Protarget: Família e marca
Com 37 anos de mercado, a agência é conhecida pelo trabalho intensificado com Branding
Sediada em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, há 37 anos, a Protarget tem na essência a vontade de colaborar intensivamente na construção de reconhecimento de seus clientes. Com jingles, a empresa já deu asas para marcas como Ortopé e Via Marte. Atualmente, sob o comando da matriarca Maria Helena Piagetti Müller, diretora-geral, a agência se prepara para uma sucessão familiar. Aos poucos, Ricardo Piagetti Müller e Annie Piagetti Müller, diretor de Criação e diretora de Relacionamento e Estratégias, respectivamente, se familiarizam com a vontade da mãe de vê-los à frente do negócio.
Maria Helena acredita que o DNA da Protarget, que conta com 41 membros na equipe, é crescer junto com as marcas. Ela menciona com carinho que a Pegada é cliente da agência há 20 anos e que a ascensão de ambas, assim como das demais contas da carteira, sempre se deu em conjunto. A publicitária defende que a empresa não apenas desenvolve campanhas, mas que tem a preferência de auxiliar na construção da identidade dos que procuram o trabalho da mesma. "Não sei fazer propaganda, sei construir marcas que tenham futuro", resume. No pacote estão os serviços de Branding - gestão de marcas -, que inclusive é a palavra que compõe o nome da agência.
Nada sem Nena
A Protarget, apelidada por Pro pela equipe, tem como alma a dedicação de Maria Helena, ou Nena, como é chamada por todos. Ela anda pela produção com o celular na mão, não com a intenção de supervisionar, mas com o intuito de ser apoio para qualquer que seja a demanda. Tida como uma escola, ela é rígida nas opiniões e, segundo Annie, nem todo mundo aguenta a exigência de sua mãe. "Eu amo o que faço. Preciso de pessoas aqui que tenham tanta garra e paixão quanto eu", justifica a matriarca.
Sempre com expectativas altas quanto aos trabalhos desenvolvidos, Maria Helena pretende continuar na ativa por muito tempo, isso porque crê que pode incentivar os mais jovens a entender que é preciso se envolver com os afazeres, não apenas profissionalmente, mas pessoalmente também. "Eu vou nos aniversários de clientes, convido eles para os meus", exemplifica. Conforme ela, é essa relação estreita que garantiu a estabilidade do negócio. "Entendo que são minha família. Apesar do financeiro estar envolvido, nunca trabalhei na vida, é tudo um prazer", conta, esclarecendo que é essa a visão que quer que todos tenham.
Avó de três crianças - o filho caçula de Annie nasceu há poucos meses -, é uma 'mamma' - isso porque tem origem italiana - com todos. Fora os momentos em que percorre a agência, ela também mantém a porta de sua sala aberta e o olhar atento às dificuldades que aparecem na execução das atividades.
Transparência na operação
Dividida em três núcleos de trabalho - varejo, institucional e moda -, a Protarget organiza seu trabalho reunindo profissionais com identificação voltada para cada área de atuação. Os squads, formados por dois diretores de arte, dois redatores-social media, um atendimento e um finalizador, são responsáveis por até seis contas. "Agrupados dessa forma, nós temos uma visão do todo. Sabemos o que está sendo feito por cada membro e temos ideia do próximo passo", explica Ricardo, diretor de Criação.
Aliado a isso, o disparo de e-mails únicos permite que todos os envolvidos em determinado trabalho tomem conhecimento do que está sendo desenvolvido, o que causa a integração da equipe em todo o processo, desde o atendimento até a criação. Além disso, reuniões informais, como chamam dentro da empresa as conversas a respeito de pautas pontuais, são promovidas com vistas a esquematizar o dia a dia dos materiais destinados às redes sociais.
