Priscila Barbosa: É tudo sobre pessoas

Apaixonada por histórias, a publicitária tem a 'Conexão' como palavra-chave na vida

"É tudo sobre pessoas": esse é o lema que conduz Priscila Franzeck Barbosa. Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e com MBA em Economia Comportamental pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a profissional é daquelas que faz tudo e se preocupa com todos ao redor. Isso a acompanha no ambiente profissional, como gerente executiva de Marketing e Comunicação do Grupo Panvel, e no círculo pessoal, no convívio com a filha Antônia, de três anos, e com o marido Rodrigo. 

A filha, aliás, é a sua paixão. Por isso, organiza toda a rotina de modo a poder passar o maior tempo possível com Antônia. Em pé às 4h30 da manhã, é nas primeiras horas do dia que coloca em prática tudo o que não consegue encaixar na agenda por conta do trabalho. Esse é o momento para ler, ir à academia e até para as aulas de inglês. "Eu faço as coisas caberem na minha agenda, para que eu possa viver e aproveitar as duas horas diárias com a minha filha, já que a busco na escolinha às 19h, e às 21h ela vai dormir", detalha.

A relação com a família também é algo muito especial na vida de Priscila. No marido, ela tem o exemplo de um grande pai e o leva como uma de suas referências, assim como os próprios pais, "pessoas que me inspiram muito". Além deles, o avô Antônio - já falecido -, que inspirou o nome da filha, é tido como um modelo quando se fala em afeto, amor, carinho e ética. "Estava sempre com ele, passava o verão na praia com os meus avós. Mais tarde, quando ele adoeceu, tanto eu quanto minhas irmãs cuidamos dele", conta. 

Sempre olhando para frente e dona da própria carreira, ela já tem planos para o futuro e sabe onde quer estar profissionalmente. Também espera que, daqui a 10 anos, consiga ser uma pessoa que "dá mais valor para aquilo que realmente tem valor". Mas mesmo toda essa certeza não muda o fato de que vive o presente com grande satisfação. "Sou uma realizada como mãe, mulher e profissional", diz.

Conexão

A 'Conexão' é uma das palavras-chave na vida de Priscila. Viciada em tecnologia, em casa, a Alexa faz de tudo, desde acender e apagar uma luz, até ligar e desligar a televisão. O celular, então, está sempre à mão. "Na época em que a Antônia nasceu, um amigo brincava dizendo que tinha certeza de que a minha filha ia achar que a minha mão é um telefone", conta. E por estar sempre a par do que há de moderno, não se demorou em colocar a Inteligência Artificial no dia a dia. As planilhas que usa para organizar a rotina, por exemplo, são construídas com o apoio da ferramenta: "Graças a Deus, não perdi tempo aprendendo a mexer no Excel".

No entanto, na vida da publicitária, a conexão vai além da tecnologia e chega à infância. Ela, que era uma criança "inventiva", passava o tempo atrás de novas brincadeiras, qualidade que se aliava a um grande senso de independência. Ambos os atributos, ela traz consigo até hoje. "Sigo tendo essas principais características, que estão superconectadas com o meu trabalho e tudo o que faço diariamente", pontua.

A ligação com a família é outro ponto importante na vida conectada de Priscila, cultivada, muitas vezes, por meio da gastronomia. Adepta a comidas afetivas, daquelas "quentinhas", ela também é churrasqueira. Por isso, faz questão de reunir as pessoas que mais ama, seja ao "redor do fogo ou da mesa", independentemente do que está sendo servido. Para ela, nesses momentos, o que importa é que aquele prato seja "um importante elo entre os que estão ali". "Vai ter uma comidinha ali e não importa o que for, ela vai me conectar ao meu marido e à minha filha", comenta.

Essas fortes ligações afetivas também se estendem ao irmão mais novo, o Gustavo, e às irmãs mais velhas - que são gêmeas -, a Alessandra e a Téia, com quem faz questão de sempre conviver, até na criação dos filhos. Essa união, aliás, é tão estável que nem um oceano inteiro pode se entrepor. Isso porque do outro lado do Atlântico, em Portugal, está a mãe, a Elke, que, mesmo de longe, faz questão de participar da vida da filha.

