Chico Garcia: Jornalista esportivo escritor

Coordenador de Esportes do Grupo Bandeirantes no Estado, Chico Garcia revela o desejo de escrever um livro

Por Juliana Freitas, em 01/08/2014
O desafio de 'dar a cara a tapa' em comentários esportivos, principalmente quando se trata de dupla Gre-Nal, pode ser considerado um ato de coragem. O fanatismo que há no Rio Grande do Sul é notável e opiniões divergem com frequência, muitas vezes, causando discussões sérias. Mas para o jornalista Francisco Garcia Borges, conhecido apenas por Chico, essas situações são cotidianas.
Apesar da pouca idade, 32 anos, a experiência que tem com o jornalismo esportivo e o trabalho reconhecido pelos colegas explicam por que ele ocupa um cargo de grande responsabilidade dentro de uma das principais empresas de comunicação do Estado, coordenador de Esportes do Grupo Bandeirantes. Há quatro anos na Band, Chico conta ainda com passagens pela Rádio Gaúcha e CBN, do Grupo RBS.
Apaixonado pelo Jornalismo, tenta achar uma brecha na rotina corrida do rádio e televisão para escrever textos literários, que são publicados em seu blog 'Sexo, amor e crônicas'. "Não me importaria de sossegar em uma casa, um rancho, em uma cidade estrangeira, recluso, para escrever um livro. Ou viajar para conhecer lugares e ter experiências para compor um", revela Chico.
Rádio esportiva
O começo da carreira veio em 2001, quando iniciou no Jornalismo pela rádio da Legião da Boa Vontade (LBV). Após concluir o curso de locução na Feplam, atual Oscip Padre Landell de Moura, Chico, ainda calouro na universidade, encontrou na RGS 1300 a oportunidade para mostrar o seu potencial. "Fazia cobertura da dupla Gre-Nal e também geral. Lá, aprendi a fazer rádio", diz. Segundo ele, a primeira experiência foi a sua faculdade na área.
Foi também na rádio da LBV que encontrou os principais desafios na carreira. "No Jornalismo, quando tomamos a linha de frente para fazer algo, já é naturalmente um desafio", afirma. O jovem Chico, então com 19 anos, já participava de coletivas de imprensa com nomes experientes no do rádio, como Antônio Carlos Macedo, Luiz Carlos Reche, José Alberto Andrade, Ribeiro Neto, Leonardo Meneghetti, Sílvio Benfica e Cristiano Silva, nomes esses que são referências para ele, ao lado de Lauro Quadros e Fabiano Baldasso.
A responsabilidade de acompanhar as coletivas - e, por várias vezes, ouvir sua pergunta ser veiculada em outras rádios - levava o jornalista a estudar as questões que faria ao entrevistado. "Acredito que o primeiro desafio foi me dar conta de que eu estava virando um profissional de rádio. Temos que ter humildade para começar, mas ousadia para crescer", afirma, explicando que a falta de maturidade nesse período também fez com que o início se tornasse mais complicado.
Novo período
O ano de 2004 deu a Chico uma nova oportunidade de crescimento. Nesse período, começou a atuar na editoria de Geral, da rádio CBN, e, meses depois, já estava na Rádio Gaúcha, onde também trabalhou na área esportiva. Lá, passou por situações engraçadas, como quando foi entrar no ar pela primeira vez na emissora, para dar informações sobre o trânsito. Correu atrás de um servidor da EPTC para a entrevista, perdeu o fôlego e entrou no ar quase sem voz. "Pensei: 'Meu deus, nunca mais vou fazer rádio na vida. Nada mais vai dar certo'. Foi horrível. Mas ficou como aprendizado", diz, rindo da situação.
Ficou na Rádio Gaúcha durante seis anos, três deles fazendo coapresentação e participações nos programas Gaúcha Atualidade e Gaúcha Hoje. Com o sentimento de que melhores oportunidades o aguardavam, resolveu deixar a emissora e seguir um caminho até então indefinido. Era 2010, e não demorou muito para que o Grupo Bandeirantes o chamasse para ser comentarista de arbitragem, já que possui formação pela Federação Gaúcha de Futebol.
