Lilian Chwartzmann: Vida entre portais

Com 27 anos de carreira, diretora de Contas-Chave da Brivia se enxerga com uma força e estrutura emocional muito grande

Lilian Chwartzmann, diretora de Contas-Chave da Brivia

Ela se define como uma guerreira em cada vertente da vida: mãe, mulher e profissional. Exatamente por isso tem como lema de vida "viver". Isso mesmo. "Estar viva. Olhar para a vida e consumi-la com um olhar mais generoso", exalta. Como característica marcante, relata uma força e estrutura emocional muito forte. Porém, assim como os lados A e B de um mesmo vinil, as qualidades que enxerga em si também são o pior defeito, o que a torna contundente ou assertiva demais em suas crenças.

Como em uma espécie de tatuagens da vida, cita o privilégio de carregar consigo um contingente de pessoas muito incríveis e geniais, as quais conheceu no mercado publicitário. São 27 anos de aprendizados impressos em sua pele e no seu DNA. Mas, afinal, quem é ela? É mais fácil questionar: você teve o privilégio de estar marcado para sempre e passar por um dos portais da história de Lilian Chwartzmann?

Publicidade por um desvio

Com muita curiosidade em olhar para as pessoas e seus comportamentos, quando jovem, Lilian acabou indo para a Psicologia e Psicanálise - áreas em que realizou cursos na PUCRS e Ufrgs, respectivamente. Contudo, em uma curva da estrada que idealizou, percebeu, após uma viagem internacional, que não queria mais trabalhar com esse olhar singular e, sim, para algo mais amplo e com entendimento dos movimentos humanos. 

A descoberta de uma nova percepção foi o que a levou a seguir na área relacionada à Comunicação e a um dos maiores desafios de sua trajetória, porque pisaria em um terreno que dominava muito menos do que o caminho que já havia trilhado até então. A oportunidade de cenário mais concreto de atuação na Comunicação foi a de gerente de Marketing no McDonald´s, em Porto Alegre, onde chegou aos 26 anos, e permaneceu pelos dois seguintes.

Ao longo deste trajeto, grande parte dele esteve ligado a veículos de comunicação, que foram grandes escolas. E tudo isso começou com o grupo gaúcho RBS, tendo alcançado o cargo de gerente de Marketing. "Foi uma casa de muito aprendizado, onde tive grandes chefes e líderes, que me ensinaram muito e que moldaram a minha trajetória e postura profissional", lembra, ao salientar os 11 anos em que se dedicou ao conglomerado midiático. 

Decolagem na carreira 

Apesar de ter começado a atuar em Porto Alegre, após cinco anos no Grupo RBS acabou se mudando para o escritório da empresa em São Paulo, o que resultou no início de uma longa história na capital paulista. Em 2001, foi parar na Editora Globo, como gerente de Produto de Revistas, tendo em seu portfólio aclamadas publicações, como Época, Marie Claire e Quem.

Outro destaque da carreira de Lilian foi quando esteve à frente da diretoria-geral da JWT no Rio Grande do Sul, concomitantemente enquanto era diretora de Negócios da mesma agência em São Paulo. Foram cinco anos em que se dividia entre as capitais gaúcha e paulista. "Foi uma experiência com muitas malas, hotéis, aeroportos e trocas de temperatura", recorda, ao mencionar que precisava pensar uma estratégia para mudar de roupa entre o eixo POA-SPA.

Família MTV

Fã do canal jovem MTV, assim como boa parte dos brasileiros, Lilian pulou para um portal em sua história profissional, que a trouxe para uma enorme aventura. Na época, foi convidada para fazer a gestão de marca e ações, bem como diversos projetos para a revista do veículo, ao passar, mais tarde, para gerente de Marketing e, consequentemente, diretora de Marketing e Eventos. "Eu olhava para todo o contingente de frente de relacionamentos", conta.

Em cinco anos, atuou em projetos consagrados da marca da emissora, tais como o 'Estúdio Coca Cola', a 'Festa 21 anos' e a clássica premiação 'VMB' (Vídeo Music Brasil). Porém, foi com a campanha 'Balões MTV' que atingiu o céu da Publicidade, ao ser laureada em Cannes, em 2010.

E não foi somente na área profissional que o veículo a marcou, mas também no seu lazer. Consumidora voraz de música desde a adolescência, na MTV, ganhou conhecimento e aprendizado musical e admite: possui o gosto mais eclético que se possa imaginar na vida. "Se olhares minha biblioteca do Spotify, talvez tenhas um desmaio", brinca ela, que ouve desde a MPB de Belchior até o rock internacional de Arctic Monkeys. Como boa adoradora musical, relata que sempre diz que sua vida teve, de fato, uma trilha sonora.

