Amanda Tegon: Nascida para render belas histórias
Gerente de Marketing da Banrisul Pagamentos leva a rotina com pragmatismo, amor e simplicidade nas ações
Ninguém resiste em ouvir uma pessoa que está cheia de histórias boas para contar, não é mesmo? Pois bem, esse parece ser o caso da Amanda Tegon. Tudo se inicia em 1985, período de um dos momentos mais importantes para a História do Brasil. Em maio daquele ano, a população acompanhou atentamente os passos rumo à redemocratização e às reformas estruturais. Apesar do feito, esse não foi o acontecimento mais emblemático do período, pelo menos não para o seu Roque Afonso e para a dona Elenara Maria, que aguardavam ansiosos pelo nascimento da filha caçula.
Enquanto em Brasília a situação do País estava indefinida, na residência do casal tudo tinha sido muito bem resolvido. Foi ainda com oito meses de gestação, que na madrugada do dia nove de maio daquele ano, a dona Elenara se queixava para o marido de pequenas dores abdominais. Aquele desconforto não era por acaso. A bolsa estourou e não deu tempo nem de se deslocarem para o hospital. Afinal de contas, Amanda queria vir ao mundo um mês antes do previsto. E ficou nas mãos do seu Roque a responsabilidade de fazer o parto da filha mais nova. "Há pessoas que gostariam do parto humanizado, o da minha mãe foi mais ou menos assim", brinca, aos risos.
Prática, estratégica e ágil, simples assim. A protagonista desta história decidiu vir ao mundo sem dar trabalho a ninguém. "Boa em resolver coisas", avalia-se. Talvez essa seja uma das suas principais características, de não deixar os problemas para depois e, sim, resolvê-los o mais rápido possível. Mas não é só isso, o propósito e a prevenção precisam estar alinhados com as ideias. É dessa forma que a relações-públicas e gerente de Marketing da Banrisul Pagamentos - braço tecnológico da Vero e do Banrisul - leva a vida, com pragmatismo, amor e simplicidade nas ações.
De uma vida agitada, advinda do cargo que ocupa, o planejamento e a estratégia não ficam somente no âmbito profissional, mas, também, no pessoal. Nas primeiras horas do dia, toma o café da manhã, pratica meditação e, depois, uma caminhada pela rua. "Hábitos que fazem bem para a minha mente." Segundo Amanda, isso tudo é possível devido à uma organização de agenda de tarefas. Apesar de ter a possibilidade de trabalhar de casa, faz questão de ir ao escritório e realizar as atividades no local, a fim de cumprir tudo que deseja.
Viagem da cerimônia
A vida de Amanda é uma verdadeira história, visto que quase tudo está ligado. Um exemplo disso é de quando conheceu o marido, o empresário Luiz Marcelo Tegon. Segundo ela, nunca foi de frequentar casas noturnas, no entanto, em uma noite, foi convidada por uma amiga para assistir a um show cover de Rock. E foi justamente nesta noite que o casal se conheceu e se apaixonou. "Eu não estava aberta a relacionamentos, mas foi um apego muito rápido. Tanto que casamos em um ano", confessa, aos risos. O casal se completou de imediato e, além disso, puderam compartilhar de um gosto em comum: viajar.
O apreço por viagens surgiu desde nova. Em datas comemorativas, como aniversários, a mãe costumava presentear os filhos com uma viagem para a Serra Gaúcha, ao invés de dar algum outro tipo de presente. "Mas quando casei, descobri que meu marido gostava ainda mais do que eu. Ele trabalhou em uma empresa multinacional, que cuidava de produtos para todo o hemisfério-norte", diz. Conforme Amanda, naquele tempo, a vida dele era praticamente viajar. "Só com ele, tive a oportunidade de conhecer 12 países."
De todos os lugares para onde Amanda pode ir, um deles está guardado no coração. Trata-se da Polinésia, uma sub-região da Oceania, composta por diversas ilhas paradisíacas, espalhadas pelo Oceano Pacífico, Central e Meridional. Um ano após iniciar o relacionamento com Marcelo, o casal foi para o local, a fim de passar férias de 20 dias. "Um lugar de muita preservação ambiental, com peixes e 'animais vivos', o que significa dizer que se trata de um local onde os bichos parecem diferentes, por conta de suas aparições cheias de cores e vida."
Ao chegarem em uma das ilhas, Amanda conta que ficou emocionada com a beleza natural do lugar e, naquele instante, começou a chorar de emoção. "Eu nunca vi uma coisa tão linda na minha vida", frisa. Nesse exato momento, Marcelo pegou as alianças, ajoelhou-se e a pediu Amanda em casamento. Isso tudo, inclusive, com somente os dois no local paradisíaco. Com o aceite, o agora noivo foi para o segundo ato: avisá-la de que se casariam naquele mesmo local do pedido, porém, dois dias depois. "Eu fiquei sem reação, mas foi tão lindo e casamos ali mesmo. Ele havia deixado tudo organizado com os profissionais do hotel que ficamos", lembra.
Após dois dias, chegou o momento do casamento. Uma cerimônia simples, em um local paradisíaco, sem amigos, familiares ou conhecidos, somente os dois e a equipe do hotel. "Nos casamos com as roupas que lá compramos, ele todos de branco e eu, com uma vestimenta que se chama Pareôa, muito parecido com a nossa canga", recorda. Alguns anos depois, o amor gerou um fruto, o primeiro filho do casal, Luiz Felipe, de sete anos.
Maternidade
Ainda que Amanda tenha uma rotina organizada, no fundo, essa dedicação está ligada ao herdeiro. Ela faz questão de aproveitar todos os momentos ao lado do pequeno, sobretudo após o expediente no trabalho, porque vai buscá-lo na escola a fim de aproveitar ao máximo o encerramento do dia ao lado dele. "Quero saber de todos os detalhes, de tudo que aprendeu durante o dia." Ela e o marido costumam motivar o filho e promover uma vida de ensinamentos, por meio de incentivos à cultura, à arte e aos esportes.