Liderança 

O amor pelas pessoas vai além do convívio familiar ou com os amigos, pois é um dos fatores que impulsiona a carreira de Priscila, que dedica um cuidado especial para com os outros. "Eu sou hipervigilante e isso me faz ser muito sensível, com os sentidos apurados, de ouvir e de ver. No dia a dia, sou aquela que para e ouve as angústias dos amigos", explica.

Isso se soma ao potencial para a liderança, algo que também traz da infância, época em que comandava as brincadeiras com as amigas na Zona Sul de Porto Alegre - sua cidade natal -, e se tornou líder de turma na escola. Na vida adulta, já passou por diferentes profissões: foi atendente de telemarketing, secretária e até professora de balé - atividade que praticou por 20 anos - e de educação infantil. Apesar disso, sempre objetivou ser uma gestora de marca. "Sou muito dona da minha carreira e, desde que me conheço por gente, soube o que eu queria fazer, aonde chegar e por onde passar", diz.

Essa responsabilidade, contudo, apresentou-se cedo na trajetória profissional, o que a fez ter que aprender na prática a como liderar: "Nunca fui treinada para ser uma gestora, mas a vida me colocou nessa situação. Ser líder é algo inerente a mim." Ter que assumir uma posição de autodidata na atuação como publicitária foi um dos grandes desafios para a comunicadora, porém longe de ser o único. Ela passou um ano em São Paulo, lugar em que trabalhou no atendimento de uma agência, mas, por decisão própria, retornou à Capital. "Por ser uma pessoa tão conectada à família, foi muito difícil ficar lá sozinha. E do ponto de vista da maturidade, eu não estava preparada", recorda.

No entanto, até hoje, os desafios aparecem, e com mais frequência no dia a dia. Para ela, conectar e orientar pessoas, além de um propósito, também é uma dificuldade a ser superada. Entretanto, de forma alguma isso a abate, muito pelo contrário, estar na posição em que ocupa é "um privilégio tão grande quanto é uma responsabilidade também".

Apaixonada por histórias

Por ser uma leitora voraz, é apaixonada por histórias e ainda mais por contá-las. É por conta disso que, antes, o sonho dela era, na verdade, ser jornalista. Um desejo aliado aos gostos pela escrita e pela informação. Mas em uma das costumeiras conversas com o pai, o Robinson, ela ouviu: "Priscila, se tu fores jornalista, vais precisar narrar um fato, e o que tu gostas é de contar narrativas. Então, talvez, o que esteja mais próximo da tua essência seja a Propaganda". O conselho foi levado à risca e ali ela decidiu qual profissão queria seguir. "De fato, fiz Publicidade e, desde o primeiro dia de curso, me encontrei", relata.

A leitura, aliás, ainda faz parte do dia a dia da publicitária, que faz questão de sempre ter um livro ou um e-book à disposição. Só no ano passado, leu 26 títulos, e neste ano já foram 13. Adepta das histórias leves e tranquilas, ela faz da literatura uma meditação. É nesse momento que aproveita para se desconectar de tudo. É quando o cérebro, que está sempre pensando no futuro e mapeando cenários, descansa.

Essa, contudo, não é a única arte que tem um espaço reservado na vida dela, uma vez que a música também sempre foi importante. "Tenho canções conectadas a muitos momentos da minha vida. Além disso, sou muito sensorial, então quando ouço algo que me lembra alguma pessoa, por exemplo, consigo até sentir o seu perfume", explica. Ainda que não tenha deixado de apreciar as melodias favoritas, hoje em dia elas foram escanteadas por um ritmo mais de acordo com a realidade familiar. "Acho que fui assassinada pela Galinha Pintadinha nessa questão", brinca, sobre o gosto da filha pela personagem.

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