Dualidade profissional e maternal

Com a chegada do filho Max, hoje com 18 anos, a Lilian profissional virou uma chave, resultando no surgimento de mais uma face: a maternal. Por isso, após o primogênito nascer, voltou-se total e exclusivamente a ele. O retorno ao mercado, um tempo mais tarde, aconteceu por meio de uma sociedade com a amiga Tetê Pacheco, publicitária gaúcha, que conduzia a empresa Teia. 

Contudo, essa volta, que perdura até hoje, continuou dividindo seus papéis entre o maternal e o profissional. Quatro anos depois, foi a vez do nascimento de Leo, que completará 14 anos em 2021. A mãe da dupla inclusive brinca: "Coloquei nomes curtos, porque de comprido já basta o sobrenome". Hoje, os meninos ocupam grande parte do tempo em que a mãe desliga o computador e se desconecta do trabalho.

Atualmente diretora de Contas-Chave da Brivia, em São Paulo, observa que a agência de cultura nômade foi o segundo portal de transição de conhecimento e reconhecimento da sua entrega e capacidade. Ela passou a integrar o time após um convite do CEO, Márcio Coelho, que lhe contou sobre os valores e o propósito da empresa. "A minha história tem recortes de vários momentos de transição, que são sempre desafios. Mas o de agora talvez seja o maior de todos deles", compara.

Lilian está lidando com um contexto de aprendizado diário. E entende que, na Comunicação, talvez não fosse tão desafiada em outra empresa. "Todo dia, quando acordo, penso: não sei nada", admite, ao explanar que ainda reflete: "Tem algo que não entendi ontem, mas preciso hoje".

Dia da marmota

Líder de um time de 48 profissionais e responsável por contas como Banco Carrefour, KPMG e Vivo, ela brinca que, ultimamente, tem vivenciado em sua rotina "o dia da marmota", devido ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Ou seja: acorda, toma banho e se veste - "da barriga para cima arrumada e da cintura pra baixo, com calça de pijama", diverte-se. 

Logo cedo, chega a hora de ligar o lado mãe, visto que tem uma rotina matinal com os filhos, enquanto tomam café da manhã juntos e, quando dá tempo, têm rápidas conversas. A jornada de trabalho é muito intensa, o que a faz passar, geralmente, de 10 a 12 horas olhando para a tela, em interações muito diversas. 

Depois de cumprir todas as demandas do dia na agência, janta. E reconhece: o máximo que faz é trocar várias palavras com os filhos e ver algo na TV. "A próxima atividade que sou capaz de fazer depois disso é escovar os dentes, colocar o pijama e ir para baixo do meu edredom", admite.

Viciada em séries, assume que é o tipo de espectadora que, quando começa a ver algo e gosta, caso estejam disponíveis todos os episódios, só para após finalizar. Entretanto, quando não tem todos de uma vez, fica nervosa até sair o seguinte, o que está acontecendo atualmente com a produção do momento 'Mare of Easttown', da HBO, que só lança aos domingos. "Fico roendo as unhas de segunda-feira até domingo." Em relação à predileção, menciona que não é uma pessoa tão certeira, com algo favorito, mas acaba citando 'Transparent', do Prime Video.

Com um 'backdrop real', com diversos livros ao fundo da tela, mostra que ama ler, apesar de não ter o tempo que gostaria para se dedicar às leituras. Lilian tem muito prazer nisso, principalmente quando é algo que tenha conexão com o universo profissional. No entanto, também tem adoração por biografia e gosta muito de autores de romance. Mais uma vez com problemas em escolhas ao brincar em um primeiro momento que "é impossível citar um livro favorito", escolhe a última leitura, que "devorou em um dia e meio", 'Dias de Abandono', de Elena Ferrante. 

Pessoa de pessoas

"Não sou uma pessoa de muitos hobbies. Eu sou uma pessoa de pessoas", é o que declara quando questionada sobre o que mais faz nas horas de lazer, e completa: "mais dos encontros e conversas". Lilian então declara que tem grandes amigas, muito parceiras e companheiras. Além disso, salienta também que possui uma ótima relação familiar.

Segunda filha do casal falecido Nahum e Maria Maltz, ela nasceu em Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, em uma família de quatro meninas, que conta, além dela, com Clarice, Flávia e Luciana, o que resulta em uma psicóloga e três publicitárias.

Traz nas lembranças da infância e adolescência épocas de grande bagunça, mas com pais muito generosos, carinhosos e afetuosos. Um tempo muito rico, no âmbito afetivo e do humano também, com uma educação voltada para olhar para as pessoas e aprender mais com o outro. "Cresci em um ambiente muito lindo, do ponto de vista feminino, como era a minha mãe, uma mulher cheia de personalidade", descreve.

Se do passado tem tanta certeza, o futuro traz uma série de dúvidas. Pretende continuar exímia em todas as suas faces. Trabalhar muito, acompanhar o crescimento e desenvolvimento dos filhos e, quem sabe, ter uma vida mais tranquila e morar no Uruguai. "Não tenho planos tão transparentes e claros. Gosto de me colocar no movimento da vida", decreta a publicitária, que vive de portais. 

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