Regina Lima: Naturalmente espontânea

Especializada em jornalismo de entretenimento, Regina Lima fala da carreira na TV e de outras paixões que movem seu dia a dia

Regina Lima | Crédito: Divulgação
Por Gabriela Boesel
Ela é exatamente como aparece na TV. Sorridente e espontânea, a animação de Regina Lima, 49 anos, é uma característica marcante. De estatura baixa e tom de voz alto, ela não demonstra timidez em nenhum momento. Pelo contrário. Regina fala o tempo todo enquanto gesticula com as mãos sem parar. Porto-alegrense de nascimento e de coração, a comunicadora se firmou no mercado do telejornalismo gaúcho ainda na época da faculdade e, desde então, conquistou telespectadores que acompanham sua trajetória na tela até hoje. E durante todos esses anos, se existe uma palavra para resumir a jornalista, esta é naturalidade.
Com cerca de 25 anos de profissão, sendo 23 dedicados ao Grupo RBS -começou a carreira aos 22 anos, quando apresentou um telejornal no SBT/RS ainda estudante da Famecos da PUC/RS  -, ela garante que é apaixonada pelo que faz e que não se imagina em outra profissão. "Num teste vocacional deu atuação e comunicação, mas segui o caminho certo", diz, completando que, apesar das experiências, ainda falta uma coisa para se sentir uma profissional realizada: "Sempre quis ter meu próprio programa de auditório."
As inspirações na carreira remetem a nomes como os da jornalista Maria do Carmo Bueno, do professor Carlos Kober, do ex-colega de trabalho Raul Ferreira e Lauro Quadros. "São todas pessoas bem-humoradas e naturais", diz, acrescentando que a admiração por essas pessoas se explicaria pelo fato de que sua maior definição é ser animada.
Longe do Jornalismo
A filha mais nova do comerciante Nei Antônio e da aposentada Irma tem diversas lembranças da infância. Ela conta que as recordações sempre remetem às coisas mais simples, como brincar de bonecas no quarto ou dançar em cima do sofá da sala, episódio que lhe rendeu um braço quebrado quando ainda era criança. Regina se considera perseverante e muito agitada, até mesmo nos momentos de folga. Apesar de gostar do sossego do lar, quando está em casa não para de pensar no que tem que fazer ou resolver na rua.
Entre os hobbies preferidos, está o de passear com seus cachorros que, confessa, são suas grandes paixões. Os três shith-tzu são sua maior companhia, uma vez que não é casada e não tem filhos. "Dizem que a média é dois filhos por pessoa e minha irmã teve quatro. Supriu minha carência", brinca. A decisão de não formar uma família foi natural. Sem demonstrar arrependimento, ela confessa que nunca se enxergou como mãe e que, devido aos compromissos profissionais, não encontrou tempo para pensar no assunto.
Mesmo longe das câmeras, TV é outro dos seus passatempos preferidos. Com um aparelho em cada cômodo da casa, assistir a filmes e séries faz parte do seu dia a dia. Costume que a fez perder o hábito de ir ao cinema, trocando o movimento dos shoppings pelo conforto do sofá ou da cama. E quando o assunto é o que assistir, a resposta está na ponta da língua: suspense. Seja em série, filme ou livro, o gênero está entre os preferidos, sendo, de vez em quando, mesclado com policial e drama.
Regina torce para o Grêmio, mas confessa que não é fã de futebol. Para ouvir, diz que prefere as músicas "do seu tempo", das décadas de 80 e 90, e que, se tivesse que eleger alguma banda atual, não saberia dizer. Em matéria de gastronomia, também é enfática: adora arroz. Risoto de camarão, sushi e escondidinho de batata-doce estão entre os pratos prediletos. Além de ser boa de garfo, é boa no comando do fogão, segundo ela mesma: "Gosto de cozinhar, mas sou prática. Não gosto quando a comida demora muito para ser preparada", revela, destacando, em seguida, que cozinhar entre amigos lhe agrada demais. Atualmente, além de todos os programas caseiros, ir para a praia, caminhar e tomar sol também a animam bastante.
Batizada na Igreja Católica, diz que não descrê das outras religiões e confessa que acredita ter um anjo da guarda forte. Na saúde não se "cuida nem descuida". Desde a época do colégio praticava esportes e hoje optou por mesclar academia com pilates, apesar da preguiça às vezes tomar conta. "Se o personal não vem na minha casa, eu não saio para me exercitar". Confessa também que é tranquila quanto ao cuidado com o corpo. Se alimenta de forma saudável, mas não abre mão de uma pizza ou um churrasco no final de semana.
