Alexandre Germani: O gordinho simpático
Ele faz questão de manter excelentes relações profissionais e pessoais
Por Márcia Farias
Se existe alguém que fala sorrindo, seu nome é Alexandre Germani, ou melhor, Alex, como é conhecido. Ele se intitula um 'gordinho simpático' e, com a brincadeira, explica ser alguém de fácil relacionamento. Homem alto e robusto, à primeira vista é possível identificar o carinho com que trata todos ao redor. São raros os momentos em que o riso não está presente na conversa. Em quase duas horas, o divertido sócio-diretor da agência São Jorge mostra-se de bem com a vida, disposto a trabalhar e bastante determinado.
Nascido na véspera de Natal, aos 45 anos Alex confirma que fazer aniversário em datas comemorativas nem sempre é bom, pois só se ganha um presente. "Quando criança, achava que toda aquela festa era pra mim", brinca. Ele acredita ter tido uma criação privilegiada no que se refere à cultura. Os pais, Álvaro Ari e Teresinha, já falecidos, sempre o incentivaram a frequentar cinema, teatro, ouvir música, ler livros diversos. O resultado foi "a contribuição que essa mistura deu para que escolhesse seguir qualquer profissão". Apesar do sonho de todos os pais da época em ver os filhos formados em Medicina, Direito ou Engenharia, Alex optou pela Publicidade. Graduado pela Famecos, também é especialista em Marketing e Propaganda e Produção de Rádio e TV, ambas cursadas nos Estados Unidos.
Adora o que faz e não vê problemas em trabalhar muito. Acredita que nunca ficou deslumbrado com o glamour da Propaganda, mas sempre foi empolgado com suas funções, seja em agência, produtoras de vídeo ou de áudio. Das experiências profissionais, o que ele mais preza são as afinidades criadas e cultivadas: "Gosto de tratar bem clientes e fornecedores. Mesmo quando se tornam concorrentes, tem que haver respeito e parceria".
Os melhores elogios
Relacionamento. Este é o grande trunfo de Alex no mercado de trabalho e até mesmo entre amigos e família. O quinto de cinco filhos conta que vem de família italiana e grande, onde todo mundo fala alto e gesticula muito. Todas estas características, aliás, são facilmente percebidas em poucos minutos de conversa. "Sinto que as pessoas gostam de estar perto de mim. Poder contar com amigos e família é o gás que preciso para tocar a vida", completa.
Reconhecimento é outro aspecto lembrado com orgulho pelo publicitário. Segundo ele, a sucessão de conquistas é o termômetro para saber que algo está dando certo na agência e que tem uma equipe competente. Apesar de valorizar quem trabalha ao seu lado, ele já teve a experiência de ser elogiado pelo próprio desenvolvimento profissional: no 17° Salão da Propaganda - promovido pela Associação Riograndense de Propaganda (ARP) - ganhou o prêmio de destaque profissional na categoria RTVC, pela produção de comerciais publicitários. O retorno da vitória apareceu nas ligações de fornecedores com propostas para tê-lo em suas empresas.
Alex valoriza o "saber ouvir" e, por conta disso, não gosta de ser mal-interpretado ou julgado da forma errada. Esta, aliás, é uma das poucas situações que consegue lhe tirar do sério. "Aprendi a trabalhar baseado na ética e na verdade, mas não consigo fazer pouco caso de nada. A impessoalidade do julgamento equivocado me deixa muito incomodado", conta.
As melhores experiências
Filho de dona de casa e empresário, a fruta não caiu longe do pé. Não demorou muito para ele decidir que queria ter o próprio negócio - que ele define como primeiro desafio na carreira. Do propósito, surgiu a Sociedade Acústica, fundada com mais quatro amigos, todos músicos e criativos. Alex era o único profissional a comandar o administrativo e comercial da produtora de áudio.
Era ele quem cuidava das vendas e, mais uma vez, a importância das relações sólidas se fez presente. "Eu precisava manter meus clientes e fornecedores perto de mim. Era necessário que esses contatos fossem lustrados, cuidados e entendidos." Oito anos foram o tempo que permaneceu como sócio, mas como nunca fecha as portas para novas oportunidades, topou a proposta de assumir o setor de atendimento da TGD Filmes.
