Gilberto Simões Pires: Dono de sua própria verdade
Crítico e bom argumentador, entrou para a comunicação depois que sua carreira na área financeira já estava consolidada no mercado
Crítico e bom argumentador, Gilberto Simões Pires só entrou para a comunicação depois que sua carreira na área financeira já estava consolidada no mercado nacional. Começou como informante da imprensa e acabou frente às câmeras de TV comandando programas do gênero. Com passagens pela TVE, Grupo RBS, TV Pampa, Grupo Bandeirantes, apresentou por oito anos o Programa Pontocritico.Com, no canal 20 da NET. Hoje, assina a letter Pontocritico.Com, que é enviada para mais de 40 mil assinantes, e comanda o Clube de Editores e Jornalistas de Opinião de Porto ALegre, do qual foi eleito foi eleito presidente nesta semana. O comunicador, nascido
Filho de um despachante e de uma dona de casa, Gilberto conta que, ao contrário do que comumente acontece, não recebeu nenhuma orientação profissional de sua família. O pai se preocupava, em primeiro lugar, com a felicidade do filho, e dizia que ele deveria ser livre para procurar o que mais lhe agradava. O primeiro emprego foi na área de vendas da Olivetti, empresa de máquinas de escrever. Ali, descobriu que lhe faltava "enriquecimento" para argumentações e foi na Administração que encontrou o que buscava: conhecimento empresarial.
Formou-se em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e, em seguida, foi morar
De informante a crítico
O envolvimento com a área foi tão grande que o informante passou a ser um crítico: "Essa minha participação mais amiúde dentro da área de comunicação me trouxe para ela. Passei a ser um crítico justamente das coisas que envolvem liberalismo, economia e política". Aos poucos, os convites para atuar nos meios de comunicação começaram a chegar e as propostas foram melhorando.
A estréia ocorreu em um programa de 30 minutos, que ia ao ar aos sábados, na TV Cultura (TVE). Logo depois, passou a integrar o quadro de colaboradores do programa Câmera Dois, de Clóvis Duarte, onde apresentava o quadro Finanças e Economia. No Grupo RBS, durante quase quatro anos, assinou um box sobre finanças no jornal Zero Hora e fazia dois comentários diários na Rádio Gaúcha e um comentário para a TV. Ainda registra passagem pela TV Pampa, onde estruturou o programa de entrevistas Pampa Boa Noite, e na Rede Bandeirantes, com programas na rádio e TV e comentários diários.
Novos desafios
Há sete anos Gilberto se propôs um desafio: abrir seu próprio meio de comunicação. Nascia, assim, o site www.pontocritico.com que, originalmente, era um programa de rádio e televisão exibido pela Band. "Foi um risco e um oportunidade. Naquele momento, estava enxergando que a Internet seria o grande lance e isso só dependeria das pessoas terem seus equipamentos. Mas já imaginava que o crescimento seria impressionante", relata.
Segundo o comunicador, o diferencial do portal está no foco opinativo e na linha editorial liberal. "O site é de opinião. Tu tens que opinar! Mas quem opina corre o risco de agradar ou desagradar às pessoas. Mas o site não muda e não trai o leitor."
Sua meta é sempre desafiar os sentimentos do leitor. Para isso, tenta descobrir diariamente temas sobre os quais possa opinar e que sejam de interesse de quem lê. "Quanto mais eu provoco o leitor, maior será o sucesso do meu texto." Ficar em cima do muro, definitivamente, não é com ele. Nome de grande credibilidade na comunidade gaúcha, Gilberto é um liberal convicto, defensor da economia de mercado e do fim de qualquer subsídio por parte do governo.
Empreendimento familiar
A publicação de matérias, coberturas de eventos e administração do Pontocrítico.Com é feita
A mobilidade da Internet facilitou o trabalho e o lazer
Mesmo com as viagens internacionais de trabalho, os leitores não são esquecidos: Gilberto se organiza, escreve os textos antes e a newsletter não falha. "O que facilitou a nossa vida foi a tal da Internet. Quando estava nos meios de comunicação, eu era obrigado a estar lá e, com a web, basta você ter sinal e equipamento."
O casal, que já completou Bodas de Prata, não tem filhos. Os herdeiros Cristina, 40, e Fernando, 37, formados em Administração, são fruto de seu primeiro casamento. O comunicador tem três netos: Richard, 15, Fernanda, 12, e Maria Luiza, de dois meses.
Razão como religião
Quando não está conectado, dedica a maior parte do seu tempo à leitura e justifica: "Só pode opinar quem lê. Leitura é fundamental!" Dinâmico e organizado, costuma ler mais de três publicações ao mesmo tempo. Em sua mesa, é possível encontrar pilhas de livros, revistas e jornais, e caixas com recortes de assuntos que considera interessantes, sobre economia e política. O comunicador encara música e cinema como entretenimento, mas revela que não tem boa memória para gravar nomes de filmes, músicas, atores e diretores.
A incessante busca pelo conhecimento tem uma explicação: "A razão é a minha religião e a minha lógica. Brigo por ela em todos os sentidos e reúno o máximo de conhecimento para fortalecer esse meu ponto de vista. Eu a persigo e, na medida do possível, a transformo justamente na minha forma de expressão."
A personalidade crítica e o lado estratégico do comunicador estão presentes até mesmo em seus hobbies. Ele joga futebol três vezes por semana e sua posição é meio-campo. "Esse é o jogador que tem que enxergar o jogo. É no meio-campo que acontece a criação da jogada. O meio-campo é quem tem que ajudar a defesa e o ataque, ele não vai aparecer, pois quem aparece é quem finaliza." Torcedor assíduo do Sport Club internacional, já foi diretor do time colorado por duas gestõe, na década de 80.
Gilberto se define como um brigão, um grande provocador. Sua filosofia é utilizar o máximo do tempo de vida para fazer alguma coisa útil. Sempre observador, quando vai a uma coletiva de imprensa tem o hábito de ser duro nas perguntas, mas explica: "Vou a uma entrevista e faço uma pergunta não para desconcertar ou aparecer, apenas quero ver como o entrevistado se comporta com o raciocínio que ele tem. Ou o cara se prepara ou vai dançar!"
Para ele, tanto o mercado como o público o enxergam como uma pessoa polêmica e ele credita sua popularidade no meio a esta característica. Definitivamente, chamá-lo de "dono da verdade" não é ofensa. "Sou um perfeccionista. Todo o perfeccionista é um sofredor e toda a pessoa que opina é a dona da verdade. Muitas vezes as pessoas criticam e perguntam "mas como e porque alguém pode se achar o dono da verdade? Porque quem não trabalha com a sua verdade e a sua convicção não pode opinar! Eu só posso opinar sobre aquilo que concordo e que entendo que é válido ou certo. Então, essa passa a ser a minha verdade. Eu posso trocar? Sim! Mas desde que alguém me convença de que existe uma verdade melhor do que aquela de que eu estou convencido. Todos que opinam têm que ser donos de suas verdades".