Relacionamento com a câmera
Sua trajetória foi traçada de forma natural. Ainda estudante, Regina chamou a atenção de um colega quando apresentou um telejornal na Famecos, onde se graduou em 1989. Seu primeiro trabalho foi no SBT-RS, onde permaneceu por um ano e meio. E não parou mais. Na RBSTV, onde passou praticamente todo o período da sua carreira, começou como freelancer - palavra designada a pessoas que trabalham sem contrato fixo. Sempre na área do entretenimento, a jornalista atuou em programas como Vida Ativa, Teledomingo, Jornal do Almoço e na TVCOM, escreveu para a revista do Diário Gaúcho, passou pela Rádio Cidade, onde ficou por 13 anos, além da extinta Gaúcha FM.
Para ela, as oportunidades apareceram rapidamente e ela aceitou a maioria dos desafios propostos, e cada coisa teve o seu momento. "Eu nunca vi dificuldade no trabalho. Eu fazia as coisas e depois via se dava certo", conta, e complementa que trabalhar nunca foi um sacrifício, e sim, diversão. Com tanta bagagem assim, fica difícil eleger momentos marcantes, mas, emocionada, ela fala do carinho que recebe dos fãs. "Nunca pensei que fosse ter um público tão fiel", diz, e acrescenta que isso foi consequência do trabalho, pois confessa que sempre fez as coisas por ela mesma. Entre tantos episódios memoráveis, a apresentadora conta que a fã Camila, de 17 anos, tinha leucemia e morreu no ano passado. Após sua morte, o pai da menina escreveu para Regina para contar que encontrou nas coisas dela mensagens da jornalista incentivando-a a fazer tratamento, já que Camila não queria. "Ela seria jornalista por minha causa."
Sempre natural em frente às câmeras, ela defende que esta característica faz parte da sua personalidade. "Não tenho perfil de repórter robô. Sou a Regina Lima no jornalismo", se define, e agradece por ter tido seu perfil respeitado pelas empresas onde trabalhou, já que nunca ouviu um pedido para que mudasse a forma de atuar. Forma esta que lhe rendeu um elogio que jamais esqueceu: certa vez lhe contaram que a colega Rosane de Oliveira falou sobre ela em uma palestra, dizendo que era tímida e "não igual à Regina Lima que, em frente às câmeras, parecia estar tomando água na sala de casa".
2015: Um ano diferente
Após sua longa trajetória na RBSTV, Regina está passando, atualmente, por uma fase de mudanças. Depois de firmar parceria com o amigo Adriano Cescani, a jornalista assinou contrato com o Grupo Bandeirantes de Comunicação do Rio Grande do Sul. Na nova casa profissional, a comunicadora comandará um programa próprio de entretenimento, no qual abordará temas voltados ao universo feminino. E este é o momento de maior satisfação na carreira. "Estar com um projeto próprio é uma realização. Se vai dar certo, não sei, mas é uma satisfação enorme poder dizer que vou fazer um programa só meu". À informação, Regina acrescenta que nunca almejou um cargo de chefia, pois acredita que não conseguiria pensar mais na empresa do que no funcionário.
A jornalista também deu início à produção de um livro sobre pet, projeto interrompido devido a outros compromissos. Na obra, Regina pretende falar sobre a relação com os animais, mais precisamente sobre cachorros. Criar uma marca própria de joia e semijoia também está nos planos, e diz que não tem medo do futuro. "Envelhecer é natural". Para ela, tudo é uma questão de etapa e que o novo é sempre bem-vindo.
Regina é assim, prefere viver o presente e não pensa muito adiante. Já seu lema é "ter humildade" e acredita que esta é a melhor qualidade que uma pessoa pode ter. "Quando tu achas que é importante, tu vais cair, e teu tombo vai ser muito grande." Está alerta, inclusive, para a possibilidade de ter de abandonar o jornalismo, e não hesita em dizer que os ciclos terminam e novas oportunidades surgem. "Não tenho a ambição de ir até o fim com isso. Só fico se estiver bacana para os dois lados, para mim e para o público."

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