Magda Beatriz: Beleza em áudio e vídeo

Ela não pára. Nem tente achá-la em casa, porque sua rotina é uma correria entre faculdade, dois empregos e muitos amigos.

Magda Beatriz - Reprodução

"Um dia eu passo aí para ver se o teu vídeo combina com o áudio." A frase foi dita por Nélson Cardoso, por telefone, a uma jovem recepcionista de locadora de automóveis. Magda Beatriz não se intimidou com o elogio à sua voz rouca e marcante. Ela revela que sempre foi muito exibida e que ainda tinha o incentivo do pai, que era ator de teatro e radionovelas. "Gostava de cantar, de aparecer, mas nunca imaginei fazer disso uma profissão", conta, embora saiba que a questão da vaidade faz parte da sua carreira na TV. "Já faz muito tempo que nem penso na vaidade, porque é uma atividade profissional de muita responsabilidade", diz a radialista.

Nascida Magda Beatriz Rodrigues Alves - "ninguém sabe que eu tenho sobrenome!" - a 24 de novembro de 1954, em Porto Alegre, apesar do talento para comunicar, o que ela sempre quis foi ser advogada. Tanto que ingressou duas vezes na faculdade de Direito da Unisinos e, agora, voltou a freqüentar o curso, na PUC. "Desta vez, vou ter que terminar, né?", diverte-se, acrescentando que ainda vai advogar, embora não cogite deixar a Comunicação.

De interquadro a telejornal

Nélson, que dirigia o Show de Mulher, na então TV Difusora (canal 10), era amigo do pai de Magda e cumpriu a promessa de visitá-la. Ao constatar que sim, o 'vídeo batia com o áudio', convidou-a para fazer um teste para o programa. Aos 18 anos, trabalhando na locadora e estudando Direito, Magda achou que fora muito mal, mas, para sua surpresa, foi convocada a retornar no dia seguinte e começar na função de apresentadora de interquadros. "Ou seja, quase nada", brinca. Era só uma pontinha, porém chamou a atenção do público. Em poucos meses, ela já apresentava o telejornal Porto Visão, com Clóvis Duarte e Tânia carvalho, e, em um ano, o Câmera 10.

Assim, o emprego na locadora ficou para trás, mas Magda tentou conciliar o trabalho na televisão com a faculdade, o que só conseguiu por dois anos. "Já tinha embananado toda a minha vida. Entre os 18 e os 24 anos, aconteceu muita coisa, tudo muito rápido, saí e voltei para o curso de Direito e, nesse meio-tempo, ainda tive a minha filha", narra. Em 1980, ela e Tânia foram para o canal 2 e passaram a apresentar o Guaíba Feminina, que contava ainda com Aninha Comas. A primeira permanência na TV Guaíba durou quatro anos, até que a radialista retornou à Band. Há 11 anos, Magda está de volta à Guaíba, ao lado de Clóvis na apresentação do programa Câmera 2. "Sou a mulher que há mais tempo atua na bancada", enfatiza.

Agenda cumprida

Magda entende que "cumpriu um calendário", já que Andréia, 28 anos, fruto de seu relacionamento de oito anos com José Carlos, já se formou, em Psicologia, e se casou no ano passado. Ela conta que é muito diferente de sua filha, que é supertradicional e fez questão de casar de véu e grinalda, ao contrário da mãe. Agora, solteira, Magda quer dedicar mais tempo para cuidar de si e vivenciar coisas novas. "Estou numa outra fase, voltei para a faculdade e aceitei um novo trabalho", conta a radialista, que atua há cerca de 20 dias no setor de Imprensa do Tribunal de Justiça do Estado, onde está ligada à presidência, buscando estreitar relações junto aos veículos de Comunicação gaúchos. O trabalho é bem diferente do que Magda já desenvolveu em outra casa pública, a Assembléia Legislativa, porque lá suas funções estavam atreladas à TV AL. "Agora, meu trabalho é mais voltado à assessoria. Estou do outro lado do balcão", resume.

O complicado é seguir a nova rotina: aulas pela manhã, TJ à tarde e ainda tem o Câmera 2, à noite. Sem falar no programa de rádio Estúdio Guaíba FM, que ela comanda há 11 anos, e vai ao ar nas noites de sábado, embora seja gravado nas sextas-feiras. É uma atração voltada à cultura, com blocos de música e indicações de restaurantes, shows, teatro, dança, exposições e cinema, entre outras atividades. "O Fernando Veronezi é uma pessoa encantadora, que me permite fazer umas enxertadinhas na seleção musical. Claro que sempre respeitando o perfil da emissora. Eu vejo que as pessoas gostam muito do programa", orgulha-se. Magda já havia atuado nas rádios Cultura e Band FM.

Momento de expectativa

A radialista reconhece que seu dia-a-dia é puxado, mas quer ainda mais: "Preciso viver muito e há muitas coisas a fazer. Não tenho tempo para me aborrecer", sentencia. Ela também encontra tempo para ir ao cinema, estudar, sair com os amigos e os companheiros da TV e cuidar da aparência. Faz musculação e vai do Jardim Botânico, onde mora, até o Moinhos de Vento só para freqüentar o mesmo cabeleireiro há anos. "Sou muito fiel", explica. "Tenho que achar tempo para o visual, porque sou uma figura pública e muito cobrada", complementa.

Além de uma porção de livros jurídicos da faculdade, está lendo 'Mulheres boazinhas não enriquecem', e concluiu que não quer "mais ser só boazinha, quero melhorar minha vida. Quero trabalhar, mas preciso curtir também". Para Magda, o segredo de tanto ânimo é ter um bom astral e amar tudo o que faz. E ela ama mesmo, e diz com orgulho que participou dos programas que considera como os mais importantes da televisão gaúcha: Câmera 10, Guaíba Feminina e Câmera 2. Admite que vive o momento atual da Comunicação do Estado (refere-se à compra da Guaíba pela Rede Record) com muita expectativa: "É um momento de transição delicado, mas sabemos que o Câmera 2 vai continuar. O Clóvis tem um patrimônio maravilhoso nas mãos. As pessoas estão apreensivas e manifestam sua preocupação com o futuro do programa. É até uma surpresa, e como sou muito coração, isso me toca bastante".

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