José Luiz da Silva: Publisher da simplicidade
Diretor-editor da revista Consumidor Teste conta como foi parar na Comunicação e do gosto por uma vida simples
De cara, o diretor-editor da revista
Consumidor Teste e presidente do Instituto Nacional de Educação do Consumidor e do Cidadão (Inec), José Luiz da Silva, avisa: "Não sou jornalista, me considero um
publisher". O empresário, que integra o Fórum Estadual de Defesa do Consumidor, fala da vida simples que leva entre Porto Alegre e Capão da Canoa e sobre a primeira publicação brasileira a tratar do tema 'relações de consumo'.
José começou a trabalhar aos 14 anos e não parou mais. A primeira atividade foi de office-boy, na indústria frigorífica Madef, em Canoas, local em que passou pelos setores de administração, contabilidade e fiscal. Foi motivado por esta experiência que cursou técnico em Contabilidade no Instituto Concórdia e, em 1995, formou-se em Administração de Empresas, nas Faculdades Integradas São Judas Tadeu, em Porto Alegre. "Tive vontade de cursar Jornalismo, mas como precisava ter uma visão de administração no meu negócio, vi que não seria uma boa opção." José acredita que se fosse o jornalista da revista, iria querer apenas produzir as matérias e esquecer as vendas, e explica: "Sem vendas, a
Consumidor Teste não sobreviveria por tanto tempo".
Ele, que teve ainda uma passagem como vendedor de automóveis e também trabalhou de forma autônoma no segmento, acredita que aprendeu muito nesta fase. Apesar de ser novo na época, tinha apenas 19 anos, destaca que foi nos quatro anos em que trabalhou como vendedor de carros que adquiriu o conhecimento que, posteriormente, aplicou no trabalho na revista.
Na Comunicação por acidente
O
publisher costuma dizer que começou a trabalhar com Comunicação por acidente, pois, na verdade, sempre foi e se imaginou um vendedor. "Sempre tive vontade de empreender. Então o meu irmão, o Paulo Sérgio, que foi quem fundou a
Consumidor Teste, me convidou para trabalhar com ele na revista."
A publicação, que é a segunda mais antiga no Rio Grande do Sul, a primeira é a revista A Granja, foi fundada em 1980. Um ano depois José fazia parte do setor comercial. Antes de assumir a direção e editoria da revista, em 1998, criou a área de assinaturas e foi gerente e diretor comercial. Quando Paulo Sérgio se formou em Direito e resolveu se dedicar à profissão, passou o cargo de diretor-geral e
publisher da revista para o irmão.
Ele explica que, ao longo dos 30 anos da
Consumidor Teste, vivenciou diversos momentos diferentes. Nos anos 80, a publicação era mensal e tinha um escritório em São Paulo. Na grande crise dos anos 90, fixou endereço apenas em Porto Alegre e passou a ser bimestral. Hoje, a revista tem uma circulação nacional e é um projeto especial no qual são realizadas quatro edições por ano. "A cada década, tivemos que ir nos adaptando ao mercado e às tecnologias que foram surgindo e acredito que conseguimos, pois não é à toa que continuamos aqui."
A
Consumidor Teste circula nos Procons de todo o país, no Ministério Público, no Congresso Nacional, em grandes empresas, agências de publicidade e entidades de classe. "Somos reconhecidos nacionalmente como pessoas que trabalham pela educação do consumidor e pela harmonia das relações de consumo, tanto no âmbito dos órgãos de defesa quanto das empresas que respeitam o nosso trabalho."
Em paralelo
Com o objetivo de educar a sociedade sobre o tema, José Luiz criou, em 2002, com mais 28 sócios-fundadores, o Instituto Nacional de Educação do Consumidor e do Cidadão (Inec). Por meio dele, realiza seminários de Direitos e Deveres dos Consumidores. Já promoveu eventos na área de energia elétrica, telecomunicações e desenvolvimento, com a finalidade de aproximar os defensores dos consumidores e os representantes daqueles setores, tentando diminuir problemas que existem nesta relação.
