Mariangela Correa: Rock 'n' roll e festivais nas veias

Relações-públicas é apaixonada por trabalho e se entrega de corpo e alma para todos os projetos em que participa

Existem pessoas que são tão identificadas com a profissão que nem se imaginam fazendo outra coisa. Ou, ainda, têm aquelas que de tal maneira são intensas no que executam que o próprio semblante reflete o amor pelo ofício. Esse é o caso da relações-públicas Mariangela Correa, mulher vigorosa, do rock 'n' roll na veia, da fé e da paixão pelo trabalho, que se entrega de corpo e alma para todos os projetos em que participa. 

Reconhecida no segmento e "ótima no que faz", possui no currículo diversos festivais musicais, nacionais e internacionais. Quando se diz que ela tem a cara da profissão, não é exagero. O amor está atrelado ao Planeta Atlântida - evento de verão de música anual, realizado pelo Grupo RBS - que, basicamente, cresceu junto dela durante os anos. Afinal de contas, entre idas e vindas, está nos bastidores desde o final de 1998. 

Mariangela atua na produção executiva, no cargo de direção de Produção do Grupo RBS e atribui as seguintes funções no Planeta Atlântida: planejamento e execução da montagem geral, bem como a coordenação de Cenografia, Operação e Produção. Para ela, ali, o seu trabalho vai além das funções recebidas, pois, diferentemente de outros eventos que esteve ou está à frente, esse é muito mais do que um serviço. 

Amor pelo festival 

É notório o brilho no olhar, a cada momento, quando a ele se refere. "Eu e o Planeta somos a emoção. Eu e o Planeta somos amor. Eu e o Planeta somos ofício e responsabilidades. O Planeta e eu crescemos juntos", cita. Por uma decisão da empresa, ficou de fora das edições de 2019 e 2020, antes da pausa de dois anos, por conta da Covid-19. 

Ao retornar para o evento de 2023, fez questão de propor ideias a respeito da retomada, com cores e muitas luzes, com o intuito de conectar a música às pessoas. "Quando fui chamada para retornar, veio-me à cabeça dar luz para quem está no festival, com o objetivo de interação e integração", recorda. 

A paixão pelo festival é tanta que Mariangela fincou raízes no local. Em uma ação de compensação de carbono, realizada em 2010, a profissional plantou uma árvore na Sociedade dos Amigos do Balneário Atlântida (SABA), lugar onde acontece o Planeta. "Outro dia estava só olhando o tamanho que já estava, fiquei orgulhosa."  

De Porto Alegre ao Rio de Janeiro

Mariangela, natural de Porto Alegre, carrega um sotaque de quem morou, por anos, fora da terra natal. A filha mais velha da empreendedora Ana Maria Correa e do aeroviário João Carlos Amaral Corrêa foi concebida no Rio de Janeiro. Isso porque o pai foi morar na 'Cidade Maravilhosa' por conta de uma proposta de trabalho "irrecusável" de uma empresa aérea, tendo a oportunidade de levar a esposa. 

Ao engravidar, a mãe optou por ganhar a filha na capital gaúcha. Os primeiros meses de vida foram próximo à Praça Otávio Rocha, local onde ficava o hotel da família, chamado Hotel Carraro, lugar de tradição, que carrega os costumes da família italiana. Apesar de toda a criação ter sido na cidade do Rio, os pais faziam questão de passar as férias no Rio Grande do Sul, com o intuito de preservar as raízes e deixar latente que eram gaúchos. 

Além de Porto Alegre, Mariangela frequentava a Serra gaúcha, pois a família também tinha outro hotel na região, o Casacurta, na cidade de Garibaldi. "Era o máximo passar férias nesse lugar. Ali, cultivava-se muito a culinária e as lembranças da Itália", recorda. Após o nascimento dos irmãos, as mais importantes memórias que acredita ter são as viagens de avião. 

Em uma determinada ocasião, na volta do exterior, a família não conseguiu passagem, pois os transportes estavam lotados. Porém, como tinha contatos, o pai conseguiu um voo; no entanto, o avião era de carga. Dentro do veículo, ela e seus irmãos retornaram para o Brasil dentro de um bote salva-vidas amarrado no cinto de segurança da aeronave. "Voltamos quase que clandestinamente. Só não foi, pois demos saída dos Estados Unidos e entrada no Brasil", disse, aos risos. 

Trajetória e amor por música  

Formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a diretora de Produção iniciou a carreira em rádio. No veículo de Comunicação da universidade, treinava e fazia diversas aparições, a fim de se aprimorar mais ainda no segmento. Após conseguir o primeiro estágio fora da faculdade, na Rádio Cidade, foi indicada por uma gravadora para atuar como produtora.  

