeu o 'Prêmio Justiça e Direitos Humanos', na categoria de rádio.
Confira o bate-papo:
Repórter: Dalva Bavaresco
Veículo atual: TVE
1 - O que significa para você ser repórter?
Ser repórter é ser curioso, ter sede de conhecimento, paciência para apurar a informação e clareza para passá-la adiante. É gostar de gente, de ouvir e de contar histórias.
2- Qual reportagem mais marcou sua vida?
Um documentário feito para a rádio FM Cultura sobre o resgate da cidadania brasileira de Peter Ho Peng, um chinês que se naturalizou brasileiro mas foi forçado a deixar o país na condição de apátrida durante o regime militar, após ter seus documentos apagados pelos órgãos de repressão. O militante de movimentos estudantis da Escola de Engenharia da Ufrgs era considerado inimigo do Estado, foi preso e torturado. Conseguiu exílio nos Estados Unidos, onde vive até hoje com a família, mas nunca perdeu a esperança de reaver seus direitos civis. Uma luta que levaria 40 anos para ter um final feliz, após o trabalho de reparação da Comissão Nacional da Anistia.
3 - Por que ela foi tão importante para você?
Porque foi um dos primeiros documentários que fiz como profissional e uma oportunidade em que pude comprovar na prática o impacto que o jornalismo pode ter na vida das pessoas. Para Peter Ho Peng, o trabalho foi um divisor de águas na vida pessoal. Para mim, foi uma experiência gratificante. Afinal, a reportagem deu visibilidade a uma história de injustiça dos anos de chumbo, e ainda foi a vencedora do Prêmio Justiça e Direitos Humanos na categoria rádio.
4 - Como foi o processo de checagem e apuração desta reportagem? Trabalhoso, entrevistei diversas fontes próximas ao personagem principal do documentário para reconstruir a trajetória dele durante a ditadura, da militância à expulsão do país, e contar como ele conseguiu, enfim, conquistar seus direitos de cidadão brasileiro.
5 - Qual foi o seu sentimento ao ver o resultado final desta reportagem? De orgulho e gratidão.