Em 2004, José teve uma passagem pela
Revista Amanhã. Foi convidado por Jorge Polydoro a assumir a gerência comercial da publicação e, por esse motivo, se afastou por nove meses da
Consumidor Teste, mas viu que seu lugar era mesmo na antiga revista e, após este período, voltou e reassumiu seu cargo.
Ainda realizou alguns projetos paralelos, dos quais se orgulha muito. Lançou, em conjunto com a empresa Jornal Comunicações, a publicação
Propaganda Sul 1999, na qual desenvolveu toda a parte comercial. Já o livro
A História da Defesa do Consumidor no Brasil 1995-2000 foi realizado em parceria com Júlio Sortica. "O material é compilado das nossas publicações, como se fosse um resumo de tudo o que fizemos no período."
Desde que foi criado há 20 anos, edita e distribui, em parceria com algumas empresas, o Código de Defesa do Consumidor. "Posso garantir que fizemos mais de cem mil códigos e entregamos para os colaboradores da própria empresa e para o público em geral. Desta forma, contribuímos com a divulgação dos direitos do consumidor através da lei."
Churrasco com chimarrão
Nascido em Pantano Grande, em 27 de novembro de 1958, o terceiro dos quatro filhos do caminhoneiro José Lock da Silva e da dona de casa Maria Liege da Silva diz que a simplicidade o acompanha desde a infância. "Apesar de termos sido criados sem muitos recursos, recebemos bastante carinho, amor e dedicação."
Da infância, ele lembra as caminhadas pelo campo, das frutas que colhia direto das árvores, das idas à Igreja aos domingos, das brincadeiras e dos jogos de futebol nos "campinhos" do Interior. "Tenho as melhores recordações possíveis, em uma cidade pequena onde todos se conheciam."
Atualmente, José se divide entre Porto Alegre e Capão da Canoa. "Vou praticamente todos os finais de semana para a praia. E como minha família é muito unida, sempre que podemos, eu e meus irmãos, nos reunimos principalmente em Capão da Canoa, onde eles também têm casa, e onde mora minha mãe", comenta.
O profissional destaca que gosta de preservar as tradições gaúchas, e por isso aprecia um bom churrasco e não dispensa o chimarrão. A preferência por ambientes ao ar livre, onde possa estar em contato com a natureza, ou com o mar, lhe traz paz e tranquilidade. As caminhadas na beira da praia são relaxantes e revigorantes. "Me faz bem, elimina o estresse e me faz refletir sobre a vida. Eu procuro fazer uma leitura do meu dia durante as caminhadas", explica.
A paixão por Lucas
Após 29 anos de casado, José divorciou-se. Da relação com a Ana, nasceram os vendedores de carros Thiago, 28 e Renata, 24, mãe do Lucas, 6 meses, atual paixão do
publisher. "O meu neto é minha maior paixão, é a minha motivação de cada dia. Acredito que ele me renova e por ele tenho vontade de continuar vivendo e de vê-lo crescer", derrete-se. Basta olhar para o escritório de José para confirmar a paixão que ele tem pelos filhos e pelo neto. Nas prateleiras de uma estante da sala, entre troféus e livros, estão portarretratos com fotografias da prole.
Como viaja a negócios, pelo menos uma vez por mês, e vai para praia todos os finais de semana, quando está em Porto Alegre gosta de passear no shopping, assistir aos jogos do Internacional, jantar com os filhos, ir ao Parcão e ficar em contato com o neto. Nos dias de folga, não costuma ligar o computador e confessa que não tem muita paciência para as leituras, prefere mesmo é colocar os pés na grama e apreciar um bom chimarrão.
Com um sorriso, José destaca o idealismo e a simplicidade como algumas das suas qualidades e, como defeito, a teimosia. Diz, ainda, que se sente realizado como pai, profissional e cidadão e que seu lema de vida é viver a vida da melhor forma possível. "Eu acredito muito naquilo que faço e acho que passo isso para as pessoas. Meu ideal de vida é saber que quando chegar o final, tudo valeu a pena, e eu não me arrependi de nada."