Apesar de ser contratado para comentar, trabalhos e convites na TV e no rádio começaram a aparecer. Foi assim que Chico virou repórter, apresentador e, atualmente, coordenador de Esportes. Ele pontua que este é, até então, o melhor momento de sua carreira. "Na Band, a minha vida mudou. Tive muitas oportunidades de trabalhar com rádio e TV, além de ser gestor. Ganhei reconhecimento que me levou para São Paulo, na cobertura da Copa do Mundo, além de estar em link nacional diário. Sinto que continuo crescendo", revela.
No mesmo grupo de comunicação, Chico acumula histórias de repercussão nas redes sociais. Uma delas aconteceu quando cobria a Copa do Mundo deste ano, em Porto Alegre. "Eu estava fazendo a saída dos torcedores do Estádio Beira-Rio, e estava em link nacional, com a Patrícia Maldonado e o Milton Neves, no programa Band na Copa. Eu não falo inglês fluente, mas arranho e entendo. Decorei algumas expressões e fui entrevistar uma família de holandeses, que estavam, inclusive, uniformizados. Eu fiz uma pergunta em inglês, e eles eram brasileiros. Tive que ter um jogo de cintura. Fui sacaneado nas redes sociais", conta.
Reconhecimento
Chico acredita que uma das características que o levou a alcançar o cargo de gestor está na forma justa de resolver discussões. "Procuro ouvir todos, administro conflitos por causa disso e isso me ajudou na condição de gestor. Prefiro esperar e não julgo inicialmente." Porém, admite que deixa a desejar no quesito pontualidade. "Sou enrolado para sair de casa. Se marco algo, tenho que me cuidar. Eu deveria ter mais cuidado em relação a isso."
Elogiado por muitos dos que o conhecem, tem um reconhecimento em especial que gosta de ouvir. "Por mais elogios que eu receba, eu gosto quando as pessoas falam do meu caráter e profissionalismo. Mais que desempenhar um trabalho com competência, você lida com pessoas", conta. Já as críticas, o jornalista faz uma ressalva. "Temos que filtrar muito o que recebemos. Se tu levar em conta, tu te perde", diz, lembrando quando chamaram sua atenção por demonstrar uma certa prepotência no ar. "Às vezes, transparecemos uma coisa que não queremos. Mesmo assim, refleti sobre a crítica."
Em relação ao futuro, tem apenas uma expectativa: espera não ter a mesma rotina daqui a 10 anos. "Quero estar à frente de um produto", diz. Considera natural que se assuma diversos compromissos, mas, em certo momento, é importante estabelecer prioridades. "Tenho me focado na TV. Faço há quatro anos e ela me encanta cada vez mais. Além disso, tenho estudado sobre televisão", conta.
Tranquilidade e literatura
Uma pessoa tranquila, caseira, que gosta de assistir séries na TV, tomar um vinho, ter a companhia da esposa e de viajar. É assim que Chico se define. Casado há pouco mais de um ano com a também jornalista Vanessa Pires, repórter da TV Record RS, aproveita o dia de folga, que costuma ser aos sábados, para passar um tempo ao lado da amada. O casal se conheceu na Band, quando Vanessa fazia parte da equipe de repórteres.
Formado em Jornalismo pelo IPA e pós-graduado em Jornalismo Esportivo pela Ufrgs, vem de uma família simples e tem uma irmã mais nova, Nicolle, de 23 anos. Nascido em 1º de setembro de 1981, a recordação da infância que ficou marcada é a dos almoços na casa da avó, aos domingos, que sempre reunia os primos e tios. "Meus avós foram muito importantes na minha criação. Foram segundo pai e mãe", reconhece.
Como um amante da literatura, gosta de livros de diversos temas e gêneros, passando por ficção, fantasia e história. "Já li a saga Harry Potter, Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, a sequência de Laurentino Gomes, além dos livros de Fabrício Carpinejar e Paulo Coelho, que, apesar de discordar de algumas ideias, ainda gosto."
Como não poderia deixar de ser, a pergunta sobre time de futebol do coração surge e Chico diz que já teve sua preferência. "Todos nós gostamos de futebol desde que nascemos. As pessoas não acreditam, mas eu tinha um time. Como comecei muito cedo na profissão, eu tive que fazer uma escolha. E eu escolhi ser racional, e quando fiz isso, deixei de lado o gosto pessoal", sustenta. O jornalista, que segue acompanhando a dupla Gre-Nal tanto nas vitórias quanto nas derrotas, conclui com convicção: "Hoje, eu sou o Chico Futebol Clube".
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