Para Amanda, na maternidade, aprende-se muito mais do que se ensina, visto que, na opinião dela, o adulto acredita ser mais sábio do que a criança, o que pode ser injusto. "Eu vejo que aprendo todos os dias como se negocia, conversa, conduz assuntos delicados e tudo mais. Essa foi a experiência mais transformadora da minha vida", garante. Entretanto, a relações-públicas revela que o início da sua vida como mãe foi mais desafiador do que imaginava, pois acreditava que, por ser planejada, "tiraria de letra".
"Eu sou muito pragmática e, quando decidimos ter um filho, logo dei jeito de me planejar para isso, o que eu considero ter sido equivocado." Naquele momento, pensou que poderia colocar suas habilidades de vida profissional, na vida de mãe, como se fosse uma receita de bolo. "Quando o nosso filho nasceu, foi completamente diferente e isso me assustou um pouco, a ponto de ter que procurar terapia para lidar com algumas questões da maternidade", recorda.
O momento foi importante para ela entender e mexer na engrenagem para torná-la a mãe que é. "E essa geração nova ensina muito mais leveza, carinho, respeito." Hoje, Amanda transmite ao pequeno Luiz ferramentas para ele ser feliz e isso significa ser a pessoa que quiser, ser respeitoso e ter conexão com os seus sentimentos. "O diálogo é fundamental na nossa criação e ser mãe é aprender todos os dias com o meu filho", orgulha-se.
Disciplina de criação
A tradicional Cidade Baixa, a CB, como carinhosamente é chamada, é uma área famosa de Porto Alegre, conhecida por sua vibe boêmia, que abriga bares, casas noturnas e locais de música ao vivo. Contudo, será que as pessoas que moram naquela localidade têm a mesma característica do bairro? Amanda não. Nascida e criada no bairro, pode-se dizer que ela não tem nada a ver com o ritmo intenso da CB, pelo contrário, trata-se de uma pessoa que não frequenta muitas festas e prefere ficar sossegada.
Aliás, para ela, o estereótipo fica por conta das pessoas que não residem no local, visto que ali aconteceram os momentos e recordações da sua criação. "Eu frequentava a igreja do bairro, a Sagrada Família, além de conviver com os vizinhos do prédio e os moradores da rua. Tenho um carinho especial por aquela região", comenta. Um dos episódios que mais a marcou foi aos quatro anos de idade, quando ingressou nas aulas de balé, em uma escola do bairro. Ela tornou-se bailarina e, ainda, apresentou-se em diversos palcos, e teve uma carreira de quase 20 anos.
Antes de entrar no Banrisul, chegou a dar aula em duas escolas, uma para projeto social e outra particular. Porém, sempre soube que não levaria a dança como profissão, uma vez que, segundo ela, no Brasil, a dança não revela muitos talentos. "A disciplina que tenho hoje é provinda do balé, uma dança clássica que requer muita concentração e disciplina, para a execução de movimentos, postura, vestimentas e tudo mais."
Como mencionado, Amanda é a caçula, sendo a irmã mais nova do historiador e dramaturgo Afonso Lima, com quem tem oito anos de diferença, e do sociólogo Antônio Lima, este com um ano e meio apenas. Os programas de finais de semanas, bem como as férias, eram nas casas de parentes nas cidades de Bom Jesus e Vacaria, em fazendas e sítios. As recordações daquela época estão ligadas à convivência com pessoas mais velhas, de quem as crianças adoravam ficar por perto para escutar histórias, de amigos e antepassados. "Um dos divertimentos eram os encontros para pescar, caçar animais como tatu e capivara", conta. Por ironia do destino, hoje ela é vegetariana e defensora das causas animais e ambientais.
Carreira
Formada em Relações Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e mestre em Marketing pela mesma instituição de ensino, teve como primeiro emprego um estágio na prefeitura de Canoas. Aos 20 anos, prestou concurso para o Banrisul. O banco foi a sua grande escola, pois teve a oportunidade de passar por diversos setores e entender de perto os trâmites do dia a dia.
Quando começou, não era para atuar na área, no entanto, existia um setor de Marketing pelo qual se interessou. "Fui conversar com uma pessoa do Recursos Humanos que argumentou que seria muito difícil ingressar naquele departamento, pois era muito concorrido". Amanda conta que ficou com a mensagem guardada e foi seguir a vida normalmente. "O primeiro processo seletivo que tiver quero migrar para aquela área, já de olho em como poderia trabalhar em Comunicação", pensou.
Anos depois, ao retornar da licença-maternidade, recebeu a oportunidade que esperava: a notícia de que o banco havia a necessidade de criar um setor próprio de Marketing e que ela havia sido convidada para integrar. "Agarrei essa oportunidade com as duas mãos."
Realizações
Apesar de não frequentar mais o catolicismo, religião que praticou na infância, a fé e espiritualidade estão sempre ligados a ela. Amanda se considera uma pessoa realizada, por isso, faz questão de agradecer por meio de sua crença. "A minha ligação com o lado espiritual é quase diário. Estou sempre orando, pois acredito que não somos só o corpo e existe muito mais do que só os olhos enxergam. É preciso agradecer pela vida que temos."
Para o futuro, a profissional pretende viajar e ter mais tempo com a natureza, pois ela se considera a "maluca das plantas". Talvez esse seja o destino no futuro ou, até mesmo, morar fora do País. "Aí eu já não sei se aposentada ou ainda trabalhando a distância com a Comunicação, pois essa, sim, é a minha profissão do coração", finaliza.