Pingue-pongue é como chama a trajetória profissional, pois circulou entre agências e produtoras por diversas vezes. Ou seja, Alex esteve dos dois lados do balcão, foi cliente e foi fornecedor. Entre a primeira e a segunda experiência de ter a empresa própria existiram outras experiências. Começou a carreira na Standard Ogilvy & Mather, a qual se refere com muito carinho, e teve também passagem pelas produtoras Zeppelin e Rádio Frequência.
Desde 2005, atua como sócio-diretor da agência São Jorge, ao lado do publicitário Fabiano Bonetti, que coordena a área de criação. A empresa, para ele, é um desafio constante. "Desde a conquista de uma nova conta, a estruturação da equipe, o processo operacional, tudo é instigante", resume.
A melhor escolha
Além da trajetória pelo mercado publicitário, Alex construiu sua história na comunidade acadêmica. Professor universitário há 17 anos, ele tem passagens pela PUC e pela Ulbra, sempre ministrando disciplinas sobre Produção de áudio e TV. Ao afirmar que não considera as aulas caretas, ele tem certeza do quanto é querido pelos alunos. Prova disso é ser convidado até hoje, e por diversas vezes, para ser paraninfo ou homenageado de suas turmas. Sobre a experiência ele diz: "Muita gente bacana passou pela minha disciplina. Gosto de ensinar, mas também gosto de aprender com os jovens".
Hoje, leciona exclusivamente na ESPM a matéria Escola de Criação, aos sábados, o que lhe proporciona uma melhor organização de horários. Apesar de garantir que se sente muito bem em sala de aula, é enfático ao dizer que, se tivesse que optar pela academia ou pelo mercado, a segunda opção seria a escolha. "Não adianta, adoro atender clientes e me envolver com projetos. Acho que todo mundo tem que ser feliz, independentemente do que faz".
A melhor companhia
Há cerca de dois anos, junto com a esposa Gabriela, publicitária e chef de cozinha, tomou uma decisão que mudou tudo: ter um filho. O sorriso - marca no rosto de Alex - vem acompanhado de muito brilho no olhar ao falar de Tito, de um ano e dois meses. Hoje, o maior prazer é dedicar tempo ao pequeno e isso é feito com bastante frequência. Um dos hábitos que Tito tem aprendido é ouvir música, uma paixão do pai: "Uma vez ouvimos todo o CD do Legião Urbana. Eu cantava empolgadíssimo e ele dançava. Achei aquilo demais", conta, às gargalhadas.
Atualmente, o lazer de finais de semana resume-se a passeios em que Tito possa curtir também. Alex resume o filho como sendo "a cara da mãe e uma figura" e o momento de ser pai como "a compensação de qualquer momento chato ou triste". O publicitário fala mais: "A convivência com ele e com a Gabriela é, sem dúvida, o que mais me dá prazer". Ser um casal maduro, segundo constata, ajuda em diversos momentos, especialmente quando se trata de ficar em casa e curtir isso. Ver um filme e tomar um vinho, por exemplo, é a pedida de um bom final de semana, mas, claro, só depois que Tito dormir.
Falar da companheira Gabriela também parece fácil para Alex. Os colegas de faculdade, que mantinham amigos em comum, aproveitaram muito a vida de casados, pois a chegada do filho veio após 10 anos de matrimônio e, apesar das idades, ele não vê isso como problema. "Curtimos tudo que tínhamos para curtir, agora é hora de nos dedicarmos ao Tito", explica. A chef de cozinha tem um tempero maravilhoso, segundo as palavras do marido, mas ele também se arrisca na gastronomia: feijoada é a especialidade. "Na mão dela nada é um reles sanduíche, tudo se transforma numa superprodução. Olha o tamanho que fiquei", brinca Alex, 1,84 metro e mais de 120 quilos. Em seguida, frisa que admira a esposa e a sua batalha diária para novos desafios.
A melhor frase
Apesar de gostar muito do que faz, o gremista convicto admite que não se sente 100% realizado, pois se acha novo para isso. "Ainda tenho muito a realizar e desenvolver, sou um pouco inquieto em relação a isso." De toda a conversa, das recordações da família e da sua trajetória, ele encerra dizendo que seu único lema de vida é fazer tudo com honestidade e verdade. E vai mais longe: "A felicidade é feita de pequenos momentos."