Uma dos primeiros materiais apresentados durante a entrevista foi um catálogo: 'Inverno 2020'. A amostra foi criada a quatro mãos - conta e agência - e estava pronta desde o segundo semestre de 2019. Isso acontece, especificamente, quando o perfil do cliente exige. O que será moda é identificado com muita pesquisa, com olhos, principalmente, no continente europeu, que passa pela estação do ano contrária à do Brasil - quando é verão lá, aqui é inverno; quando inverno lá, aqui verão -, e cuidado com aquilo que é tido como mais precioso pelos dirigentes: a confiança das marcas.
Quem faz parte
Há uma figura que organiza, demanda e serve como elo entre atendimento e criação dos grupos de trabalho. Sinara Vargas é a coordenadora de Pauta. A mãezona, como é citada, domina e distribui as atividades para os três núcleos, ela é a "cabeça" do processo interno. "Muitas vezes são 300 tarefas, mas ela trata tudo de forma leve", reconhece Ricardo, que entende essa forma de trabalho como sendo o que faz a diferença na rotina do empreendimento.
Outro personagem a ser destacado é Martini Mateus, que está na Protarget há sete anos. Ele iniciou como estagiário, trabalhando com Arte-final. Atualmente, é diretor de Arte e conta que foi aos poucos que ele conquistou a confiança dos gestores. "Comecei pegando artes pequenas, foi aí que puderam perceber minha capacidade", garante. Martini analisa que ter permanecido na agência é prazeroso, porque, além de ter o sentimento de ser parte de uma família, já conhece todos os clientes e suas especificidades. "A proximidade com a diretoria e a evolução constante da empresa é, nitidamente, o diferencial", afirma. Apesar de já ter recebido outras propostas, ele entende que o carinho que tem pela equipe faz com que ele seja transparente na intenção de permanecer junto. "Sempre me resolvi por aqui. A ideia é seguir em frente", aponta.
Álbum de família
Desde muito jovem, Ricardo recorda ter percebido o crescimento da empresa, que nos anos 1990 funcionava em uma casa. Ele almoçava lá e acabava por passar o dia, sempre muito curioso com o trabalho da equipe de criação. Durante e após a formação, o publicitário teve passagens por outras agências dentro e fora do país, para aprofundar-se no que entendia ser sua área predileta. Foram cinco anos, até que ele decidiu assumir aos poucos as rotinas da Protarget.
Diferentemente do irmão, Annie passou por experiência em indústria e veículo de Comunicação, para ter uma visão "360" da área escolhida. Tendo chegado à Protarget com 20 anos, ela permanece na empresa há 12 e a única coisa que pensa ter faltado é a experiência em outra agência. A profissional percebe que ter crescido no meio de produções de campanha e ter participado até de encontro com clientes, quando ainda era criança, a influenciou na escolha da profissão. "Parece que é embriaguez, sabe? Respirar o ar da publicidade", compara. Apesar disso, assegura que o caminho era natural, porque seu perfil e personalidade sempre indicaram a vocação.
A sucessão é considerada por Annie como algo natural. "Quase um fluxo automático", define. Segundo acredita, a oportunidade de ela e Ricardo terem tido essa convivência com a publicidade desde que nasceram, praticamente, é o que fez com que se apaixonassem, tanto quanto percebe que a mãe ama o que fez. "Ver a Nena se dedicando foi e será sempre inspirador", salienta. A publicitária é categórica ao afirmar que é preciso, assim como honrar a história da agência até aqui, prezar pela trajetória que está sendo construída por ela e pelo irmão.
Para a matriarca, Maria Helena, a sucessão é importante para que a Protarget se mantenha viva. Conforme ela, é importante que não seja de um dia para o outro, porque é preciso que a missão e os valores sejam compreendidos e levados adiante, para que nunca se perca a imagem construída durante os anos de história. A publicitária conta que se preocupou quando os filhos contaram a ela que seguiriam a sua profissão. "Sempre deixei claro que nada é mil maravilhas. É preciso trabalhar muito", alerta. Sobre as características de Annie e Ricardo, a mãe reconhece que os diferenciais são o texto impecável e a veia criativa, respectivamente.