O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Macrs), que há 33 anos está sediado na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), ganhará nesta semana um local próprio no bairro Floresta. A inauguração oficial do espaço, voltada a convidados e autoridades, acontece na próxima quinta-feira, 14.

A visitação pública, por sua vez, inicia no dia seguinte, sexta-feira, 15, com uma exposição de Nuno Ramos. O novo local, chamado Macrs 4D, está situado na Rua Comendador Azevedo, nº 256, e ocupa um galpão industrial de 500 m² cedido pelo governo do Estado, onde anteriormente funcionava um depósito da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Exposição de estreia

A mostra 'Três Casas' foi concebida a partir de diálogos entre Nuno Ramos, o curador André Severo e a diretora do museu, Adriana Boff. Impactado pelas enchentes de abril e maio de 2024, o artista decidiu abordar o evento climático no evento de inauguração, visitando a Região Metropolitana de Porto Alegre nas semanas seguintes à cheia do Guaíba.

Nunes buscou ter um olhar sensível com a destruição das casas na Vila dos Papeleiros, na região das Ilhas, no bairro Sarandi e em outras cidades da Grande Porto Alegre. A obra recria três réplicas em tamanho real de residências onde o artista viveu, utilizando materiais como mármore, granito e areia, e as submerge em lama produzida em São Paulo nas cores branca, preta e marrom. Ele considerou que o uso de depoimentos e a exposição de detritos seriam inadequados devido ao trauma recente.

O espaço do MACRS 4D, viabilizado com investimentos de mais de R$ 5 milhões do governo estadual, terá cerca de 300 metros quadrados destinados a exposições. O local também inclui um pátio com mais de 1.700 metros quadrados que irá acolher um jardim de esculturas, um café, um espelho d'água e áreas para programas educativos.

Dois bondes da Carris, doados pela SSP à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), responsável pelo MACRS, estão sendo reformados para receber atividades formativas. Segundo a diretora Adriana Boff, um dos eixos centrais do novo museu será o diálogo com a comunidade do entorno, que abrange espaços culturais como o Vila Flores e o Loteamento Santa Terezinha, também conhecido como Vila dos Papeleiros.