Isnar Ruas: Precursor da comunicação

Após 56 anos de atividade, ele acredita que o êxito profissional acontece com muito trabalho aliado à expectativa de que o futuro pode ser melhor

Com mais de meio século de trabalho na área de comunicação, Isnar Ruas desfruta de uma vida profissional tranqüila e, aos 77 anos, atua com a mesma dedicação da época em que começou, na Caldas Junior, onde teve passagens pelo Correio do Povo e Rádio Guaíba. Há mais de 30 anos ele está à frente da Intermédio Comunicação e, otimista, diz que se mantém motivado a cada dia. "Muito trabalho e sempre ter a expectativa de que o futuro pode ser melhor" é a máxima em que acredita o jornalista para o êxito profissional.


Isnar Camargo Ruas nasceu no dia 22 de dezembro de 1930, em Soledade, mas passou grande parte da infância e a adolescência em Passo Fundo. Aos 22 anos, trabalhando no Departamento Nacional de Estradas de Ferro (DNF), já pensava em fazer faculdade. Então resolveu pedir transferência para a Capital gaúcha. "Mas eu queria ganhar mais, então, eu estudava pela manhã, trabalhava de tarde no DNF e à noite na revisão do Correio do Povo", lembra Ruas. Foi o empurrão que o colocou no colega do Jornalismo, já que, até então, e como muitos jovens vindos do Interior, sonhava mesmo era em cursar Agronomia. 


O pioneirismo


Assim, foi como revisor do Correio do Povo que teve seu primeiro contato com comunicação, lá por 1952. Em 1960, já formado em Jornalismo pela PUC, foi convidado a trabalhar na redação da Rádio Guaíba. Ficou ali pouco tempo, pois logo em seguida retornou ao jornal para assumir o cargo de editor de Economia. Permaneceu no veículo até 1974 quando, em sociedade com os jornalistas Políbio Braga e Ana Amélia Lemos, teve uma iniciativa pioneira: fundou a Intermédio Comunicação, considerada a primeira empresa de Assessoria de Imprensa no Rio Grande do Sul. Também foi a precursora no Estado ao oferecer o serviço de clipagem. 


Os três profissionais se conheceram através do mercado de trabalho e foram estreitando relações. Identificada a afinidade, surgiu a idéia da assessoria. "Naquele tempo era diferente de agora? Como existiam poucas empresas nesta área, praticamente não tínhamos concorrência", observa. Mas a parceria durou apenas alguns anos. Logo, Políbio e Ana Amélia deixaram a Intermédio para seguir outros rumos - ela no Grupo RBS, onde comanda o Jornalismo da sucursal em Brasília, ele como empresário e editor de site com seu nome. A empresa ficou sob responsabilidade de Ruas, que deu continuidade ao projeto vitorioso: já são 34 anos de muito trabalho.


"Sempre acreditamos que a assessoria de imprensa pode ser melhor quando acreditamos no cliente. Assim fica muito mais fácil trabalhar", ensina o jornalista, demonstrando paixão e dedicação à profissão que escolheu. A aptidão pelo setor de economia, percebida na época do Correio do Povo, sempre influenciou na conquista dos clientes da Intermédio. Ruas relembra o primeiro deles, a Companhia Rio-grandense de Nitrogenados, com sede em Rio Grande. A competência assegura fidelidade, tanto que as contas mais antigas são atendidas há mais de 30 anos: Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), incluindo o Senai/RS e Sesi/RS; Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha no Rio Grande do Sul (Sinborsul); e Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS).


Jornalista nato


A experiência como editor de Economia do Correio do Povo durante 13 anos fez com que Ruas fosse figura importante na criação da Associação dos Jornalistas de Economia do Rio Grande do Sul (Ajoergs). Criada em 1980, é a mais antiga entidade do gênero em atividade no país, e ele foi um de seus primeiros presidentes.


Apesar de avaliar que não se deparou com muitos obstáculos no começo e ao longo da trajetória profissional, destaca uma situação que considera marcante: as sete viagens que fez à Europa pelo Correio do Povo. "O desafio que eu enfrentei foi não falar inglês. Mas como o pessoal lá também fala espanhol, eu me virei", diz ele. 


Já na Intermédio, um trabalho que marcou a história da empresa aconteceu há mais de dez anos. A ação foi para a Celulose Cambará, que estava com as atividades paradas sob acusação de poluição. Ruas relembra que, na época, a Celulose Cambará representava 80% da atividade econômica do município. Perguntado sobre como foi a intervenção que a Intermédio conseguiu realizar, Ruas responde, sem perder o espírito esportivo: "Nós fizemos uma ação muito bem planejada? Quer saber como foi? Mas eu não vou te contar, isso é segredo?", diverte-se, ao mesmo tempo em que deixa claro que não se pode contar em detalhes as ações que envolveram um bom trabalho.


Mas não se contém, e logo em seguida revela algumas das ações. No episódio, a Intermédio não se limitou a fazer apenas o trabalho de assessoria de imprensa da empresa, desenvolvendo ações diferenciadas.  "Nos releases distribuídos à imprensa, ressaltávamos sempre o prejuízo que o município estava tendo com a paralisação de sua principal indústria e a ameaça iminente da perda de empregos. E, entre outras ações, mantivemos contatos com pessoas que poderiam resolver o caso, auxiliando a liberação dos equipamentos que estavam apreendidos no cais do porto." Quer dizer, usou ali, fortemente, a boa e velha política de relacionamento, área em que Ruas é considerado um dos experts no jornalismo gaúcho.


Trabalho e lazer


Todas as manhãs, Ruas chega na Intermédio entre 8h30 e 9h. O horário de encerramento vai depender da rotina do dia. "Nunca sei a hora que vou sair? E eu gosto muito de trabalhar", ressalta. Divorciado, tem quatro filhos: Pedro Ruas, 50, advogado e ex-vereador; Antônio Ruas Neto, 48, biólogo e veterinário; Inara Beatriz Amaral Ruas, 42, jornalista; e Elisiane Dornelles Mendes, 30, que mora em Florianópolis. A ala feminina seguiu os passos do pai: Inara trabalha na Intermédio, enquanto Elisiane atua em uma empresa de comunicação da capital catarinense, ambas na área de clipagem, área em que Ruas e sua Intermédio são também especialistas.


Durante a semana, depois do expediente, o jornalista gosta de ler e assistir ao noticiário. Nos finais de semana, realiza uma atividade lhe dá prazer desde que era criança: pratica equitação em um sítio de sua propriedade no Guaíba Country, em Eldorado, a cerca de 40 quilômetros de Porto Alegre. É neste refúgio, que mantém há 20 anos, que o jornalista fica à vontade pra se dedicar à natureza e aos animais, resgatando as lembranças da infância. Tem dois cavalos e quatro cachorros. Na folga do fim de semana também sobra tempo para fazer caminhadas e nadar. Talvez seja ali que carregue as baterias para esbanjar tranqülidade e serenidade nas ações, outra das marcas de seu comportamento. Em setembro passado, arriscou aventurar-se. "Fiz uma cavalgada de Eldorado até Guaíba. Andamos 120 quilômetros a cavalo, abaixo de chuva", conta um sorridente Ruas. O trajeto foi feito durante cinco dias, na companhia de um grupo de amigos da região.


Ruas é assim, gosta de estar entre amigos. Tanto que não abre mão de participar da reunião anual promovida pelos colegas de formatura de Ensino Médio, concluído em Passo Fundo. O encontro acontece sempre no mês de novembro, em Porto Alegre. "Desde que nos formamos, a data é sagrada, acontece todos os anos", destaca.

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