Os primeiros desafios foram, como mulher, passar por situações desconfortáveis com artistas de fora do país. Segunda ela, por vezes, alguns deles a menosprezam, por acreditar que, "por serem estrelas da música, poderiam ser estúpidos". Contudo, a carreira mais lhe deu alegria do que tristeza. Por ter facilidade de aprender línguas, comunica-se em quatro idiomas, ofícios que a atividade exige. 

Entre tantos trabalhos que participou, estão em destaque os shows das bandas Coldplay e Rolling Stones, bem como do cantor Roberto Carlos. Ainda cita os festivais Rock in Rio e Zum Zum Brasil, além de eventos como a Olimpíada e inauguração da Arena do Grêmio. Apesar disso, considera como o ápice da carreira ter participado da produção do show 'Roberto Carlos, em Jerusalém'. "Na hora de ver tudo aquilo pronto, foi satisfatório. Que espetáculo lindo", comenta sobre a experiência.

Mulher de cidades

Outra mudança na carreira foi quando teve que ir para a cidade de São Paulo, para acompanhar o então marido, que trabalhava na capital paulista. Ali, teve que, praticamente, iniciar novamente a vida profissional e se conectar em outras relações. "Essa cidade é um lugar incrível, o centro do país, onde pude receber mais oportunidades de trabalho", conta.  

Todos os costumes aprendidos no passado valeram a pena mais para frente, pois as redes de hotéis e as relações que o segmento possui deram a ela as primeiras conexões. Na área de Hotelaria, atuou como gerente-geral dos empreendimentos da família, na cidade de Garibaldi. Tudo isso, atrelado à carreira profissional em Relações Públicas.   

Entretanto, não conseguiu conciliar a rotina agitada e se mudou para Porto Alegre, pois a base de trabalho estava na capital gaúcha. Alguns anos depois, em 2018, passou a morar, mais uma vez, em São Paulo, onde reside nos dias atuais. "Era uma questão de mercado. Eu precisava estar no centro do segmento, a me ocupar", justifica. 

Leva a vida no rock 'n' roll

Mariangela é rock 'n' roll na veia e costuma dizer que a vida é como o gênero musical: "Quando estou triste, é uma versão melódica. Agitada, é metal e tranquila, é Pop." Além do filho único, Guilherme, a profissional tem oito plantas e gosta de dizer que são suas filhas. A música faz tanto parte de sua vida que duas delas levam a homenagem de cantoras brasileiras: "Veveta" e "Ludmilla". 

Nos dias de folga, além de ouvir música, Mariangela gosta de caminhar e tomar banho de sol. De acordo com ela, essa prática faz com que recarregue as energias e consiga enfrentar melhor os desafios que virão pela frente. Os livros também fazem parte desta rotina; porém, nos últimos tempos não tem evoluído em muitas obras. 

Nas manhãs, não fica sem tomar o café. Para ela, o dia já se inicia mal se esse costume não é praticado. "A minha refeição matinal precisa ser ainda de pijama, não é do meu gosto me arrumar para depois me alimentar", conta. Isso faz com que consiga levar o bom humor para o resto do dia, o que considera ser uma qualidade. No entanto, o que acredita ser um defeito é a inquietude, por abraçar diversos projetos e precisar colocar tudo em prática ao mesmo tempo. 

Fé em tudo que faz

Mariangela é católica por formação. Conforme a profissional, ela acredita na força da mente e na fé. Basicamente em tudo que participa, coloca os pensamentos religiosos e orações internamente. Apesar de não ser praticante, na Páscoa costuma frequentar a missa para comungar. "Para mim, é um dia e um momento especial, pois é o momento que gosto de fazer algumas reflexões."

Ainda que tenha uma rotina agitada e cheia de projetos, Mariangela é pé no chão e não inicia nada com um bom planejamento, tanto na parte pessoal quanto na profissional. Para ela, isso é um sucesso de vida e não abre mão de continuar para que as coisas continuem a dar certo. Afinal de contas, "em time que está ganhando não se mexe", então, mantenha-se a forma. 

Nos próximos 10 anos, projeta estar a aprender, ainda mais, com a vida e a profissão. Mas se tem algo que não se enxerga longe é a paixão por música e a participação na construção de festivais, sobretudo o seu grande amor, o Planeta Atlântida. "Não adianta! O evento corre nas minhas veias, já faz parte de mim e é o que me vejo fazer, ainda, no futuro", finaliza. 

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