Quando se vê, já terminou o ano

Não sei se todos vocês já perceberam, mas a metade de 2016 já passou. Adeus janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho. Os seis …

Não sei se todos vocês já perceberam, mas a metade de 2016 já passou. Adeus janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho. Os seis primeiros meses deste ano voaram. O semestre se encerrou. Os dias e noites destes meses ganharam pó de pirlimpimpim e num passe de mágica seus acontecimentos foram para o brejo. Entramos no sétimo mês de um ano bissexto. Isso significa que ele tem 366 dias, exatamente um dia a mais do que os anos comuns. Ufa, que alívio. Fico mais descansada. Porque é preciso correr muito para fazer tudo que ainda não foi feito neste primeiro semestre e ganhei um dia de lambuja.
Já que julho se destaca agora no nosso calendário, tenho urgência de viver. O sétimo mês de 2016 batendo na porta indica que é necessário acelerar os planejamentos. Talvez, pelo adiantado do tempo, rever algumas tarefas e reavaliar. Priorizar os procedimentos e elencar as emergências. Estou com uma pressa danada. Como o coelho da Alice no País das Maravilhas porque é tarde, tarde, é tarde que arde, ai meu Deus, alô Deus, é tarde, tarde.
Aquela promessa feita no entusiasmo da virada do ano, não pode mais ser adiada. Aquela intenção de começar um exercício físico mais pesado, não pode mais ser postergada. Aquele projeto de adotar um estilo de vida mais saudável, não pode mais ficar escondido na gaveta. Aquele plano de ajustar, finalmente, as suas contas, não pode mais ser transferido. Aquele propósito de reunir os amigos de várias etapas da sua vida e promover encontros para matar a saudade, não pode mais ser protelado. Aquela vontade de espalhar carinhos juntos aos familiares e amar muito, como senão houvesse o amanhã, não pode mais ser temporizada.
Restam menos de seis meses para amar, afagar, acarinhar, exercer em doses mais generosas a solidariedade, perdoar as pequenas falhas de todos, entender e aceitar os defeitos insignificantes dos que me rodeiam, destacar as qualidades dos que estão no meu entorno. Tenho pouco tempo em 2016 para estudar mais, ler mais, planejar melhor, ser mais paciente, menos exigente com os outros e mais pacífica com as imperfeições humanas.
Como sabiamente escreveu nosso Mario Quintana no poema intitulado "O Tempo", no qual ele discorre sobre a efemeridade do cotidiano e diz que a vida é o dever que trazemos para fazer em casa. "Quando se vê, já são seis horas, quando se vê já é sexta-feira, quando se vê já é Natal, quando se vê já terminou o ano, quando se vê já perdemos o amor da nossa vida, quando se vê passaram 50 anos, agora é tarde demais para ser reprovado".

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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