Carlos Alberto Thunm: Vontade de fazer
Sócio-diretor de Criação da Paim, Carlos Alberto Thunm se orgulha da carreira e se mostra em constante movimento
Por Karine Viana
Quando criança costumava guardar figuras e recortes, matéria-prima para a construção das suas capas de cadernos. Durante a infância criou o logo da própria agência, ainda imaginária, com os desenhos do Calvin. Nunca quis montar uma banda pelos dotes musicais, mas por idealizar a capa do disco. Relembrando parte da infância, Carlos Alberto Farias Thunm, sócio-diretor de Criação da Paim, não tem dúvidas de que desde cedo seu destino era ser um publicitário.
Nascido na capital gaúcha em 17 de março de 1971, Carlos Alberto é o segundo de três irmãos. Em comum, os primeiros nomes: Carlos Fernando e Carlos Eduardo, um arquiteto e outro administrador de empresas. Motivado pelos pais, Alberto Rocha e Ana Lísia Thunm, Carlos sempre fez de tudo, de diversos esportes a aulas de arte. "Meus pais sempre me provocaram para surgir alguma coisa que eu gostasse de fazer", conta, justificando que isto o auxiliou a direcionar sua aptidão.
A questão do visual, no entanto, foi se fortificando e levou Carlos a prestar vestibular para Publicidade e Propaganda, graduação concluída em 1997 pela PUC. "Eu sempre quis ser publicitário. Sempre! Nunca tive nenhuma dúvida de que eu queria fazer publicidade", enfatiza, dando a certeza de que pretende fazer isto por muito tempo: "Acho que sempre vou gostar de estar criando".
Constante atualização
Carlos Thunm se autodenomina um "leitor voraz". Na necessidade de entender como se tem feito comunicação no mundo, procura estar sempre antenado. Assina diversas revistas estrangeiras e vê dificuldade quando viaja, tamanha a necessidade de adquirir livros por onde passa. "É pesado viajar com tudo isso, mas é uma coisa que eu sou aficionado mesmo", garante.
Ler livros e revistas não só fazem parte do ofício do publicitário como também do lazer. Nas horas vagas, afirma que ou está em livrarias ou está lendo seus próprios livros e revistas, atividade que tem ficado de escanteio após a chegada do pequeno Rocco, de apenas um ano, que tem ganhado a dedicação do pai: "Neste ano, os momentos de folga são para ficar com ele".
Carlos Thunm não é daqueles que se acomodam. Busca incessantemente o novo, as ideias diferentes e o aprimoramento. Quando preciso, consegue manter os pés no chão. Tais atitudes parecem fazer parte de um lema do publicitário, que fez parte de diversas agências, viajou, se especializou, aceitou propostas em outro estado e está certo de que ainda quer mais.
Seu primeiro desafio na carreira foi enfrentado ainda como estagiário, no início dos anos 90. Durante quase dois anos, Carlos trabalhou pra uma agência de assessoria de imprensa, onde era o responsável por toda a área visual e de artes. "Foi engraçado, porque quando você entra numa agência, as pessoas vão te ensinando. Como neste lugar as pessoas não eram da publicidade, eu tinha que aprender sozinho", revela.
Do primeiro estágio, seguiu para a Over e logo depois para a Escala, onde passou de estagiário para diretor de Arte Jr. Saindo da Escala, chegou a trabalhar para a Agência Um, depois para a Competence, então como diretor de Arte, até chegar, pela primeira vez, à Paim. Depois de quase três anos, Carlos então se transferiu para a DCS, onde trabalhou por um ano até retornar à Paim. Inquieto, após trabalhar por cerca de dois anos na sua segunda passagem pela agência, Carlos decidiu "fazer um ano sabático de estudos". Para ele, a oportunidade de assumir o cargo de Diretor de Criação era precoce. "Eu tinha que aprender mais", afirma.
Sem espaço para acomodação
Partiu para Londres em 2006, acompanhado da esposa, a jornalista Fernanda Zaffari, que também aproveitou o período para se especializar. Durante um ano o publicitário realizou diversos cursos relacionados a sua área, incluindo fotografia, tipografia e técnica de pintura. "Procurei fazer coisas que me ajudassem criativamente", diz.
Ao retornar da Inglaterra, foi contratado como diretor de Criação do GAD, onde trabalhou até receber mais uma proposta de trabalho. Desta vez, mudou-se para São Paulo, em 2009, para trabalhar na agência Loducca. Sem a possibilidade de contar com a companhia da esposa em mais esta empreitada, Carlos e Fernanda ficaram na ponte-aérea por dois anos, até ele ser recontratado pela Paim, como diretor de Criação, pela terceira vez.
"Essa coisa de morar fora, ter ido aprender, ter ido trabalhar em São Paulo, ter passado por diversas agências aqui do estado, acho que é algo que eu gosto bastante. Poder experimentar coisas diferentes da comunicação", salienta.
É assim: monotonia não faz parte da rotina de trabalho do publicitário. Carlos coordena uma equipe de criação formada por cerca de 40 pessoas. "Tenho que olhar os trabalhos, avaliar e ver qual o melhor caminho a seguir", conta, acrescentando que em seguida pode correr para uma reunião com um cliente, pegar um briefing com outro ou viajar para outro estado e, como sócio, se preocupar com a gestão da agência. "É difícil você conseguir parar para fazer uma coisa só. Num dia, você passa por sete ou oito situações diferentes", admite.
Aprender sempre
Em toda a descrição feita por Carlos, há um único fato que poderia soar como acomodação, mas, no entanto, se trata de agir com os pés no chão. "Lembro que uma vez, quando estava na Escala, como assistente do Régis Montagna, recebi uma proposta para ir pra uma agência menor e ele me disse: Cara, você está precisando de dinheiro? Vai ser importante para ti neste momento?". Com a resposta de Carlos, Montagna teria aconselhado: "Então fica, porque é muito cedo para você querer almejar cargos. Você deve ter um momento de aprendizado". Carlos acredita que, caso não tivesse seguindo a sugestão de Montagna, hoje não estaria onde está.
Aos 42 anos e sócio de uma grande agência de comunicação, almeja muito mais. "Tenho vontade de fazer mais coisas, mas o momento hoje é o aprendizado desta nova função", se referindo à necessidade atual de pensar como empresário e se preocupar, não só com a criação, mas também com gestão e números.
O futuro, embora incerto devido a possíveis mudanças na publicidade, dá a Carlos a certeza de continuar criando: "A agência de propaganda como eu estava acostumado a conhecer quando eu comecei talvez vá ser um pouco diferente, ou muito diferente. Então, não sei se vou ter mais negócios que me façam continuar criando, se vai ser dentro desta agência, se ela vai comportar isto. Mas com certeza quero continuar criando. Não sei se em um outro lugar, um estúdio, uma casa, um atelier, alguma coisa assim. Mas esta coisa da criação, passando por vários meios, é uma coisa que eu vou gostar de estar fazendo sempre".