Cinco perguntas para Ricardo Lacerda

Jornalista é sócio-fundador da República

Ricardo Lacerda está há 12 anos na República - Crédito: Arquivo pessoal

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Nasci em Caxias do Sul, mas morei a vida toda em Porto Alegre. Fiz Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e pós-graduação na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Tive poucas e longas experiências profissionais. Primeiro, como estagiário, funcionário e sócio de uma pequena editora chamada Sinal Comunicações, em que produzia o Jornal Portos & Comércio Exterior e organizava uma feira de transportes e logística, a Expocargo, em Novo Hamburgo. Fiquei cinco bons anos na Sinal. Dali, fui para o Grupo Amanhã, que é uma baita escola de jornalismo e da arte de fazer revistas. Depois de três anos como repórter na Amanhã, tive a oportunidade de editar e coordenar o projeto da revista Aplauso, outro aprendizado muito bacana. Até que no começo de 2012, ao lado do Andreas Müller e do José Francisco Botelho, criamos a República. Os primeiros clientes foram justamente a Aplauso e a Amanhã. Logo na sequência, vieram as revistas da editora Abril - sobretudo a Superinteressante e a Aventuras na História - e clientes corporativos como Tramontina e Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB/RS). Em pouco tempo, a República se consolidou como uma casa de texto, especializada em entregas que vão desde reportagens, ebooks e infográficos até projetos editoriais completos, como revistas, livros e portais de conteúdo. Amealhamos alguns prêmios importantes do Jornalismo nacional por diferentes clientes. Entre eles, Associação Brasileira de Franchising (ABF), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Conselho Regional de Economia da 4ª Região (Corecon-RS), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e SAE-Mercedes. Nada disso seria possível sem o esmero e a entrega de jornalistas extremamente qualificados, como o Leonardo Pujol e o Emanuel Neves, que desde 2018 compõem a sociedade ao meu lado. 

2 - Por que optou pela Comunicação?

Quando criança e adolescente, nunca fui o melhor aluno. Mas sempre gostei de estar ligado ao que acontece no mundo. Ouvia rádio, lia jornais e revistas, assistia ao "noticioso". Gostava de escrever, também. Poesia, reflexões etc. Nos primórdios da internet, pesquisava e lia muito sobre cinema, música e coisas aleatórias, fugindo um pouco do mainstream. Aliado a isso, sempre fui comunicativo, despachado, extrovertido. Então a Comunicação se tornou algo natural como escolha de carreira. 

3 - Em 2023, a República mudou de endereço após 11 anos no mesmo escritório. Quais mudanças foram percebidas no ambiente da empresa após essa troca?

Passamos por três salas em um mesmo endereço, no centro de Porto Alegre, entre 2012 e 2023. A começar por uma salinha de 12 metros quadrados até montarmos um escritório com 50 metros quadrados novinho, do jeito que queríamos. O curioso é que a reforma ficou pronta em março de 2020, exatamente quando a pandemia estourou. Optamos por manter a sede própria e o formato híbrido de trabalho, pois ter uma base sempre foi importante para o senso de pertencimento do time, para as trocas entre os colegas. Até que a pandemia acabou e tivemos certeza de que não era mais necessário voltar ao 100% presencial. O Instituto Caldeira, sem dúvida, acabou sendo a melhor escolha. Mais do que manter o espírito de equipe, demos um up na autoestima de todos, que agora participam de um ecossistema pulsante de inovação, networking e negócios.

4 - A partir deste ano, a República é responsável pela publicação semestral da Revista PUCRS. Como está o andamento do projeto e quais as perspectivas para essa parceria com a universidade?

A Revista PUCRS é um daqueles projetos que nos orgulham demais. Primeiro, por se tratar do principal veículo de mídia proprietária da universidade. Em quase 200 edições, é a primeira vez que a PUCRS contrata um fornecedor externo para produzir, diagramar e editar a revista. Em março, concluímos a edição do primeiro semestre com uma revista robusta, de 80 páginas, com conteúdos aprofundados e design de vanguarda. Foi um processo tranquilo e com o apoio precioso da equipe de comunicação da universidade, liderada pela Fernanda Dreier. A aposta em uma revista vai ao encontro da ideia de que o impresso tem - e sempre terá - espaço no mercado. Agora, claro, é preciso pensá-lo sempre como um produto premium. 

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Em 12 anos de República, acompanhamos com proximidade o enxugamento das redações e do próprio fazer jornalístico. É verdade que surgiram veículos, mas não na velocidade e proporção em que muitos ficaram pelo caminho. Há uma inegável banalização da produção de conteúdo, catapultada pelas redes sociais e pela inteligência artificial. E isso é bom para os bons jornalistas. Quem tem senso crítico e competência para fazer curadoria nessa infinidade de informação, separando joio e trigo, terá boas oportunidades. Nesse sentido, posicionamos a República numa interseção que desmembra o acrônimo IA: em vez de nos referirmos apenas à inteligência artificial, reforçamos a importância da inteligência artesanal, um valor do qual jamais abrimos mão. Logo, em 2029, vislumbro jornalistas de qualidade sendo valorizados, utilizando "as duas IAs" a seu favor.

Comentários