Demissões na ESPM: questões econômicas provocam desligamentos de professores

Entre os nomes estão Antonio Rabàdan, Fernando Trein e Leandro Olegário

Universidade desligou professores no início do mês - Carlos Ferrari

No início deste mês, a Escola Superior de Propaganda e Marketing de Porto Alegre (ESPM-Sul) desligou alguns professores do quadro. Conforme apurado pela reportagem de Coletiva.net, foram cerca de nove docentes que pediram para sair ou foram demitidos em dezembro. Os afastamentos englobam profissionais dos cursos de Administração, Design, Jornalismo e Publicidade e Propaganda, entre eles Antonio Rabàdan, Fernando Trein e Leandro Olegário. Os dois últimos conversaram com o portal e afirmaram que a universidade teria apontado questões econômicas como justificativa.

Procurada pela reportagem, a Escola se manifestou por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, no qual explicou que a ação faz parte de uma renovação: "Ciente das transformações do Ensino Superior, a ESPM promove, periodicamente, atualizações em seus quadros e revisões em seus processos com o intuito de manter a excelência acadêmica que, há mais de 35 anos, é a principal marca da instituição no Rio Grande do Sul", registra o texto.

No Linkedin, Antonio Rabàdan, professor de Design, postou sobre a despedida, afirmando que encerrava um dos ciclos mais bonitos e desafiadores que viveu: "ajudar a construir profissionais de referência para o mercado de moda em uma das escolas de maior relevância no nosso País". O designer escreveu que cada momento valeu a pena. "Sigo em frente, pronto para as mais novas aventuras que o universo possa trazer, com o olhar atento no futuro e a alegria de quem sabe que a vida é movimento!", finalizou. A reportagem entrou em contato com Rabàdan, mas ele não retornou até o momento da publicação.

Saída após 17 anos

Após cerca de 17 anos, o professor Fernando Trein saiu em 6 de dezembro da ESPM. A trajetória começou em 9 de março de 2006, ao lecionar a qualificação Marketing Champion. Além de diferentes disciplinas de Marketing, ele coordenou a Empresa Jr ESPM, o Cintegra e, atualmente, comandava o Alumni ESPM - onde o estava envolvido com projeto de reestruturação - e participava do grupo de Embaixadores da Excelência da Escola.

Grato à instituição em que ele também se formou nas pós de Metodologias e Técnicas de Ensino e em Big Data e Inteligência de Marketing, no qual conquistou a láurea acadêmica, Trein disse que respeita a decisão. Para o docente, há um fenômeno maior que deveria ser mais estudado na Educação. "São questões econômicas, sociodemográficas e culturais que afetam tanto as instituições de ensino privadas, como as instituições públicas. Seria importante uma discussão mais ampla. Penso que essa reflexão se faz muito necessária."

O profissional não soube definir um momento em especial deste período, mas agradeceu aos colegas professores e administrativos e aos estudantes por o ajudarem a ir tão longe. "Todo esse apoio foi imprescindível para entender que era muito mais difícil ter dias ruins na ESPM, muito pelo contrário. As memórias desse período são bonitas e levo todas no meu coração."

Sobre o futuro, Fernando Trein diz que se sente com muita energia e motivação para uma nova trajetória. Com raízes na área esportiva, mais precisamente do futebol, ele adiantou que já conversou com algumas pessoas sobre projetos futuros e participou de um curso de férias da ESPM intitulado Sports Tech. Além disso, o professor vê a oportunidade de resgatar algumas ideias que ficaram presas nas demandas profissionais diárias, entre elas, algumas que não envolvem o futebol e nem a área de Educação. "Ou seja: estou organizando todas estas possibilidades e sempre disposto a trocar ideias e conversar", concluiu.

Fim de um ciclo

Depois de quatro anos, Leandro Olegário também deixou a ESPM-Sul, onde era supervisor acadêmico de Jornalismo desde o segundo semestre de 2019. Antes disso, tinha sido coordenador da agência experimental de Jornalismo (2019/2-2022/1) e supervisor acadêmico do curso  (2019/2-2022/2). Em sala de aula, lecionou as disciplinas: Texto Jornalístico, Produção em Jornalismo Audiovisual I, Estágio Supervisionado, Projeto de Graduação em Jornalismo II, na graduação, e Gestão do relacionamento com a mídia, na Pós-Graduação. Também foi orientador e avaliador de Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCCs) e de iniciação científica. 

Com algumas emoções em sala de aulas e nas premiações do curso, o também diretor do Departamento de Assuntos Universitários da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), elencou três momentos especiais: "a viagem acadêmica para São Paulo, quando visitamos empresas de Comunicação e conhecemos cases emblemáticos do setor, a cobertura do Festival de Cinema de Gramado e a conquista do grande 'Prêmio ARI Universitário' em 2020, que marcou o nosso protagonismo on-line durante a pandemia".

Com duas décadas de atuação no mercado, Olegário destacou que nunca parou de trabalhar e que agora não será diferente. Para tanto, lembrou que tem a experiência em gestão de pessoas e processos, transitando entre as áreas acadêmica e de Comunicação, com resultados de impacto. "Então, alinhado a esse propósito quero seguir compartilhando toda essa bagagem para fazer a diferença a empresas e futuros profissionais, além de manter atividade frente à diretoria da ARI."

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